segunda-feira, setembro 29, 2003

mais Igreja

Concordo contigo, Tolentino: também eu não quero uma Igreja fechada ou indiferente ao mundo. Também me preocupa o divórcio da Igreja com a cultura contemporânea e o desprezo dos modos de vida da sociedade para com a Igreja.
E, sendo a Igreja que amamos universal, nela cabe toda a riqueza da diversidade que nos faz humanos.
Mas, como noutras questões e noutras latitudes, confrange-me assistir à tirania das opiniões. De repente, toda a gente tem uma opinião sobre qualquer assunto, por mais complexo ou afastado da sua realidade que seja. Com uma leviandade pueril, poucos se coíbem de emitir opiniões sobre o buraco de ozono, a reforma do processo executivo, a política agrícola comum, a pedofilia, a arte contemporânea ou a expansão do universo.
Não teremos todos o direito à opinião? Claro que sim. Mas também temos o correlativo dever de usar a razão e fundamentar as opiniões que alegremente vamos distribuindo.
Não me esqueço de uma entrevista televisiva, creio que na TVI, em que uma jornalista inquiria um professor universitário da área das ciências (de física ou química) sobre as radiações de urânio empobrecido nos Balcãs. Depois da explicação científica dada pelo professor, ela comentou: «Pois, mas isso é a sua opinião».
E é esta democracia das opiniões (em que todas se tornam nebulosamente iguais e se anulam entre si) que eu rejeito.
CC

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