quarta-feira, novembro 19, 2003
silêncio da fé
Amigo AR e irmão José,
a mim o que me dói como nada mais é o abandono da fé, a insuportável ausência da fé.
Não me basta o efémero. Dispenso uma vida sem sentidos.
«Silêncio
Uma noite,
quando o mundo já era muito triste,
veio um pássaro da chuva e entrou no teu peito,
e aí, como um queixume,
ouviu-se essa voz de dor que já era a tua voz,
como um metal fino,
uma lâmina no coração dos pássaros.
Agora,
nem o vento move as cortinas desta casa.
O silêncio é como uma pedra imensa,
encostada à garganta.»
José Agostinho Baptista
CC