quarta-feira, setembro 24, 2003
Chuva
Ele olhou para o Mar. O Mar, sussurrante, trouxe-lhe à memória cenas de um passado que não sabia se longínquo se próximo. O cantar das ondas fê-lo viajar, como o teria feito o cantar das sereias e os olhos dela dançaram à frente dos seus. Eram tão verdes quanto o mar e confundiam-se com ele. Os seus lábios pareciam estar ali mesmo e tentou alcançá-los, tocar-lhes com os seus. Mas não estava lá nada. Só o vento já frio de um fim de tarde de Outono. Sentiu o cheiro dela, vindo não sabia de onde, e lembrou-se das tardes de conversa. De como conversavam e discutiam animadamente e como tudo terminava sempre com o mesmo sorriso. O cheiro dela era tão forte agora que sentiu a urgência de olhar em volta. Estava sozinho na praia vazia. O Mar continuava a cantar só para ele.
Deixou-se cair de costas na areia. As nuvens cerradas, cinzentas, anunciavam chuva. Viajou no tempo, para o dia em que a conhecera, em que tinham saído juntos pela primeira vez, depois para o dia em que a amara pela primeira vez, numa praia como aquela e em que ela lhe sorrira, depois para o dia em que fizeram planos para o futuro, para a sua vida, e ainda para o dia em que ela partira e ele descobrira que afinal lhe queria ter dito aquilo tudo, a queria ter amado naquela praia, queria ter sentido o cheiro dela junto com o seu, queria ter feito planos, mas nada fizera. Apenas a olhava. E sentiu as suas lágrimas misturarem-se, lentamente, com a chuva quando as nuvens juntaram a sua tristeza à dele.
AR
Deixou-se cair de costas na areia. As nuvens cerradas, cinzentas, anunciavam chuva. Viajou no tempo, para o dia em que a conhecera, em que tinham saído juntos pela primeira vez, depois para o dia em que a amara pela primeira vez, numa praia como aquela e em que ela lhe sorrira, depois para o dia em que fizeram planos para o futuro, para a sua vida, e ainda para o dia em que ela partira e ele descobrira que afinal lhe queria ter dito aquilo tudo, a queria ter amado naquela praia, queria ter sentido o cheiro dela junto com o seu, queria ter feito planos, mas nada fizera. Apenas a olhava. E sentiu as suas lágrimas misturarem-se, lentamente, com a chuva quando as nuvens juntaram a sua tristeza à dele.
AR