segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Sombras

Forço-me a não me perder
No labirinto da minha memória.
Olho, inquieto, para uma ou outra história
E tento não gritar, fugir, tremer.

Velhos fantasmas com novos sorrisos.
Gastos sorrisos em novos fantasmas.
Sombras de então, envoltas em plumas
Gastas. Velhas cadeiras. Mortos Lírios e Narcisos.

Sombras que me chamam, sussurrantes.
Fumo de incensórios quebrados pelo uso.
E eu, de esquadro na mão, desenho obtuso
ângulo e aborreço-me mais do que d'antes.

Sinto-me cansado, luto para não voltar
Sempre e de cada vez ao mesmo sítio.
Proíbo, não quero, recuso o martírio
De viver preso nesse mundo singular

Onde as memórias parecem reais
E a realidade nevoeiro espesso, incorpóreo
Que em torno de mim volteia, irreal, ilusório
Me prendendo em lodos, pântanos, fétidos areais

De mágoa, tristeza, lamento,
Recusa de encarar o hoje, o agora.
Digo não aqui, ainda, sempre. E sem demora
Parto, de volta à vida, soprado pelo vento.

AR

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