sexta-feira, abril 30, 2004

Conan, o Homem Rã

Num raro momento de inspiração, o meu amigo LR dedicou-me e ao CC a obra "Conan, o Homem Rã", dos Irmãos Catita.
Tenho para mim que este, a par dos Ena Pá 2000, é o melhor grupo português de sempre, quer pelo virtuosismo das suas interpretações quer pela qualidade intrínseca das letras das canções e pela sua mensagem profunda e sempre actual.
"Conan, o Homem Rã" fala-nos das desventuras amorosas de um cidadão pacato, de seu nome Conan, e de como ele conseguiu transformar esse momento mau na base do seu sucesso, ao utilizar os atributos físicos da sua namorada indonésia, por sinal anã, como fonte de rendimento, o que lhe permitiu ultrapassar a crise e internacionalizar o negócio, que chegou inclusivamente ao Japão.
"Conan, o Homem Rã" representa o verdadeiro português de sucesso. É, sem dúvida, um exemplo a seguir.
AR

vira o disco e toca o mesmo

Muito interessante a velha discussão esquerda/direita do CC e do AR. A propósito, dedico-lhes esta.
LR

quinta-feira, abril 29, 2004

parafilias

Não sou muito entendido em parafilias. Aliás, nem de sexo (versão straight e tradicional) percebo grande coisa. Sou mesmo pouco entusiasta e ainda menos praticante. A repetição monótona dos mesmos gestos e movimentos, o esforço físico inerente à coisa, as secreções, a transpiração, o arfar incontrolado, os olhos semi-cerrados da parceira, os gemidos, os gritinhos - tudo isso me parece bastante aborrecido.
Claro que tenho que fingir que gosto, dizer piadas parvas sobre o assunto em conversas de amigos, disfarçar o tédio com as ideias pretensamente rebeldes sobre a triste vida sexual do meu interlocutor, e ocultar a surpresa de verificar que, verdadeiramente, ninguém se interessa sobre o assunto, embora poucos o saibam. Eu até me interesso, mas apenas sob o ponto de vida científico, da análise biológica, psicológica e sociológica da questão. Nada mais.
De facto, intriga-me a diversidade de modalidades em que se manifesta o desejo, a excitação sexual e o próprio orgasmo. Isto é, a infinita variedade de elementos erógenos com que cada indivíduo se satisfaz e que compõe cada pétala do ramalhete: desde o sadomasoquismo até à necrofilia, passando pelo transvestismo, o voyeurismo, o exibicionismo, a pedofilia, a zoofilia, o fetichismo e pelas mais estranhas taras: a acromotofilia (ou apotemnofilia), a agalmatofilia, a andromimetofilia, a asfixiofilia, a autonepiofilia (esta é muito engraçada), a clismafilia, a estigmatofilia (tão em moda), o froterismo (ocupa o 4º lugar na lista de incidência de pacientes em tratamento - basta andar de metro para ver os seus adeptos), a gerontofilia, a hifefilia, a misofilia, a normofilia (comum na "juventude" do PP), a simforofilia (viram o Crash, do Cronenbergh?) e o toucherismo. Faltam muitas mais, mas são as que se me ocorrem agora e para um post é mais que suficiente.
Dentro destas, o fetichismo leva a palma. Contém em si uma variedade de objectos (ou partes do corpo) potencialmente desencadeadores da excitação sexual: cuequinhas, meias, sapatos, roupa de couro, etc.
O que não percebo mesmo é a atracção por antenas de rádio para automóveis. Já me roubaram três este ano! Já chega! Pervertidos do #"$%"#%&!
CC

quarta-feira, abril 28, 2004

chegámos


CC

eu já sabia

... que a Direita era oportunista e mimética. Queres uma pastilha elástica, AR?
CC

Apesar do atraso ...

... parabéns a este asul pelos seis meses de vida.
AR

A semana Direita

Esta é a semana da Direita.
Todos os anos, entre o 25 de Abril e o 1º de Maio, a Esquerda sai à rua, festiva, celebrando as conquistas da Liberdade. A Direita tem vocação para o exercício do poder, para a gestão do real, para a administração do quotidiano e para defender aquilo que a Esquerda, no fundo, despreza: a liberdade do indivíduo, a progresso económico do indivíduo, a realização do indivíduo. Nesta semana a Esquerda sai à rua, a celebrar as conquistas que só se conseguiram porque a Direita saiu à rua para impedir que vivessemos no país do nosso descontentamento.
A Direita sabe que o progresso histórico é inevitável e não obra de uns ou de outros. E sabe também que as conquistas sociais, o reconhecimento dos direitos, os avanços da cultura e a evolução das mentalidades se devem, é verdade, aos combates para os quais muitas vezes não moveu um dedo, que muitas vezes viu passar indiferente ou contrariada ou a que, mesmo, se opôs frontalmente. Mas a Direita sabe ainda que a Esquerda, normalmente antropofágica, teria destruído o fruto desses combates e velou para que isso, nas mais das vezes, não pudesse acontecer.
Esta semana encarna aquilo que nos separa: a força da esperança na busca de um mundo melhor, mais justo, livre e fraterno – e a certeza de como é possível alcançá-lo através de lutas sociais e pessoais – ou a convicção de que os castelos não se podem construir no ar e que o homem, para além de sonho e esperança é também carne e sangue.
E porque a Esquerda se dá mal com a realidade, esta semana gesticula, berra, grita, marcha, festeja. É este (sempre) o nosso tempo.
AR

a semana esquerda

Esta é a semana da Esquerda.
Todos os anos, entre o 25 de Abril e o 1º de Maio, a Direita esconde-se, envergonhada, masca pastilhas para disfarçar o incómodo, recolhe-se às tocas. A Direita tem vocação para o exercício do poder, para a gestão do real, para a administração do quotidiano e para o perpetuar tal como ele se apresenta: com sofrimento, desigualdades, injustiças. Mas nesta semana a Direita cala-se.
Sabe que o progresso histórico, as conquistas sociais, o reconhecimento dos direitos, os avanços da cultura e a evolução das mentalidades se devem aos combates para os quais não moveu um dedo, que viu passar indiferente ou contrariada ou a que se opôs frontalmente. E sabe também que os frutos desses combates, desde a revolução francesa, passando pelas lutas dos trabalhadores, das mulheres, dos ecologistas, das minorias, são património comum da Esquerda, resultado da sua procura da construção das utopias em que acredita.
Esta semana encarna aquilo que nos separa: a força da esperança na busca de um mundo melhor, mais justo, livre e fraterno – e a certeza de como é possível alcançá-lo através de lutas sociais e pessoais – ou a mera gestão das existências, adaptando-se continuamente à "evolução" dos tempos, conformando-se resignadamente às injustiças sociais e criando novas exclusões.
E porque a Direita se dá mal com a memória, esta semana esconde-se. É este (sempre) o nosso tempo.
CC

terça-feira, abril 27, 2004

talvez tenha interesse...

Extracto desta entrevista feita por Maria João Avillez a Isabel do Carmo:

«(...) P. - Qual era a articulação entre as Brigadas e o PRP?

R. - Formam-se as Brigadas justamente para corresponder a esta necessidade da via armada. Tínhamos a noção, o Carlos Antunes e eu, que em Portugal se falava muito e se fazia pouco, distribuíam-se muitos papéis entre os amigos, textos muito ideológicos, palavrosos, mas... fazia-se pouco. Decidimos que não faríamos nenhum papel. E não fizemos até à nossa primeira acção....

P. - ... que foi?

R. - .. a Fonte da Telha: a explosão de uma base da Nato. As Brigadas eram de facto dominantes, mas como existia um conjunto muito amplo de gente que não estava envolvida embora actuasse em diversas outras áreas, criou-se então o PRP. Entretanto, as Brigadas iam levando a cabo muitas acções armadas, foi de longe a organização que mais acções concretizou. Nunca morreu ninguém - à excepção de dois militantes, ao montarem uma bomba. Nunca houve mortes no inimigo ou nas populações. Definiu-se desde o início a regra de não matar ninguém, considerando nós que não poderíamos nunca dispor da vida humana. Aliás recordo uma discussão interessante entre o Carlos Antunes e o Nuno Bragança: o Nuno achava que a PIDE era inimigo "suficiente" para ter de ser abatido, naquela altura, o Carlos achava que não. (...)»
LR

Sim ...

... importo.
AR

PRP/BR

«Pôs bombas e matou gente». Importas-te de ser mais específico, AR?
CC

E Depois das Férias ...

Há poucas semanas queixei-me que este país estava morto e não havia nada interessante para ver, ouvir e comentar (normalmente dizer mal, entenda-se).
Num acto de vergonhosa traição, esse mesmo país apanhou-me uns dias de férias e ... Zás! Toca de se agitar em intensa e febril actividade.
1) A Malta da Bola. Pois. Foi ‘dentro’. Devo confessar que, afastado do contacto com o dia-a-dia, só soube do sucedido no segundo dia. E devo também confessar que nunca pensei que, em situação alguma, aqueles senhores fossem, sequer, incomodados por alguma coisa relacionada com corrupção, tráfico de influências, acerto de resultados, etc., etc., etc. Afinal de contas, ainda devo ter esperança de que a minha filha possa crescer e viver num país melhor.
2) O 25 de Abril. Data incontornável, claro. Sempre achei que o 25 de Abril foi obra do acaso. Uma coincidência. Cada ano que passa me convenço mais disso. Por aquilo que vou ouvindo aos intervenientes. Desta vez, Otelo disse na televisão que o movimento começou como instrumento reivindicativo para impedir que os oficiais milicianos (vulgo, os que davam o ‘couro’ no mato do ultramar) pudessem ser admitidos no quadro permanente. Pois. Os oficiais das academias não queriam partilhar as suas carreiras com o ‘povo’ e por isso ‘agitaram-se’. Conseguiram. E quando conseguiram pensaram: ‘Afinal temos força! E se fizéssemos uma revolução?’ Parece-me um motivo tão bom como outro qualquer para fazer uma revolução, mas pelo menos podiam acabar com essas tretas da longa resistência antifascista. O núcleo duro dos militares do 25 de Abril fez a revolução (golpe?) por causa do ‘tacho’.
3) Para mim, Isabel do Carmo é uma terrorista. Ponto. No curriculum vitae da senhora está só a fundação do PRP – Partido Revolucionário do Proletariado – e das Brigadas Revolucionárias. Pôs bombas e matou gente. Assaltou bancos. E queria, em última instância, um Portugal tipo Albânia ou Coreia do Norte. Para ela, que me recorde, o PCP era revisionista e social fascista. Atribuir-lhe a Ordem da Liberdade é um insulto àqueles que prezam e lutaram pela Liberdade e pela Democracia. Ponto Final.
AR

segunda-feira, abril 26, 2004

terra à vista


CC

domingo, abril 25, 2004

RRRRRRRRRRRRRRRRRREVOLUÇÃO

RRRRRRRRRRRRRRRRRREVOLUÇÃO: o começo duma palavra é precioso!
(quem te quebrou o encanto nunca te amou)

CC

25 de Abril




25 DE ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen








CC

sábado, abril 24, 2004

a liberdade - que é sempre demasiado pouca - está a passar por aqui

Eu também vi muita esperança a andar à solta.
CC

sexta-feira, abril 23, 2004

faltam 5 dias


CC

quinta-feira, abril 22, 2004

road of 1000 corpses

Há um novo gato morto no IC 19. Ainda ontem, encostado à divisória de betão, tinha a cauda sobreposta ao traço contínuo que proíbe os condutores de transporem as faixas de rodagem para o sentido contrário, no caso de conseguirem saltar os blocos de betão cinzento que enfeitam grande parte da estrada. Deve ser visível durante algum tempo, pois ninguém se preocupa em retirar o bicho da estrada. Se fosse uma televisão, um sofá ou um telemóvel, rapidamente alguém o recolhia. Assim não, fica para ali a decompor-se alegremente à vista de todos.
A média de animais mortos (cães, gatos, ratos e esquilos) e depostos em simultâneo nas bermas da 2ª Circular e do IC 19 é de 4,15. Alguns cadáveres chegam a perdurar na estrada mais de três meses, pelo que estas vias sacras se tornam laboratórios vivos (passe a expressão) de tanatologia. Aí pode observar-se o desenvolvimento dos chamados fenómenos destrutivos dos cadáveres: a autólise, a necrobiose, a putrefacção e a maceração, bem como os seus vários modos (por organismos – aeróbios, aeróbios facultativos e anaeróbios) e suas diversas fases de evolução (coloração, produção de gás, liquefacção e esqueletização).
Significa isto que, ao longo de poucas semanas, se pode observar ao vivo (lá estou eu outra vez, desculpem) e a cores a metamorfose dos cadáveres, desde o estado imediato à morte (por atropelamento, claro), em que o corpo do animal ainda se encontra quente e o sangue e as entranhas se apresentam com um vermelho vivo (bolas, hoje não acerto nas palavras!), passando pelo inchaço do corpo e início da sua decomposição, até à diluição da massa óssea e do couro no asfalto, transformando-se o ex-animal no tapete por onde rolam as viaturas dos felizardos que atravessam Lisboa e Sintra todos os dias. É possível, por exemplo, verificar a lenta transformação do pêlo dos gatinhos, primeiro enchendo-se de pó e terra, depois tornando-se rijo, espesso e fusco, devido ao escurecimento do sangue seco, e por último ficando progressivamente mais fino, pela decomposição das gorduras e fermentação caséica e amoniacal.
Tudo isto, evidentemente, com a participação activa dos vários tipos de insectos, ácaros e outros artrópodes que acompanham a mutação do cadáver fresco até aos seus restos dessecados. Sim, uma parte das aulas diárias é dedicada à entomologia. Mas isso fica para mais tarde. Afinal, vamos todos passar por isso.
CC

quarta-feira, abril 21, 2004

terra prometida

Falta uma semana.

CC

apito dourado

Faltam 75 dias para acabar o Euro 2004.
CC

terça-feira, abril 20, 2004

o presidente da junta

Discuto com uma amiga as suas razões para um regime monárquico. Compreendo a representatividade nacional da figura do rei, a vantagem da preparação para o cargo e a pose de Estado inerente às caricaturas, mas continuo avesso à pouca democraticidade da sua legitimidade. Cometo um erro, no entanto. Caio na tentação fácil do argumento pragmático e digo-lhe que o melhor argumento contra a monarquia é que, se houvesse monarquia em Portugal, o nosso rei seria o senhor Duarte.
Ela responde-me, certeira como sempre, que, com a República, corremos o risco de ter um palhaço como o Santana Lopes como chefe de Estado, e que não sabe o que é pior. Eu sei o que é pior, mas nem lho digo, porque não gosto de usar argumentação suicida.
Dou por mim a pensar que mesmo o actual Presidente é uma figura pouco recomendável. Sob a capa de um homem sensível, que se emociona e lacrimeja em público (o que, só por si, não é mais que uma operação de charme), Jorge Sampaio parece querer provar que o cargo que ocupa - e que lhe assenta como uma luva - é de uma inutilidade a toda a prova. Ora apela à maior das eficiências das autoridades no combate à pedofilia, e para que não olhem à qualidade dos inquiridos, ora apela calma, à razão e às garantias penais logo que um amigo seu é detido; ora defende a justiça, as liberdades, e outros conceitos vagos com que todos concordam, ora transforma o seu cargo numa imóvel caixa de correio ou de reclamações sobre as quais não toma posição; ora é enérgico na proclamação dos princípios, como é servil para com os poderes (basta lembrarmo-nos das suas declarações contraditórias sobre a participação portuguesa na ocupação do Iraque ou sobre o novo Código do Trabalho - reconheça-se, não obstante, a virtude retórica da emissão de princípios gerais, vagos e sem substância e, ainda assim, a possibilidade de os contraditar).
Agora, numa das suas frívolas "presidências abertas", desta vez sobre o "ambiente", declarou que «o país não pode ser uma reserva total, de norte a sul, que inviabilize a presença de cidadãos e o seu próprio desenvolvimento». Ora, eu, que criticava a inocuidade das suas palavras, a inanidade do seu pensamento e a esterilidade da sua acção, arrependi-me de imediato. Mais valia o homem estar calado. Se é verdade que o lugar que ocupa é pouco mais que irrelevante e que a titularidade do mesmo por Jorge Sampaio só agrava a sua irrelevância, não deixa de ser uma desilusão (uma traição, caramba: o homem não é de esquerda?) que venha agora abrir o caminho (pelo menos a legitimidade institucional) aos interesses mesquinhos e miopes dos autarcas, à selvajaria dos construtores, às obscuras intenções do Governo. O país está a saque, o património comum a ser delapidado, o "ambiente" a degradar-se, os interesses urbanísticos a sobreporem-se ao futuro. Tudo em nome de mais um dos conceitos vazios que enchem a a boca de todos e de que Jorge Sampaio tanto gosta: o "desenvolvimento".
O Presidente deve ser coerente. Se quer não-existir, é lá com ele. Não diga nada, não faça nada. Fique onde está a fingir que existe, como tem feito até agora. Se tem algo a dizer que o diga mesmo. Ou então cale-se para sempre.
CC

segunda-feira, abril 19, 2004

parabéns...

a Fernando Rosas, que fez ontem anos e que merecia uma prenda como a que tiveram o Sheik Yassin e o seu sucessor, e a Bruno Paixão, por ser um gajo porreiro e amigo de todos nós benfiquistas.
LR

até me vêm as lágrimas aos olhos

Três filmes em que partem discos de vinil: Kiss Me Deadly (1955), de Robert Aldrich, The Blackboard Jungle (1956), de Richard Brooks, Summer of Sam (1999), de Spike Lee.
LR

sexta-feira, abril 16, 2004

errare humanum est

Fui injusto com este amigo. De um benfiquista para outro, um sincero pedido de desculpas e votos de felicidades para a casa nova.
LR

serviço público

Sou um cidadão exemplar: já assinei esta petição.
E agora, José?
CC

velhos amigos

Ouvi na rádo há minutos o novo single de Morrissey. E tive a confirmação que há amores que nunca morrem, mas antes nos acompanham por toda a vida...
LR

quinta-feira, abril 15, 2004

o que fazer do Iraque?


The cobra seeks to fix the eye of the bird, before it strikes. In that moment of looking at each other, each accepts their role - predator and prey. Fear creates the victim. Yet, something in the bird makes it seek the eye of the cobra.
David Carradine como Kwai Chang Caine, em "Kung Fu - O Sinal do Dragão"
LR

outra explicação dos pássaros

expliquemos-lhes então que, quando se encontra o pássaro vermelho, devemos deixar tudo e segui-lo, qualquer que seja o seu caminho, porque transportamos em nós a força capaz de interromper o percurso cinzento dos dias e abandonamos a solenidade triste do quotidiano e trocamo-la, por instantes que seja, por uma bebida numa esplanada eterna em frente ao mar e olhamos para as mesmas coisas sempre pela primeira vez e nascemos juntos na praia e vivemos a intensidade de todos os momentos e saimos para a rua de mãos nuas e fazemos juntos a revolução e sabemos como se constroem sólidas as utopias do amor. e testemunhamos firmes que à noite escura se segue um dia absoluto e feitos reis, sacerdotes e profetas, regressamos à lógica mais pura e radical da nossa presença e rumamos inocentes para a liberdade porque sabemos, como nunca antes o soubemos, que de outro modo a vida não pode ser vivida.
CC

quarta-feira, abril 14, 2004

Divagações X

Maya foi a minha primeiríssima paixão juvenil.
Só para colocar o incauto leitor: mil novecentos e setenta e picos, Espaço: 1999, 2ª série, primeiro episódio. Depois de uma (à época) empolgante aventura, a tripulação da Base Lunar Alfa ganha um novo membro.
Maya tinha fabulosas capacidades metamórficas e, ainda melhor, uns olhos muito, muito bonitos.
Não gostaria nada de ver a fotografia da 'Maya' de hoje. Prefiro recordar a Maya de há 30 anos.
AR

Perca-se Lisboa mas salve-se o país

PSL pondera a hipótese de se recandidatar à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa. É bom sinal para o país. Parece que começa a vir ao de cima algum bom senso. É mau para Lisboa.Há algumas possibilidades de o termos que suportar por cá mais 4 anos.
AR

terça-feira, abril 13, 2004

explicação dos pássaros

expliquemos-lhes então que, quando se encontra o pássaro azul, devemos deixar tudo e segui-lo, qualquer que seja o seu caminho, porque transportamos em nós a força capaz de interromper o percurso cinzento dos dias e abandonamos a solenidade triste do quotidiano e trocamo-la, por instantes que seja, por uma bebida numa esplanada eterna em frente ao mar e olhamos para as mesmas coisas sempre pela primeira vez e nascemos juntos na praia e vivemos a intensidade de todos os momentos e saimos para a rua de mãos nuas e fazemos juntos a revolução e sabemos como se constroem sólidas as utopias do amor. e testemunhamos firmes que à noite escura se segue um dia absoluto e feitos reis, sacerdotes e profetas, regressamos à lógica mais pura e radical da nossa presença e rumamos inocentes para a liberdade porque sabemos, como nunca antes o soubemos, que de outro modo a vida não pode ser vivida.
CC

segunda-feira, abril 12, 2004

nunca te olvidaria

Desmayarse, atreverse, estar furioso,
aspero, tierno, liberal, esquivo,
leal, traidor, cobarde y animoso;
nohallar fuera del bien, centro y reposo,
mostrarse alegre, triste, humilde, altivo,
enojado, valiente, fugitivo.
satisfecho, ofendido, receloso;
huir el rosto al claro desengano,
beber veneno por licor suave,
olvidar el provecho, amar el dano,
creer que un cielo en un infierno cabe,
dar la vida y el alma a un desengano,

ESTO ES AMOR, QUIEN LO PROBO, LO SABE
Lope de Vega

domingo, abril 11, 2004

resurrexit


Anselm Kiefer, Resurrexit, 1973
CC

está tudo explicado

Jeito e Dali são antónimos, homem.
LR

sexta-feira, abril 09, 2004

as sete últimas palavras de Cristo na cruz

i) Pater, dimitte illis; non enim sciunt quid faciunt.
ii) Amen dico tibi: hodie mecum eris in Paradiso.
iii) Mulier, ecce filius tuus; et tu, ecce mater tua.
iv) Eli, Eli, lama asabthani?
v) Sitio.
vi) Consumatum est.
vii) Pater, in tuas manus commendo spiritum meum.
CC

quinta-feira, abril 08, 2004

é a cultura, estúpido!

É um pormenor de um dos poucos quadros de jeito do Dali, homem.

Salvador Dali, A Última Ceia, 1955.
CC

ó coisa mais linda

Estou deslumbrado com essa imagem aí em baixo, CC. Encontraste-a numa publicação das Edições Paulistas, ou das Edições Itau?
LR

eucaristia


CC

quarta-feira, abril 07, 2004

eh! eh! eh!

Estou perversamente contente (mas a sentir culpa por isso): o Porto passou às meias finais da Liga dos Campeões (e merece ser campeão europeu, da mesma maneira que o Nacional merece ir à Europa), o Carlos Queirós conseguiu eliminar o Real Madrid, depois de ter perdido a Taça do Rei (deve ser difícil destruir uma equipa daquelas - é obra, senhores) e o Milão foi goleado (só tenho pena que o Rui Costa seja assalariado daquela empresa).
Agora só falta que o Benfica ganhe a Taça de Portugal e que a Espanha ou a França vença o Euro 2004.
CC

A Cigarra e a Formiga

Parece que tem havido algum mal estar, na TAP, entre o Administrador Delegado, ou Executivo, ou lá o que é, Fernando Pinto, e o Presidente, Cardoso e Cunha.
Eu proponho, desde já, que se corra com Cardoso e Cunha. A racional desta proposta é a seguinte.
Ao fim de muitos anos, a TAP conseguiu dar algum lucro. Pouco, é certo, mas de qualquer das formas algum lucro. Num contexto internacional nada, mas mesmo nada, fácil. Cardoso e Cunha foi o homem forte da Expo98. Quando saíu, as contas daquela empresa tinham 'escorregado' mais de 130 milhões de contos (qualquer coisa próxima dos €650 milhões).
Parece-me, pois, que:
a) Cardoso e Cunha deveria ser impedido de ocupar qualquer lugar público de relevo;
b) A não o ser, deveria estar quieto e calado e deixar trabalhar quem sabe.
AR

terça-feira, abril 06, 2004

Faltam 90 dias para acabar o Euro 2004.
CC

Uma história de Páscoa

Não resisto.
- Pai, o que é Páscoa?
- Ora, Páscoa é ... bem ... é uma festa religiosa!
- Igual ao Natal?
- É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.
- Ressurreição?
- É, ressurreição. Marta, vem cá!
- Sim?
- Explica a esta criança o que é ressurreição para eu poder ler o meu jornal descansado.
- Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendido?
- Mais ou menos ........ Mamã, Jesus era um coelho?
- Que é isso menino? Não me diga uma coisa destas! Coelho! Jesus Cristo é o Pai do Céu! Nem parece que este menino foi baptizado! Jorge, este menino não pode crescer assim, sem ir à missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele diz uma asneira destas na escola? Deus me perdoe! Amanhã vou matricular este fedelho na catequese!
- Mamã, mas o Pai do Céu não é Deus?
- É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Vai estudar isso na catequese. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
- O Espírito Santo também é Deus?
- É sim.
- E Fátima?
- Sacrilégio!!!
- É por isso que na Trindade fica o Espírito Santo?
- Não é o Banco Espírito Santo que fica na Trindade, meu filho. É o Espírito Santo de Deus. É uma coisa muito complicada, nem a mamã entende muito bem, para falar a verdade nem ninguém, nem quem inventou esta asneira a compreende. Mas se perguntar à catequista ela explica muito bem!
- Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
- (gritando) Eu sei lá! É uma tradição. É igual ao Pai Natal, só que em vez de presentes, ele traz ovinhos.
- O coelho põe ovos?
- Chega! Deixa-me ir fazer o almoço que eu não aguento mais!
- Pai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
- Era, era melhor, ou então peru.
- Pai, Jesus nasceu no dia 25 de Dezembro, não é? Que dia que ele morreu?
- Isso eu sei: na sexta-feira santa.
- Que dia e que mês?
- ??????? Sabes que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na sexta-feira santa e ressuscitou três dias depois, no sábado de aleluia.
- Um dia depois portanto!
- (gritando) Não, filho - três dias!
- Então morreu na quarta-feira.
- Não! Morreu na sexta-feira santa... ou terá sido na quarta-feira de cinzas? Ah, miúdo, já me confundiste! Morreu na sexta-feira e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como!?!? Como!?!? Pergunte à sua professora da catequese!
- Pai, então por que amarraram um monte de bonecos de pano na rua?
- É que hoje é sábado de aleluia, e a aldeia vai fingir que vai bater em Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
- O Judas traiu Jesus no sábado?
- Claro que não! Se ele morreu na sexta!!!
- Então por que eles não lhe batem no dia certo?
- É, boa pergunta.
- Pai, qual era o sobrenome de Jesus?
- Cristo. Jesus Cristo.
- Só?
- Que eu saiba sim, por quê?
- Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele tinha no apelido Coelho. Só assim esta coisa do coelho da Páscoa faz sentido, não acha?
- Coitada!
- Coitada de quem?
- Da sua professora da catequese!!!
AR

vou dar-te um pontapé na cabeça


A Clockwork Orange (1971), de Stanley Kubrick
LR

segunda-feira, abril 05, 2004

a tropa fandanga

1. O magistrado judicial Rui Teixeira interveio, nos termos que teve por convenientes, como juiz na fase de inquérito do processo "Casa Pia". Os despachos que proferiu foram sindicados em fase de recurso pelos tribunais superiores (como o próprio - e bem - várias vezes frisou), com resultados variados. Até aqui tudo normal, sendo certo que enquanto interveniente processual o magistrado em causa se escusou a proferir declarações à imprensa. Até àquela entrevista... Fame, fatal fame / it can play hideous tricks on the brain...

2. O causídico José Maria Martins tem a particularidade de conseguir violar três ou quatro artigos do Estatuto da Ordem dos Advogados de cada vez que abre a boca: quer por falar de um processo que se encontra pendente, quer por comentar da forma que todos conhecem o trabalho de colegas no mesmo processo. Até aqui tudo anormal, quanto mais não seja pela inércia da Ordem em agir disciplinarmente e em defesa da imagem da classe. Mas quando o mesmo causídico se mostra indignado pela libertação de um dos arguidos, dizendo que "toda a gente que lê jornais sabe quem é o Jorge Ritto" e "o que ele andou a fazer lá fora", entramos num terreno (ainda) mais pantanoso. O que está em causa num processo de natureza penal, como este, é saber se o arguido X cometeu nos dias Y e Z, em locais precisos, os crimes de que vem acusado. E não "saber quem é", ou o que "andou a fazer". O Sr. Dr. Martins sabe-o muito bem.
LR

a arte de furtar

É verdade que na blogosfera não há, que eu saiba, marcas registadas, denominações protegidas, zonas demarcadas ou afins. Mas pensei que existia vergonha.
LR

domingo, abril 04, 2004

obrigado, LR

CC

prometo que não vou contar nada


Lolita (1962), de Stanley Kubrick
LR

music non-stop

Ainda não acabou o concerto de sexta-feira.

CC

sexta-feira, abril 02, 2004

post anti-semita de sexta-feira quaresmal

Não, não vou escrever sobre esse filme anti-semita que ganhou o óscar deste ano para o melhor documentário: «Os Friedman» («Capturing the Friedmans», no original).
Acontece que, no meio do trânsito, ando a ler pequenos livros de inspiração católica, bem adequados à época. Agora é a vez de um livro escrito em 1942 por Simone Weil, «Carta a Um Homem Religioso» (Ariadne Editora, Coimbra, 2003) onde essa intelectual de esquerda (se) formula algumas questões, simples mas essenciais à condição de crente nalguma coisa em concreto.
No início desta Carta, reportando-se à herança judaica do cristianismo, Simone Weil, um pouco perplexa, levanta algumas questões, que deixo aqui em jeito de amável provocação, ao amigo Francisco e ao caríssimo Nuno Guerreiro: escreve a autora que «o Livro dos Mortos egípcio, datado de há pelo menos três mil anos ou muitos mais, está impregnado de caridade evangélica. (...) Os Hebreus, que estiveram quatro séculos em contacto com a civilização egípcia, recusaram adoptar este espírito de ternura. Eles queriam o poder...» (p. 13-14).
E, mais adiante,diz que «a verdadeira idolatria é a cobiça (Col. 3:5) e a nação judia, na sua sede de bem carnal, era a culpada, mesmo nos momentos em que adorava o seu Deus. Os Hebreus tiveram por ídolo, não metal ou madeira, mas uma raça, uma nação, o que também era coisa terrena. A religião deles encontra-se, na sua essência, inseparável desta idolatria, devido à noção de "povo escolhido"» (p. 16-17).
Pronto. Agora já me sinto mais católico. Com questões semelhantes às do José, mas sem a tentação de recorrer a cirurgias. E sempre posso continuar a comer secretos de porco preto (hoje não, claro).
CC

ó tempo, volta pr'a trás

Amigos Asul e Alcabrozes: obrigado pelos simpáticos links. O que a gente se divertia sem Playstations...
LR
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Parabéns, MF. Por tudo.
CC

quinta-feira, abril 01, 2004

Divagações IX

Folheio indolentemente as páginas do jornal. Parece que perdemos com a Itália, o PM está em Moçambique a cuspir trivialidades, chove a cântaros, já passou o cheiro dos bolos acabados de fazer, aparentemente uma testemunha do processo Casa Pia mentiu. Por aí fora.
Este país está um tédio. Gostava que o Senhor do Marco desse mais uns pontapés numa merda qualquer para animar isto.
AR

deve ser assim ser do F.C.Porto

Pela primeira vez fui ao São Luiz assistir ao encontro mensal organizado pelas Produções Fictícias, «É a Cultura, Estúpido!», em que a maioria dos participantes - e da audiência - é constituída por bloguistas. Foi um bom fim de tarde. Além de estar bem acompanhado, gostei de ouvir o fluir das palavras do Pedro Mexia e o stand up do Ricardo Araújo Pereira. E tive a sorte do principiante: o convidado/entrevistado deste mês foi o Jorge Silva Melo.
Por outro lado, é sempre um prazer ver a esquerda inteligente massacrar a direita espertalhota, num combate franco e aberto. Parabéns, Daniel.
CC

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