sexta-feira, fevereiro 11, 2005

a guerra é a guerra IV

A propósito do meu último post, o meu amigo CC fez este comentário do mais fino recorte literário: "E o teu amigo Santana, ó palhaço? E o teu muito-amigo Paulinho Portas? E o Bagãozinho, é novo, esse? E o Mogais Sagmento? E...?"
Quem acompanha este blog regularmente sabe, no geral, o que penso de Santana e Portas. Sobre Morais Sarmento, figura secundária, não sei se alguma vez falei (talvez sobre aquela ida a S. Tomé, mas não me lembro e não me apetece agora ir ver).
Quero aqui, isso sim, reflectir sobre o brilhante 'ó palhaço', expressão do mais profundo portuguesismo e que se insere numa vasta família de expressões populares. Vejamos.
A mais bonita de todas, burilada ao longo de gerações, fruto de uma exegese incansável, é o tão nosso conhecido 'ó filho da puta!', que se solta nas mais diversas e variadas situações, dado o seu ecletismo, mas usado com especial frequência quando conduzimos a nossa viatura e alguém executa uma manobra que nos desagrada. Na mesma linha, embora uns furos abaixo, temos o pungente 'ó cabrão!'. O seu uso, também em variadas situações, destaca-se quando pretendemos atravessar uma rua e um condutor mais afoito nos impede de o fazer. Ou então no tratamento amigável com algum amigo que encontramos e cujo cumprimento passa muitas vezes por 'então,cabrão, estás bom?'. Ocorre-me ainda o 'ó corno de merda!', utilizado num registo de insulto, quando pretendemos enervar alguém ou ainda quando, estando enervados nós próprios, nos referimos a um terceiro.
Comparado com estas expressões do mais belo e requintado vernáculo lusitano, devo reconhecer que o 'ó palhaço' com que fui brindado pelo meu amigo CC é de qualidade um pouco inferior. Será, seguramente, um piropo de segunda linha, mais recatado e menos expansivo. Mas, ainda assim, e reconhecendo que o que conta é a intenção, agradeço-o aqui publicamente e de forma sentida.
AR

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