quinta-feira, outubro 23, 2003

Ferro e a Retrete

Ferro Rodrigues disse, a propósito do segredo de justiça, que se 'estava a cagar'. Acredito.
Cada um caga-se quando quer e como quer. Ferro Rodrigues, apesar de líder do maior partido da oposição (embora não do melhor, mas isso é outra conversa), tem o direito de se cagar como qualquer cidadão. Embora, como se imagina, não creio que o país esteja particularmente interessado nesse particular aspecto da sua vida. Mas como ele se mostrou empenhado em o anunciar, eu gostaria de tecer alguns comentários a propósito.
Ferro Rodrigues pode-se cagar em muita coisa e em muito lugar mas um dos sítios onde entendo que não o deveria fazer é no segredo de justiça. E não o deveria fazer por duas ordens de razões, que passo a enunciar.
Como líder partidário, Ferro Rodrigues não se devia cagar no segredo de justiça. Alguém com as responsabilidades (???) que ele tem não o deve fazer nos elementos constitutivos do sistema judicial. Acho que não lhe fica bem. Acho que o diminui. Acho indecoroso.
Como cidadão, Ferro Rodrigues não se devia, também, cagar no segredo de justiça. A implementação da figura até pode não ser a melhor, mas garante (pelo menos até um certo ponto) que a investigação de um qualquer caso seja feita de forma calma, livre de pressões e, portanto, tendendo a garantir a mais correcta instrução do processo. Ironicamente, acho que o segredo de justiça (repito, talvez não totalmente como o temos implementado neste momento, mas a figura em si) é um dos garantes dos direitos do indivíduo, na medida em que uma correcta instrução de um processo é o primeiro passo para uma correcta administração da justiça.
Que Ferro se queira cagar é com ele. Mas que o faça numa retrete e, já agora, que alguém puxe o autoclismo quando ele estiver no acto. Pode ser que vá na enxurrada ...
AR

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