terça-feira, dezembro 09, 2003
e vós, o que dizeis que somos?
No meu regresso à blogosfera, deparo com muitas referências ao catolicismo em vários blogs. Quer com distância e até alguma estranheza, como o Ivan, que, apesar do seu «começo de conversa», comete o erro (comum) de apartar os "valores" em que se formou e que preza daqueles que partilham os católicos - esquecendo que muitos são os mesmos; quer vindas de dentro da Igreja (o Miguel Marujo, alguns companheiros, o José, o Palombella Rossa, etc.), o que é um sinal vivificante da pluralidade do olhar, das sensibilidades e do pensamento católicos.
Mas não deixo de me sentir perplexo com a facilidade com que sou etiquetado. Rui Branco, satisfeito por me incluir no seu lado da barricada política (embora ele esteja à minha direita: é do PS...), chama-me católico progressista. O Tomás já contestou a designação com elegância e eu tomo a liberdade de subscrever a sua resposta. Quanto a católico, agradeço a honra do termo. Agora progressista? Não sei muito bem o que é isso de ser progressista, mas o progresso é uma palavra vazia que ultimamente anda associada a ideias um pouco suspeitas: o neoliberalismo e a sua máquina infernal de dilaceração das relações sociais e humanas; a patetice do relativismo cultural; a amoralidade dos costumes. Tudo por contraposição ao... conservadorismo. E, nestes campos, estou com os conservadores ingleses: mudar para quê, se já estamos mal?
Já o Pedro coloca-me na extrema-esquerda católica. Nada de mais. O Pedro, apesar de considerar notável o pontificado de João Paulo II, entende que «a Igreja deve resistir à intromissão nos assuntos políticos» (o que, felizmente, o Papa nunca se coibiu de fazer), e indica, no plano nacional, o eng. Guterres como o «produto da esquerdização dos católicos, bem como da intromissão da Igreja na esfera política», assim ignorando alegremente os (agora a expressão é apropriada) católicos progressistas dos anos 60, a luta dos católicos (sim, só alguns, eu sei) contra a guerra colonial e a ditadura de Salazar, os confrontos no pós-25 de Abril, etc., etc. O que não é de estranhar. A direita incomoda-se muito com a intromissão da Igreja na Política (quando não lhe agrada o conteúdo da "intromissão"), mas não pestaneja com o uso oportunista e hipócrita da Igreja pelos seus políticos: as missas "oficiais", as inaugurações das obras de propaganda, o beija-mão ao clero.
Ora, neste contexto de reflexão bloguista sobre o catolicismo, seria interessante saber, por exemplo, como se deu o processo de conversão de um ex-maoista ferrenho que agora se mostra tão devoto: o dr. Durão Barroso.
CC
Mas não deixo de me sentir perplexo com a facilidade com que sou etiquetado. Rui Branco, satisfeito por me incluir no seu lado da barricada política (embora ele esteja à minha direita: é do PS...), chama-me católico progressista. O Tomás já contestou a designação com elegância e eu tomo a liberdade de subscrever a sua resposta. Quanto a católico, agradeço a honra do termo. Agora progressista? Não sei muito bem o que é isso de ser progressista, mas o progresso é uma palavra vazia que ultimamente anda associada a ideias um pouco suspeitas: o neoliberalismo e a sua máquina infernal de dilaceração das relações sociais e humanas; a patetice do relativismo cultural; a amoralidade dos costumes. Tudo por contraposição ao... conservadorismo. E, nestes campos, estou com os conservadores ingleses: mudar para quê, se já estamos mal?
Já o Pedro coloca-me na extrema-esquerda católica. Nada de mais. O Pedro, apesar de considerar notável o pontificado de João Paulo II, entende que «a Igreja deve resistir à intromissão nos assuntos políticos» (o que, felizmente, o Papa nunca se coibiu de fazer), e indica, no plano nacional, o eng. Guterres como o «produto da esquerdização dos católicos, bem como da intromissão da Igreja na esfera política», assim ignorando alegremente os (agora a expressão é apropriada) católicos progressistas dos anos 60, a luta dos católicos (sim, só alguns, eu sei) contra a guerra colonial e a ditadura de Salazar, os confrontos no pós-25 de Abril, etc., etc. O que não é de estranhar. A direita incomoda-se muito com a intromissão da Igreja na Política (quando não lhe agrada o conteúdo da "intromissão"), mas não pestaneja com o uso oportunista e hipócrita da Igreja pelos seus políticos: as missas "oficiais", as inaugurações das obras de propaganda, o beija-mão ao clero.
Ora, neste contexto de reflexão bloguista sobre o catolicismo, seria interessante saber, por exemplo, como se deu o processo de conversão de um ex-maoista ferrenho que agora se mostra tão devoto: o dr. Durão Barroso.
CC