domingo, agosto 10, 2003

tempos que correm - fim da polémica

Umas notas finais para o fim da "questão Ratzinger", com MVA:
1) Ainda bem que concordamos, ambos, com a liberdade de pensamento e da consequente liberdade de expressão desse pensamento - seja ele qual for, acrescento eu;
2) Tudo – mas mesmo tudo – merece a dignidade de ser pensado e discutido. Mesmo “os direitos e liberdades constitucionalmente definidos”, seja para melhor os concretizar, seja para lhes ampliar o campo de aplicação, seja para os redefinir;
3) As tendências sexuais (chamemos-lhe assim) não são "opções" de cada indivíduo (aqui concordo em absoluto com MVA). Não sei por que razão sou heterossexual, mas não o sou por “opção” minha.
4) Por maioria de razão, mesmo os “direitos dos e das homossexuais” podem e devem ser discutidos: terão os homossexuais, outros direitos, novos direitos, face aos heterossexuais? E em que medida? E quem os definirá? E se implicarem limitação de outros direitos de terceiros (as crianças a adoptar por casais homossexuais), como os compatibilizar?

Por último, digo a MVA que, já não sendo crente (ou atravessando uma grave crise de fé), tenho a certeza absoluta que, sem a presença da Igreja Católica, com os seus muitos erros e defeitos, passados e presentes, o mundo seria um local mais pobre, triste e selvagem.
Tenho, aliás, a profunda convicção que é precisamente a falta de influência do pensamento da Igreja no seio das sociedades contemporâneas um dos nossos maiores problemas. E, do mesmo modo, é a desadequada comunicação por parte da Igreja aos homens de hoje uma das causas da desumanização das comunidades, com reflexos directos ao nível da política e da economia. O neoliberalismo, por exemplo, é uma nefasta consequência do vazio deixado pelo pensamento e filosofias de matriz católica.

E, acredite-me, MVA, nunca encontrei outro local onde houvesse tanta liberdade de pensamento como na Igreja. Nem nas organizações de esquerda, por onde passei – e continuo a pertencer afectiva e ideologicamente – encontrei tanta liberdade: aqui também há demasiado “pensamento único”.

Um abraço.
CC

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