quinta-feira, novembro 13, 2003

Almíscar

Olhou-a nos olhos. Sentiu a brisa do mar acariciar-lhe a face e o cheiro da espuma salgada. As ondas do mar, verdes como os seus olhos, íam e vinham num movimento sem fim que o embalava. Sentiu-se mergulhar naquele mar, perder os sentidos no prazer daquele olhar.
Os olhos dela continuaram nele, mais tristes mas também mais luminosos do que nunca. Sentiu o seu cheiro almiscarado e um arrepio percorreu o seu corpo. Desejou-a sem reservas nem receios. Imaginou-se a beijá-la, a sentir os seus lábios nos dela, a percorrer o seu corpo com gestos suaves. Imaginou-a nua, encostada a si, o calor dela misturando-se com o seu, os seus corpos juntos, movendo-se lenta e ritmadamente, partilhando um momento simultâneamente efémero e eterno.
Quando voltou a tomar consciência de si, os olhos dela já ali não estavam. Mas ficou com ele o cheiro do almíscar.
AR

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