quarta-feira, maio 23, 2007

No país do faz de conta

O sr. Charrua chamou uns nomes a sua Excelência o Primeiro Ministro, o Bacharel Sócrates. Evidentemente, o Charrua foi alvo de um processo disciplinar. Do alto desta cátedra não posso deixar de aplaudir a decisão. Há que ter respeito pelos nossos maiores. Bachareis ou não.
Se não se põe ordem na casa, um dia destes a casa não tem governo. Imagine-se que eu, com total desfaçatez, desato daqui a chamar nomes ao Bacharel Sócrates? Onde é que isto ía parar? Então admitia-se que me desse na gana chamar-lhe, por exemplo, mentiroso e aldrabão? Ou panasca? Sim, então e se eu agora daqui lhe chamasse panasca? Ou larilas? Ou rabeta? Ou abafa palhinhas? Então isto admitia-se? Então seria de bom tom eu pegar na frase de Jorge Coelho há uns anos, que disse 'Quem se mete com o PS, leva' e disse-se 'Ai leva, leva. Que o diga o Bacharel, que leva por detrás!'. É evidente que uma coisa destas estaria muito errada e eu nunca me atreveria a fazê-lo. Que eu cá não alinho neste hábito português do insulto fácil. De resto, não alinho sequer no hábito dos insultos, sejam eles fáceis ou difíceis.
Que cada um tem direito ao seu bom nome, ainda que muitos dissessem: mesmo que seja um larilas da pior estirpe.
Nah. Comigo não contem para isso.
AR

Divagações XCII

Do meu amigo Tangofolk. Com a devida vénia

SONDAGEM DIÁRIA DO SAPO E A DE HOJE É :

«Comentário à licenciatura de Sócrates pode ter motivado a suspensão de funcionário da DREN»
Concordo com a decisão: 217 (13%)
Ridículo: 1403 (87%)

COMENTÁRIO - se em 1600 que responderam a este inquérito existem 217 estúpidos e tomando como base estes números, em 5 milhões de eleitores existirão 678125 estúpidos. Tendo em conta que o eleitorado flutuante (PS/PSD) que decide as eleições está calculado em cerca de 400000 eleitores, podemos concluir que o PS ganhou a maioria eleitoral à conta dos votos dos estúpidos.

É triste um País ser governado por estúpidos, não é !!!

quinta-feira, maio 17, 2007

se perguntarei por mim, estarei aqui



Obrigado a todos que me aturaram estes quatro anos (com intervalos mais ou menos longos).
LR

Vã Glória

Francisco Moita Flores anda de candeias às avessas com a Secretária de Estado da Reabilitação por questões de protocolo. Transcrevo na íntegra a carta enviada pelo autarca de Santarém à senhora Secretária de Estado.

Exmª Senhora
Secretária de Estado da Reabilitação
D.Idália Moniz

Depois do nosso encontro em Amiais de Baixo, no passado dia 16, e do sibilino conselho que V.Exª me murmurou na hora da despedida, acorri apressado, num misto de ansiedade e desvanecimento, à procura da Lei do Protocolo de Estado. Não era caso para menos. Eu ousara declarar que, por gentileza, deixava V.Exª fechar a sessão em que nos encontrávamos e era óbvio o meu gesto cavalheiro pois pertencia ao Presidente da Câmara Municipal de Santarém. Mas depois do discreto e merecido raspanete, reconheço que saí de Amiais com o coração em sobressalto, coração apertado de penitências, voz embargada de vergonha pois, mais uma vez, este ‘Presidente atípico’ como V.Exª certeiramente me catalogou depois de uma das minhas ‘gaffes’ à entrada, teria terminado em glória com mais ‘atipicidade’ à saída.

Sobravam-me quilómetros até ao canto onde arrumo, com cautela de santuário, as leis do Estado. Era grande a aflição, confesso, e saltei sobre a invocada, bem impressa no nosso ilustradíssimo Diário da República e li. Ou melhor, reli pois que fizera em tão precioso documento uma lavadela de olhos logo quando fora publicada.

Soaram-me sinos nos sentidos. A nossa bem amada Lei nº 40/2006 de 25 de Agosto mostrava, num formalíssimo e severíssimo protocolo who is who a galeria social do Estado. E lá estava, logo a abrir a primeira decepção. Os nossos tão aplaudidos Secretários de Estado remetidos para uma ignóbil 20ª posição e os Presidentes de Câmara atirados confortavelmente para o 41º lugar da tabela de classificação por pontos. E digo confortavelmente, pois é posição que permite a autarca menos escrupuloso com as formalidades do Estado, sair discretamente durante uma cerimónia enfadonha e ir até ao jardim fumar o seu cigarrito e tornar a entrar para o seu discreto 41º lugar sem que alguém dê pela sua falta.

Ora dizia eu que reli a lei e a minha alma exultou. Não me espalhara outra vez. V.Exª sabe, muitos dos meus amigos chamam-me a atenção, e com razão, para o facto de eu entender o Protocolo de Estado como um problema de sapato e de verniz. E se me aplaudem por dar muita importância ao sapato, não deixam de reparar que me preocupo pouco com o verniz. Reconheço que sou filho de más leituras. A severidade de Camilo ou de Eça para o excesso de verniz da classe política, pouco preocupada com o feitio do sapato, foi herança que me desnorteou os cromossomas e bem me penitencio de tanta distracção. Mas enfim! Agora que reli fico com a consoladora certeza que, por esta vez, em terras de Amiais de Baixo, este vosso humilde servo foi, não só gentil, mas respeitador da Lei do Verniz. É que existe um maçador artº 31, nº 1, que coloca, no seu município, o presidente da câmara numa posição que diria, tonitruante. Preside a tudo, Santo Deus! E só lhe ganha a palma Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro Ministro e, se for fora dos Paços do Concelho, qualquer ministro. Nem uma palavra para Secretários de Estado! Nem um mero afago, um simples carinho. Nada!

Se cominarmos esse antipático artº 31 com o pretensioso artº 33 , então Secretário de Estado tem lugar depois dos nossos bons Presidentes de Junta tomarem assento. Uma injustiça, afirmo eu. Um verdadeiro agravo à brilhante sonoridade que justamente submete quem ouve o título de Secretário de Estado. Não fosse V.Exª uma brilhante Secretária de Estado e não desistiria de a exortar a mobilizar os seus colegas de titulatura para greve reivindicativa contra si própria, ou melhor dizendo, contra o seu inestimável governo.

Não posso dissertar mais sobre esta matéria porque uma outra inquietação me assalta. A minha primeira leitura, e a recente leitura, da Lei do Verniz associada ao discreto raspanete que V.Exª me pregou, com elegância é certo, me conduz a uma terrível descoberta: V.Exª não conhece as leis produzidas pela Assembleia da República que a elegeu! Que fez de V.Exª competente Secretária de Estado! Que deu a V.Exª o rápido brilho que tantos camaradas seus procuram em vão há tanto tempo!

Já se percebeu, com certeza que V.Exª percebeu, que sendo o actual Presidente de Câmara Municipal de Santarém, pessoa pouco dada a essas sublimidades mundanas que não vou fazer do meu obscuro, mas rigoroso, conhecimento da Lei do Verniz uma bandeira de luta pelo bem do nosso concelho. Nem tão pouco essa Lei resolverá o buraco financeiro que o executivo camarário, que teve a honrosa presença de V.Exª, deixou aos vindouros como herança. E para continuar a ser elegante, afasto como se afasta Belzebu, a flatulenta ideia de enviar a um Secretário de Estado cópia da Lei do seu mandato só pelo reles motivo de a desconhecer.

Eu até acho bem que os Secretários de Estado desconheçam as leis que produzem os seus governos e parlamentos. Deixa-lhes o espírito mais livre para as grandiosas tarefas que quotidianamente carregam sobre os ombros, nomeadamente para algum verniz nos gestos e actos.. E V. Exª com uma Secretaria de Estado tão difícil, que obriga a produção de sapato em abundância faz bem em deixar a minudência do verniz para um pobre autarca.

Por esta mesma razão, venho informar V.Exª que a partir de agora vou encarregar-me dessa vulgaridade que os meus amigos me censuram de desleixar. Produza V.Exª os sapatos que do verniz tratarei com gosto e prazer em servi-la.

Confesso que é sacrifício. Sacrifício pessoal, entenda-se. Prefiro mil vezes ver um Secretário de Estado a adornar uma bela mesa, enfeitada de apoiantes e profissionais da política, com um apontamento de flores no centro, uns quantos pacotes de manteiga, mais alguns salgados a condizer, e gravatas distintas, soberbas, do que ser forçado a impor o meu rebelde temperamento a tão augustas personagens, incluindo o pacote de manteiga. Mas se nada valho entre estrelas, querubins e safiras, tenho certeza certa que o Presidente da Câmara Municipal de Santarém, cidade e concelho de prestígio, vai definitivamente ocupar o lugar a que tem direito, por respeito ao augusto Governo de V.Exª e informar os Presidentes de Junta das suas responsabilidades formais. Com grande desgosto meu. Mas seguramente aliviando V.Exª do pesado fardo dos protocolos que desconhece mas com bom proveito para o nobre ofício de secretariar o Estado.

Creia-me com amizade bem disposta e consideração alegre

Com os melhores cumprimentos

O Cidadão
(Francisco Moita Flores)

O Sá

O Sá anda há anos por aí. O seu rasto está pejado de idiotices e canalhices. O Sá é, evidentemente, o Fernandes. O do Túnel do Marquês, do Parque Mayer, da Feira Popular. Em boa verdade, e tirando o Túnel do Marquês, os outros assuntos não estão ainda resolvidos por causa dele.
Devemos-lhe tirar a cartola. Como é que um homem sozinho consegue trazer tanto prejuízo a uma cidade tão grande? Eu sei que a escola dele, a da Extrema Esquerda em que assenta o BE, é uma escola com tradição. É a enxovia em que assentam os ressabiados da revolução, os que nunca aceitaram a Democracia e a Liberdade, os que protestam na rua, como em França, contra os eleitos pela maioria, os que se acantonam e agarram a todas as oportunidades para impedir o progresso e o normal funcionamento das instituições. É dessa escola que bebe o Sá.
Quem acompanhou a vida de Lisboa nos últimos dois anos assistiu ao funcionamento em pleno da máquina trauliteira que é o Sá. Ele andava por todo o lado, aparecia em todo o lado, espécie de emplastro mediático com direito de antena. No fundo, o Sá é o Emplastro de Lisboa. Não tem os dentes podres mas só solta aleivosias. Não avança com uma proposta útil mas tenta bloquear todas as propostas que apareçam. Era vê-lo, saltitante, anunciando que o executivo camarário tinha caído ainda antes de acontecer. Parecia aquelas crianças que saltam de contentes quando recebem um brinquedo novo depois de terem arrasado com os nervos dos pais.
Mesmo em relação àquilo de positivo que se fez em ano e meio de mandato o Sá tentou colocar obstáculos. Por exemplo, no fim da precaridade dos vínculos de trabalho. A criação do Quadro de Direito Privado, que vai dar direitos e segurança aos quase 2000 trabalhadores com vínculo precário que a CML tem, contou com a oposição do Sá. Ele que tanto fala na televisão contra os vínculos precários foi o único vereador - repare-se bem, o único - que se opôs à proposta de acabar com esses vínculos. O Sá, que tanto protestou contra os tamanhos dos gabinetes, tinha 17 assessores. 17! Entre os quais uma senhora que faz uns biscates entre a Praça do Município e São Bento. O Sá, que no fim da obra exigiu que se assacassem responsabilidades pelo atraso, não disse a ninguém que o Túnel do Marquês, que ele seguramente já usou, se atrasou pelos embargos sucessivos que resultaram das acções que interpôs. O Sá é o responsável, único e directo, pelos milhões de euros que a obra custou a mais pelos atrasos que se verificaram.
O Sá é a versão mediática do Acácio Barreiros. Para quem se lembra, o Acácio Barreiros foi durante muitos anos o deputado da UDP na Assembleia da República, que era posto regularmente na rua porque não se sabia comportar, insultava tudo e todos, e procurava boicotar o trabalho do Parlamento. O Sá conseguiu mais. Foi, em grande parte, responsável pela queda de Carmona. É, conclui-se, um agitador do mais fino recorte. Herdeiro digno dos revolucinários franceses do século XVIII. Até certo ponto, é o nosso Robespierre com uma guilhotina diferente.
Mas eu tenho um sonho. É que o Sá, o Fernandes, acabe na guilhotina do escrutínio público.
AR

Esclarecimento

Carmona Rodrigues não foi, seguramente, o melhor presidente de câmara que Lisboa teve. Nem é inocente no embróglio em que a cidade está metida. O que não faz dele, evidentemente, o mau da fita disto tudo. Tenho para mim que o seu maior erro foi, no entanto, rodear-se de gente muito pouco recomendável. E não me refiro aos vereadores que suspenderam o mandato. Refiro-me àqueles que as pessoas na rua não conhecem e de quem nunca ouviram falar. Refiro-me a uma clique de acessores que, de facto, exerceram uma parte do poder que lhe cabia a ele ter exercido. Uns porque são amigos dele, outros porque foram contas políticas que teve que pagar.
O apoio à sua candidatura prende-se apenas com o símbolo que ele pode, se quiser, representar: o de que os independentes, aqueles que não se revêem na mixórdia da vida partidária, podem fazer política.
AR

terça-feira, maio 08, 2007

Amores e desencontros na política à portuguesa

Enviado pelo meu amigo Tangofolk. A edição é nossa.

António José Morais é primo em primeiro grau da Drª Edite Estrela. É um transmontano tal como a prima que também é uma grande amiga do Eng. Sócrates . Também é amigo de outro transmontano, também licenciado pela INDEPENDENTE o DR. Armando Vara , antigo caixa da Caixa Geral de Depósitos e actualmente Administrador da Caixa Geral de Depósitos, grande amigo do Eng. Sócrates e da Drª Edite Estrela.

O Eng. Morais trabalhou no prestigiado LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), só que devido ao seu elevado empreendedorismo canalizava trabalhos destinados ao LNEC para uma empresa em que era parte interessada. Um dia foi convidado a sair pela infeliz conduta .

Trabalhou para outras empresas entre as quais a HIDROPROJECTO e pelas mesmas razões foi convidado a sair.

Nessa sua fase de consultor de reconhecido mérito trabalhou para a Câmara Municipal da Covilhã aonde vendeu serviços requisitados pelo técnico Eng. Sócrates. Daí nasceu uma amizade. Foi dessa amizade entre o Eng. da Covilhã e o Eng. Consultor que se dá a apresentação do Eng. Sócrates à Drª Edite Estrela, proeminente deputada e dirigente do Partido Socialista. E assim começou a fulgurante ascenção do Eng. Sócrates no Partido Socialista de Lisboa, apadrinhado pela famosa Edite Estrela, ainda hoje um vulto extremamente influente no núcleo duro do líder socialista.

À ambição legitima do politico Sócrates era importante acrescentar a licenciatura. Assim o Eng. Morais, já professor do prestigiado ISEL ( Instituto Superior de Engenharia de Lisboa ) passou a contar naquela Universidade com um prestigiado aluno – José Sócrates Pinto de Sousa, bacharel .

O Eng. Morais, demasiado envolvido noutros projectos, faltava amiudes vezes ás aulas e naturalmente foi convidado a sair daquela docência.

Homem de grande espirito de iniciativa, rápidamente se colocou na Universidade Independente. Aí o seu amigo bacharel José Sócrates, imensamente absorvido na política e na governação seguiu–o “ porque era a escola mais perto do ISEL que encontrou “.

E assim se licenciou, tendo como professor da maioria das cadeiras (logo quatro) o desconhecido mas exigente Eng. Morais. E, ultrapassando todas as dificuldades, conseguindo ser ao mesmo tempo Secretário de Estado e trabalhador estudante licenciou–se e passou a ser Engenheiro, à revelia da maçadora Ordem dos Engenheiros, que segundo consta é quem diz quem é Engenheiro ou não.
Eis que licenciado o governante há que retribuir o esforço do HIPER MEGA PROFESSOR, que com o sacrificio do seu próprio descanso deve ter dado aulas e orientado o aluno a horas fora de normal, já que a ocupação de Secretário de Estado é normalmente absorvente .

E ASSIM FOI:

O amigo Vara, também secretário da Administração Interna coloca o Eng. Morais como Director Geral no GEPI , um organismo daquele Ministério. O Eng. Morais, um homem cheio de iniciativa, teve que ser demitido devido a adjudicações de obras não muito consonantes com a lei e outras trapalhadas na Fundação de Prevenção e Segurança fundada pelo Secretário de Estado Vara
(lembram- se que foi por causa dessa famigerada Fundação que o Eng. Guterres foi obrigado a demitir o já ministro Vara - pressões do Presidente Sampaio - o que levou ao corte de relações do Dr. Vara com o Dr. Sampaio – consta–se até que o Dr. Vara nutre pelo ex Presidente um ódio de estimação).

O Eng. Guterres farto que estava do Partido Socialista aproveitou a derrota nas autárquicas e deu uma bofetada de luva branca no Partido Socialista e mandou–os a todos para o desemprego.

Seguiram–se os Dr. Durão Barroso e Dr. Santana Lopes que não se distinguem em práticamente nada de positivo e assim voltou o Partido Socialista comandado pelo Eng. Sócrates E GANHOU AS ELEIÇÕES COM MAIORIA ABSOLUTA. Eis que, amigo do seu amigo é, e vamos dar mais uma oportunidade ao Morais, que o tipo não é para brincadeiras. E o Eng. Morais é nomeado Presidente do Instituto de Gestão Financeira do Ministério da Justiça .

O Eng. Morais, homem sensível e de coração grande, tomba de amores por uma cidadã brasileira que era empregada num restaurante no Centro Comercial Colombo. E como a paixão obnibula a mente e trai a razão nomeia-a Directora de Logística dum organismo por ele tutelado a ganhar 1600 € por mês. Claro que ia dar chatice, porque as habilitações literárias (outra vez as malfadadas habilitações da pequena começaram a ser questionadas pelo pessoal que por lá circulava. Daí a ser publicado no “ 24 HORAS” foi um ápice. E assim lá foi o apaixonado Eng. Morais despedido outra vez.


sexta-feira, maio 04, 2007

Toma lá!

Carmona Rodrigues surpreendeu ontem tudo e todos ao anunciar que não se demitia. Acho que faz bem.
Independentemente do que de mau que se tem passado na gestão da autarquia, uma coisa é certa: Carmona não teve um segundo de descanso desde que ganhou as eleições. E a oposição principal veio do próprio partido. Nomeadamente de Paula Teixeira da Cruz, presidente da Assembleia Municipal e da Distrital de Lisboa do PSD.
A escolha de Carmona Rodrigues para liderar a lista do PSD não foi, como se sabe, pacífica. E, como ele próprio referiu ontem, o sistema político português não gosta de outsiders, estranhos às lógicas partidárias. Por isso o PSD tão esforçadamente tem tentado sabotar o trabalho do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Ontem, Carmona virou a mesa e confundiu a lógica partidária.
Em grande parte, Marques Mendes tem largas culpas no cartório. A decisão de seguir a linha de afastar os autarcas constituídos arguídos em vez dos efectivamente acusados deixa-o refém, principalmente, do PS, que manipula abertamente o sistema de justiça. De facto, a constituição de Carmona como arguido foi apenas o último passo numa espiral de cerco que foi subindo de tom conforme se via que Carmona ía resistindo. Começou em Gabriela Seara, passou a Fontão e terminou agora com ele. O PS e algum PSD, despudoradamente, usam todos os meios para se verem livres dele.
Mas a oposição na CML está, ainda, refém de um vereador: Sá Fernandes.
Para mim é um mistério como é que o BE tem tanta capacidade de manipular não apenas a comunicação social como de levar atrás os outros partidos.
Sá Fernandes exige agora responsabilidades pelo atraso na construção do túnel do Marquês. Parece-me bem. No entanto, as responsabilidades devem-lhe ser assacadas a ele, uma vez que foi ele quem usou de todos os meios ao seu alcance para impedir a realização da obra. Se a construção do túnel se atrasou a ele isso se fica a dever. Se o túnel ficou mais caro, pelos atrasos, a ele isso se deve. Gostava de ver essa responsabilidade assumida. Agora, que o túnel se está a demonstrar, tal como Carmona dizia, útil no escoamento do tráfego daquela zona da cidade, Sá Fernandes faz-se de virgem púdica e tenta virar o jogo. Desta vez não creio que venha a conseguir.
Mas a oposição na CML sofre ainda de uma triste falta de coragem. Ninguém quer ter o ónus da responsabilidade de derrubar o executivo. Porque não podemos esquecer que a oposição está em maioria no executivo. Bastava que todos renunciassem ao seu mandato para derrubar Carmona. Ao não o fazerem, só posso concluír por uma de duas hipóteses: ou são cobardes ou não querem, efectivamente, assumir o risco de, em eleições, ganharem a câmara e não conseguirem fazer melhor do que Carmona.
Mas de tudo isto surge uma possibilidade nova. Quem anda na rua sabe do apoio e simpatia que Carmona tem junto de uma grande camada de lisboetas. Se o executivo da CML vier a ser derrubado, estamos perante uma possibilidade única na história da política em Portugal: a criação de uma candidatura independente dos partidos com possibilidades ganhadoras, que se imponha às lógicas rasteiras da política ranhosa que hoje se pratica em Portugal e que permita um movimento cívico de verdadeira renovação.
Se Carmona quiser avançar para uma solução dessas, não sou só eu que estarei com ele. É também uma larga base de apoio de militantes social democratas que não se revêem na lógica intriguista de muitos dirigentes do PSD e de muitas pessoas desligadas de vínculos políticos para quem Portugal tem que ter mais futuro do que o que lhe é prometido pela clique política que o governa.
AR

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