terça-feira, abril 27, 2004
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Extracto desta entrevista feita por Maria João Avillez a Isabel do Carmo:
«(...) P. - Qual era a articulação entre as Brigadas e o PRP?
R. - Formam-se as Brigadas justamente para corresponder a esta necessidade da via armada. Tínhamos a noção, o Carlos Antunes e eu, que em Portugal se falava muito e se fazia pouco, distribuíam-se muitos papéis entre os amigos, textos muito ideológicos, palavrosos, mas... fazia-se pouco. Decidimos que não faríamos nenhum papel. E não fizemos até à nossa primeira acção....
P. - ... que foi?
R. - .. a Fonte da Telha: a explosão de uma base da Nato. As Brigadas eram de facto dominantes, mas como existia um conjunto muito amplo de gente que não estava envolvida embora actuasse em diversas outras áreas, criou-se então o PRP. Entretanto, as Brigadas iam levando a cabo muitas acções armadas, foi de longe a organização que mais acções concretizou. Nunca morreu ninguém - à excepção de dois militantes, ao montarem uma bomba. Nunca houve mortes no inimigo ou nas populações. Definiu-se desde o início a regra de não matar ninguém, considerando nós que não poderíamos nunca dispor da vida humana. Aliás recordo uma discussão interessante entre o Carlos Antunes e o Nuno Bragança: o Nuno achava que a PIDE era inimigo "suficiente" para ter de ser abatido, naquela altura, o Carlos achava que não. (...)»
LR
«(...) P. - Qual era a articulação entre as Brigadas e o PRP?
R. - Formam-se as Brigadas justamente para corresponder a esta necessidade da via armada. Tínhamos a noção, o Carlos Antunes e eu, que em Portugal se falava muito e se fazia pouco, distribuíam-se muitos papéis entre os amigos, textos muito ideológicos, palavrosos, mas... fazia-se pouco. Decidimos que não faríamos nenhum papel. E não fizemos até à nossa primeira acção....
P. - ... que foi?
R. - .. a Fonte da Telha: a explosão de uma base da Nato. As Brigadas eram de facto dominantes, mas como existia um conjunto muito amplo de gente que não estava envolvida embora actuasse em diversas outras áreas, criou-se então o PRP. Entretanto, as Brigadas iam levando a cabo muitas acções armadas, foi de longe a organização que mais acções concretizou. Nunca morreu ninguém - à excepção de dois militantes, ao montarem uma bomba. Nunca houve mortes no inimigo ou nas populações. Definiu-se desde o início a regra de não matar ninguém, considerando nós que não poderíamos nunca dispor da vida humana. Aliás recordo uma discussão interessante entre o Carlos Antunes e o Nuno Bragança: o Nuno achava que a PIDE era inimigo "suficiente" para ter de ser abatido, naquela altura, o Carlos achava que não. (...)»
LR