quinta-feira, janeiro 13, 2005

Ainda se vai a tempo?

Vejo que a Quinta, aqui o blog, não foi pródigo nessas listinhas de best of típicas de final de ano. Têm razão. Se calhar devemos esperar pelo final do ano judicial, ou fiscal. Para quê fazer balanços apenas porque mudamos de 04 para 05? O best é sempre que o homem quer.

Ninguém perguntou mas gosto muito do Live in Tokyo do Brad Mehldau. É o meu best.


Paranoid Android Posted by Hello

Como discos de boa safra o prazer aumenta a cada audição e apanhamo-nos com o dedinho fixado no repeat. Hoje não me limitei a ouvir, fiquei hipnotizada pela dança de círculos frenéticos (e não fui eu que inventei este mimo, saiu mesmo da cabeça da Microsoft) que surgem do Windows Media Player, o que confere toda uma dimensão cósmica, mesmo alucinatória à experiência, ...

Brad Mehldau é um pianista soberbo, na linha de um Keith Jarret / Bill Evans , mas também um inovador. Na gravação deste concerto a par de alguns standards jazzísticos ("Monk's Dream", "Someone to watch over me") estende o seu reportório ao que se convenciona por “versões desconstruídas da pop clássica”. É uma das formas que o jazz tem encontrado para se renovar, para encontrar novos públicos. São novas leituras da música comercial que apela a muita gente. Na realidade já em Anything Goes Brad Mehldau tinha recorrido ao "Everything in its right Place", por isso não posso afirmar que seja muito revolucionário.

Podiam ser Nirvana, podiam mesmo ser os Black Sabbath (que aconteceu com os The Bad Plus), mas aqui o bom gosto passa também pelas escolhas: Nick Drake e Radiohead. São notas que se reconhecem de outras audições, de outros momentos, recriadas como sinais de fumo, como fantasmas, tudo feito a partir de um simples piano. O Paranoid foi alargado para 19 minutos e tudo me sugere movimentos de espirais, um poço da morte de sensações auditivas. Agora reconheço as linhas do baixo, de seguida a bateria, isto é o piano. Não é imediato, testei este conceito com o CC, mas é de certeza arrepiante.

É muito, muito bonito (e isto não é política, a música sim pode adjectivar-se de bonita Dr. Santana).

Engraçado que a confirmação veio do sítio mais estranho. Qual Mojo, qual Wire, qual NME, quem concorda comigo é o Economist (mas para isso teriam de comprar a revista, ou ser assinantes do «conteúdo de prémio». Fiquem pelo link e pela minha palavra.).

Sofia

Comments:
Frango guisado e Radiohead: aí estão duas coisas de que eu gosto tanto como do Professor João Carlos Espada.
LR
 
É porque não conheces bem os Radiohead, LR.
Voltaste, Sofia?
 
a isto se chama interactividade, estou ainda a corrigir os erros já tenho aqui comentos! :)

já voltei com uma bruta da constipação.

Aqui os radiohead estão bem cozinhados , é apenas um fantasma dos radiohead caro LR (não se percebe pelo post?!?). Recomenda-se.
 
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