terça-feira, agosto 19, 2003

A galinha da capoeira

Cheguei a casa já tarde. Não tinha acompanhado as notícias ao longo do dia e, por isso, liguei a televisão na SIC Notícias e sentei-me a ver o que de mais importante se tinha passado.
Depois de uma ou duas notícias fui surpreendido por uma qualquer agitação a que não dei muito apreço no início acerca de umas honras militares. Prestei atenção. Uma senhora com um ar visivelmente alterado gritava estridentemente no pequeno ecrã. Era já uma gravação de uma intervenção anterior. Prestei mais atenção.
A senhora não queria que o Senhor Ministro de Estado e da Defesa Nacional estivesse presente no funeral de um antigo militar português que cumprira serviço em Timor e que se juntara à UDT, sendo detido pela FRETILIN, torturado e, finalmente, executado por um pelotão de fusilamento daquela organização. Entendia a senhora que essa atitude do Senhor Ministro de Estado e da Defesa Nacional estava a reabrir feridas antigas que dividiriam a sociedade portuguesa.
Convidada a debater esta questão com o porta-voz do CSD/PP, a senhora declinou o convite.
Ora, algumas considerações entendi dever tecer.
Sinceramente, não me interessa nada se o Senhor Ministro de Estado e da Defesa Nacional estava presente no funeral ou não. Acho que existem coisas mais importantes, mesmo no campo da defesa, como a falta de meios para os militares desempenharem cabalmente a sua missão ou a falta de direcção política na defesa, por manifesta incapacidade do Senhor Ministro de Estado e da Defesa Nacional.
Mas gostaria de dizer que esta atitude do Senhor Ministro de Estado e da Defesa Nacional em nada divide os portugueses. Prestou honras a um oficial morto numa situação perigosa num difícil momento histórico em nome de um ideário que não pretendo aqui julgar. O que divide os portugueses são as alimárias que, esquecendo o seu passado truculento e numa atitude bacoca, vêm hoje levantar, aí sim, fantasmas que deveriam estar enterrados há muito. É que, se me não falha a memória, na altura em que o referido oficial era fusilado pela FRETILIN, a dita senhora militava activamente num partidelho que defendia e apoiava os responsáveis pelo fuzilamento.
AR

Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?