quinta-feira, março 18, 2004

Venceraos pero no convenceraos!*

Leio o que o nosso guia escreve sobre o choque de civilizações, a propósito de uma frase assustadora do comunicado dos terroristas que reivindicaram os atentados de Madrid, há uma semana: «vocês amam a vida e nós amamos a morte». Também o Nuno Guerreiro lhe faz referência, sobre a notícia da intercepção pelas tropas israelitas da preparação de mais um atentado suicida a ser perpretado por uma criança, perto de Nablus.
Mas, meu caro José, o amor à morte, o ódio à vida, o ódio ao amor e o amor ao ódio, não é monopólio dos "outros": é uma constante nos fundamentalismos, em todos os fascismos. Não é uma questão religiosa, é política. Lembremo-nos da inequívoca frase do general franquista Millán Astray, durante a guerra civil espanhola, e que se tornou a sua divisa, depois de proclamada na Universidade da católica Salamanca, em 12 de Outubro de 1936: «Viva la muerte!».
Como lembra o Tiago, o pecado abraça a humanidade. Cada um de nós. Quantos de nós, bons cidadãos, democratas, católicos, poderemos assegurar que, nas mesmas circunstâncias (o tempo, o lugar, a educação, etc.), não seríamos apoiantes de Hitler na Alemanha dos anos 30? Ou admiradores de Bin-Laden no Afeganistão ou no Paquistão de 2004? Eu não.
CC
*Resposta dada ao grito do general Millán Astray, «Abajo la Inteligencia! Viva la muerte», pelo reitor da Universidade de Salamanca, Miguel de Unamuno: «Este é o templo da inteligência. E eu sou o sacerdote mais alto. Sois vós que profanais este sagrado recinto. Ganhareis, porque possuís mais do que a força bruta necessária. Mas não convencereis - Venceraos pero no convenceraos! - porque para convencer é necessário persuadir. E para isso vos falta a razão e o direito em vossa luta».

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