quinta-feira, agosto 14, 2003
Sonho numa noite de verão
Abro os olhos, estremunhado. A cerveja do meu copo, abandonada despreocupadamente numa pequena mesa perto do sofá, borbulha ainda. Na televisão um pinguim fala. Um pinguim fala .... hummm ... fala?!
Parece-me ser um belo pinguim imperador, de fartas sobrancelhas, alto, talvez mesmo grande. Fala descontraidamente para um, vários microfones. 'Os fogos,... tal, tal, tal... os aviões, tal, tal, tal. Hmmm, Hmmm'. O pinguim dá a volta, afasta-se, e segue-o um séquito imenso de pinguins mais pequenos. Filas e filas de pinguins mais pequenos. Alguns pretendem-se também pinguins imperadores e desejam secretamente tomar, um dia, o lugar do grande pinguim e falarem, eles, aos microfones. Outros, mais humildes, aceitam a sua condição de pinguins de menor casta. Não serão, seguramente, imperadores. Mas talvez mandem no seu condado, na sua quinta, no seu quintal. 'Os fogos ... os fogos ...' Pinguins apressados passam, correndo, na televisão. Arrastam mangueiras, gritam insultos, choram lágrimas de pinguim porque perderam tudo, tudo.
Pisco suavemente os olhos, enquanto estendo indolentemente a mão para o copo da cerveja. Tenho sede. Está calor. A cerveja ainda borbulha, embora já quase não esteja fresca. Que calor. Outros pinguins passam, meteoricamente, pela minha televisão. Que raio! Onde está o comando? Não quero ver mais o programa, ainda por cima sobre pinguins. Tropeço, desequilibro-me e caio, ataboalhadamente, por cima da mesa onde repousa o meu copo de cerveja, que se mantém, por obra do acaso, impávido.
Sento-me novamente no sofá. Não encontrei o comando. Os pinguins, os pinguins.
Agora falam de não sei quê ... ajuda ... será ajuda? Talvez. Um pinguim diz que vai ser dada ajuda ... hmmm ... Outro pinguim diz que não acredita. Vários pinguins sentam-se à volta de uma mesa e discutem, acaloradamente, sobre a culpa do pinguim imperador nisto tudo. Sim, senhor, é um malandro, não ligou. Não, senhor, não é nada. Os outros antes é que foram. Não fizeram, e tal, tal, tal.
Bocejo.
A conversa dos pinguins aborrece-me de morte.
Tenho tanto calor.
AR
Parece-me ser um belo pinguim imperador, de fartas sobrancelhas, alto, talvez mesmo grande. Fala descontraidamente para um, vários microfones. 'Os fogos,... tal, tal, tal... os aviões, tal, tal, tal. Hmmm, Hmmm'. O pinguim dá a volta, afasta-se, e segue-o um séquito imenso de pinguins mais pequenos. Filas e filas de pinguins mais pequenos. Alguns pretendem-se também pinguins imperadores e desejam secretamente tomar, um dia, o lugar do grande pinguim e falarem, eles, aos microfones. Outros, mais humildes, aceitam a sua condição de pinguins de menor casta. Não serão, seguramente, imperadores. Mas talvez mandem no seu condado, na sua quinta, no seu quintal. 'Os fogos ... os fogos ...' Pinguins apressados passam, correndo, na televisão. Arrastam mangueiras, gritam insultos, choram lágrimas de pinguim porque perderam tudo, tudo.
Pisco suavemente os olhos, enquanto estendo indolentemente a mão para o copo da cerveja. Tenho sede. Está calor. A cerveja ainda borbulha, embora já quase não esteja fresca. Que calor. Outros pinguins passam, meteoricamente, pela minha televisão. Que raio! Onde está o comando? Não quero ver mais o programa, ainda por cima sobre pinguins. Tropeço, desequilibro-me e caio, ataboalhadamente, por cima da mesa onde repousa o meu copo de cerveja, que se mantém, por obra do acaso, impávido.
Sento-me novamente no sofá. Não encontrei o comando. Os pinguins, os pinguins.
Agora falam de não sei quê ... ajuda ... será ajuda? Talvez. Um pinguim diz que vai ser dada ajuda ... hmmm ... Outro pinguim diz que não acredita. Vários pinguins sentam-se à volta de uma mesa e discutem, acaloradamente, sobre a culpa do pinguim imperador nisto tudo. Sim, senhor, é um malandro, não ligou. Não, senhor, não é nada. Os outros antes é que foram. Não fizeram, e tal, tal, tal.
Bocejo.
A conversa dos pinguins aborrece-me de morte.
Tenho tanto calor.
AR