quarta-feira, abril 28, 2004

a semana esquerda

Esta é a semana da Esquerda.
Todos os anos, entre o 25 de Abril e o 1º de Maio, a Direita esconde-se, envergonhada, masca pastilhas para disfarçar o incómodo, recolhe-se às tocas. A Direita tem vocação para o exercício do poder, para a gestão do real, para a administração do quotidiano e para o perpetuar tal como ele se apresenta: com sofrimento, desigualdades, injustiças. Mas nesta semana a Direita cala-se.
Sabe que o progresso histórico, as conquistas sociais, o reconhecimento dos direitos, os avanços da cultura e a evolução das mentalidades se devem aos combates para os quais não moveu um dedo, que viu passar indiferente ou contrariada ou a que se opôs frontalmente. E sabe também que os frutos desses combates, desde a revolução francesa, passando pelas lutas dos trabalhadores, das mulheres, dos ecologistas, das minorias, são património comum da Esquerda, resultado da sua procura da construção das utopias em que acredita.
Esta semana encarna aquilo que nos separa: a força da esperança na busca de um mundo melhor, mais justo, livre e fraterno – e a certeza de como é possível alcançá-lo através de lutas sociais e pessoais – ou a mera gestão das existências, adaptando-se continuamente à "evolução" dos tempos, conformando-se resignadamente às injustiças sociais e criando novas exclusões.
E porque a Direita se dá mal com a memória, esta semana esconde-se. É este (sempre) o nosso tempo.
CC

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