domingo, outubro 12, 2003

Jasmim

Ele olhou o corpo dela, vagamente moreno. Cheirava a jasmim. Aspirou longamente o seu aroma morno e, por fim, tocou-lhe suavemente a pele. Os seios dela subiam e desciam, compassadamente, ao ritmo do sono, enquanto a sua pele o chamava, insistente. Inclinou-se e os seus lábios tocaram suavemente os dela. O seu contacto fê-lo recuar ao dia em que primeiro se haviam amado. Em que ele sentira pela primeira vez o aroma a jasmim, em que a sua boca lhe havia percorrido, insistente, o corpo, em que se haviam abraçado e sido um só. Amaram-se uma hora, uma noite, uma vida. Amaram-se naquele primeiro quarto, na praia banhados pelo mar, no cume gelado de uma montanha. E o extase perdurara, indefinidamente, enquanto eras incontáveis corriam, céleres, sob os seus corpos.
O cheiro a jasmim era agora mais intenso. Olhou novamente para ela e deitou-se a seu lado. Uma vida seria pouco tempo.
AR

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