quarta-feira, outubro 29, 2003

listas de espera















«Quando Adão errava sozinho, Deus inventou o matrimónio. Fez-lhe bem a ele e mal ao demónio»
Pode ser que sim. Mas, nos dias de hoje, o casamento é precedido de solidão, algum enamoramento, muita habituação e pouca reflexão.
Começa-se por comprar uma casa. A localização, a tipologia, o empréstimo bancário, os móveis, a casa de banho de hotel, a cozinha totalmente equipada, os pratinhos, os copinhos, a terrina, a TELEVISÃO. Enfim, a lista de casamento.
A procura da casa, a escolha do recheio, a descoberta de uma infinita panóplia de adereços e a perspectiva de mudança de vida aproximam mais os nubentes do que qualquer outra coisa (se exceptuarmos a deprimente festividade do dia do casamento). Chama-se a isso o projecto de vida em comum. Como isto - a partilha dos electrodomésticos - é demasiado sério, tudo o resto é relegado para o segundo plano.
O importante é o frigorífico. Tem de ser um frigorífico de restaurante. Grandioso e definitivo. Familiar, mesmo que seja apenas para duas pessoas. Imponente na cozinha perfeita.
Uns tempos depois, passada a novidade da casa nova, com a habituação ao espaço do outro, reduzida a influência do frigorífico e sem mais bens essenciais a comprar, o casamento necessita de novo fôlego romântico. É, então, chegada a altura de se adquirir um novo doméstico: um filho.
Parece que já há listas de baptizado.
CC

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