terça-feira, dezembro 14, 2004
os Irmãos Metralha podem votar?
A propósito do meu post "amerikkka", alguém comentou: Por acaso até acho interessante essa ideia de os prisioneiros não votarem. Parece-me lógica. Se não estão em condições de viverem normalmente em sociedade estarão preparados para decidir sobre destino de um país? Aliás, essa lógica já acontece com o funcionalismo público. Quem é preso (não sei se em todos os casos) perde automaticamente o vinculo a qualquer cargo publico que ocupe.
Quanto aos tais 20% de negros o que fazer? São por acaso todos injustamente condenados? Deve-se fazer uma lei diferente para eles (ou seja, fechar os alhos aos crimes que cometem por causa da cor da pele, das dificuldades económicas, etc, etc)?
Perguntas interessantes a fazer antes de começar a salivar mal se houve a palavra "América".
Embora o comentário não tenha exactamente a ver com o tema do post (no tempo dos newsgroups - que saudades! - diria que estava off-topic), tem a virtude de fazer pensar.
Alguns sistemas penais/prisionais valorizam a componente punitiva. O americano, por exemplo, prevendo no limite - e em nome desse princípio de "castigo" - a pena de morte. Entre nós, valoriza-se a componente de reinserção. O comportamento é punido com perda de liberdade, ou pena pecuniária, mas procura-se igualmente reinserir o indivíduo para que não volte a prevaricar. Mais modernamente, tem-se valorizado também a componente de reparação do dano, no sentido de obrigar/sensibilizar o delinquente para a necessidade de indemnizar e compensar quem sofreu por causa dos seus actos.
Assim sendo, por convicção ideológica, opinião técnica e prática pessoal (integro os corpos sociais desta entidade), acho que os prisioneiros estão em condições de viver normalmente em sociedade, e designadamente de votar, com as limitações decorrentes do estado de reclusão a que foram condenados e que têm de cumprir. À parte tais limitações, são tão cidadãos como qualquer outro.
A ideia supostamente "interessante" de tratar os prisioneiros como cidadãos de segunda tem dois reflexos. Vai potenciar a exclusão, e por arrastamento a prática de novos crimes. E será vista com outros olhos por quem, com as voltas que a vida dá, se vier a encontrar nessa situação...
Quanto à questão da cor da pele, era meramente demográfica/estatística. Ou melhor, tinha a ver com a constatação de que uma lei injusta (privação do direito de voto a reclusos, ou até a todos que sejam acusados penalmente) afecta sobretudo um grupo étnico localizado, nos Estados Unidos.
Se salivo quando oiço o nome deste país, só se for com vontade de lá voltar. É que por acaso gosto muito - e por isso critico o que não está bem. Da próxima vez, caro Anonymous, não seja tão precipitado a falar do que claramente não sabe.
LR
Quanto aos tais 20% de negros o que fazer? São por acaso todos injustamente condenados? Deve-se fazer uma lei diferente para eles (ou seja, fechar os alhos aos crimes que cometem por causa da cor da pele, das dificuldades económicas, etc, etc)?
Perguntas interessantes a fazer antes de começar a salivar mal se houve a palavra "América".
Embora o comentário não tenha exactamente a ver com o tema do post (no tempo dos newsgroups - que saudades! - diria que estava off-topic), tem a virtude de fazer pensar.
Alguns sistemas penais/prisionais valorizam a componente punitiva. O americano, por exemplo, prevendo no limite - e em nome desse princípio de "castigo" - a pena de morte. Entre nós, valoriza-se a componente de reinserção. O comportamento é punido com perda de liberdade, ou pena pecuniária, mas procura-se igualmente reinserir o indivíduo para que não volte a prevaricar. Mais modernamente, tem-se valorizado também a componente de reparação do dano, no sentido de obrigar/sensibilizar o delinquente para a necessidade de indemnizar e compensar quem sofreu por causa dos seus actos.
Assim sendo, por convicção ideológica, opinião técnica e prática pessoal (integro os corpos sociais desta entidade), acho que os prisioneiros estão em condições de viver normalmente em sociedade, e designadamente de votar, com as limitações decorrentes do estado de reclusão a que foram condenados e que têm de cumprir. À parte tais limitações, são tão cidadãos como qualquer outro.
A ideia supostamente "interessante" de tratar os prisioneiros como cidadãos de segunda tem dois reflexos. Vai potenciar a exclusão, e por arrastamento a prática de novos crimes. E será vista com outros olhos por quem, com as voltas que a vida dá, se vier a encontrar nessa situação...
Quanto à questão da cor da pele, era meramente demográfica/estatística. Ou melhor, tinha a ver com a constatação de que uma lei injusta (privação do direito de voto a reclusos, ou até a todos que sejam acusados penalmente) afecta sobretudo um grupo étnico localizado, nos Estados Unidos.
Se salivo quando oiço o nome deste país, só se for com vontade de lá voltar. É que por acaso gosto muito - e por isso critico o que não está bem. Da próxima vez, caro Anonymous, não seja tão precipitado a falar do que claramente não sabe.
LR
Comments:
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Não era suposto a vossa identidade ser "secreta"?
Se sim é melhor retirar o link para "O Companheiro" sr. Vice-Presidente!
Se sim é melhor retirar o link para "O Companheiro" sr. Vice-Presidente!
LR
Começo pelo fim. Se falei sem saber, se o inclui no grupo "anti" quando apenas fazia uma critica construtiva, só posso pedir que me desculpe. Realmente é arriscado falarmos sem conhecer as pessoas. Mas fico satisfeito por gostar da América.
Quanto ao post em si, parece-me que sua explicação é demonstrativa da confusão que por cá vai em termos de politica prisional. Prende-se uma pessoa para a reenserir? Alguém que mata ou rouba não merece um castigo (a ideia de que todos os actos têm uma consequência)? Pode-se privar uma pessoa da liberdade física e não se pode privar da liberdade política - a segunda é mais importante que a primeira? Caminha-se para "obrigar/sensibilizar o delinquente para a necessidade de indemnizar e compensar quem sofreu por causa dos seus actos"?! Não devia ser este o ponto de partida, a base de uma sistema de Justiça? "Sensibilizar"?! E se ele for pouco sensível?
Também neste ponto prefiro a clareza americana. Todos sabem que para um determinado crime há um castigo. As pessoas sabem ao que se sujeitam. E durante o tempo de cumprimento desse castigo a pessoa deixa de ser considerada socialmente idónea. E, portanto, não pode participar na nobre tarefa da escolha do governo do seu país. Parece-me bem justo.
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Começo pelo fim. Se falei sem saber, se o inclui no grupo "anti" quando apenas fazia uma critica construtiva, só posso pedir que me desculpe. Realmente é arriscado falarmos sem conhecer as pessoas. Mas fico satisfeito por gostar da América.
Quanto ao post em si, parece-me que sua explicação é demonstrativa da confusão que por cá vai em termos de politica prisional. Prende-se uma pessoa para a reenserir? Alguém que mata ou rouba não merece um castigo (a ideia de que todos os actos têm uma consequência)? Pode-se privar uma pessoa da liberdade física e não se pode privar da liberdade política - a segunda é mais importante que a primeira? Caminha-se para "obrigar/sensibilizar o delinquente para a necessidade de indemnizar e compensar quem sofreu por causa dos seus actos"?! Não devia ser este o ponto de partida, a base de uma sistema de Justiça? "Sensibilizar"?! E se ele for pouco sensível?
Também neste ponto prefiro a clareza americana. Todos sabem que para um determinado crime há um castigo. As pessoas sabem ao que se sujeitam. E durante o tempo de cumprimento desse castigo a pessoa deixa de ser considerada socialmente idónea. E, portanto, não pode participar na nobre tarefa da escolha do governo do seu país. Parece-me bem justo.
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