domingo, dezembro 12, 2004

amerikkka

Como é da praxe, João Carlos Espada brinda-nos com algumas pérolas na edição de hoje do Expresso. Sob o mote «não nos incomodem com eleições todos os dias», explica que outros países (leia-se os do costume, EUA e Grã-Bretanha) «têm as democracias mais estáveis e mais antigas», enquanto que «nós, por cá, vamos continuar a mudar de governo». E remata: «alguém perguntou por que estamos na cauda da Europa?».
Acontece que João Carlos Espada sabe bem (melhor que eu) que numa dessas "democracias mais estáveis e mais antigas" as pessoas são privadas do direito de voto se tiverem cumprido pena de prisão, ou em alguns casos apenas por terem sido arguidas num processo crime. Falo dos EUA, e mais especificamente do Sul. João Carlos Espada sabe também (melhor que eu) que essas pessoas são na esmagadora maioria dos casos negros, o que fazendo as contas resulta em cerca de 20% da população negra americana impedida de votar.
Entre nós, na "cauda da Europa", isso seria tão flagrantemente inconstitucional que não passa pela cabeça de ninguém (lagarto, lagarto...). Mas o bom do João Carlos é um espada a pintar a "verdade" que lhe convém, em nome da perfeição do modelo que elegeu como paliativo para todos os males do mundo. Ele já era assim nos tempos do MRPP e do maoísmo, apenas virou o disco.
LR

Comments:
Concordo inteiramente, com uma correcção. O dito espécime nunca foi do MRPP, mas sim da UDP, tendo exercido o cargo de director da "Voz do Povo", antes de ter descoberto as delícias do Bush e de tudo o que é reaccionário e fascista neste mundo.
 
Espada também se esquece que os governos desses países nunca tiveram uma taxa de frequência de trapalhadas comparável ao governo de PSL.
 
Por acaso até acho interessante essa ideia de os prisioneiros não votarem. Parece-me lógica. Se não estão em condições de viverem normalmente em sociedade estarão preparados para decidir sobre destino de um país? Aliás, essa lógica já acontece com o funcionalismo público. Quem é preso (não sei se em todos os casos) perde automaticamente o vinculo a qualquer cargo publico que ocupe.
Quanto aos tais 20% de negros o que fazer? São por acaso todos injustamente condenados? Deve-se fazer uma lei diferente para eles (ou seja, fechar os alhos aos crimes que cometem por causa da cor da pele, das dificuldades económicas, etc, etc)?
Perguntas interessantes a fazer antes de começar a salivar mal se houve a palavra "América".
 
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