quinta-feira, junho 02, 2005
Billy must die
Comecei da pior maneira o aquecimento para o concerto de ontem à noite na Aula Magna do novíssimo e ainda não editado álbum do Ex-Smashing Pumpkins, The Future Embrace: a recordar Siamese Dream. E confesso desde já o meu enviesamento crítico, imperdoável, um enviesamento que me prende ao passado e às minhas memórias. Para mim é um ex-smashing, para mim valem os 3 primeiros álbuns. Há coisas que ficam de tal forma formatadas na nossa concepção do mundo musical que suponho que é mais por teimosia que não os deixamos avançar. Como se fosse traição.
Começámos pontualmente às dez com os Gliss, uma primeira parte sem surpresas, mais rock do mesmo, uma voz inalterada ao longo dos demasiados temas apresentados (imaginem o vocalista dos The Thrills, Conor Deasy, com um rock tipo Interpol mas sem aquele lado pop sunshine...). Único facto interessante, um autêntico jogo de cadeiras entre os 3 membros da banda, agora tocas tu a bateria e eu o baixo, agora vou eu para a guitarra. Só a voz não mudou, infelizmente.
Meia hora para montar palco, a melhor parte do espectáculo da noite anterior, um ecrán digital gigante que reflectia sobre o chão branco e sobre os músicos cores vibrantes e frescas, um jogo de turquesas, rosas. Algo a nível da tour do 100th Window dos Massive Attack ou da visita dos Kraftwerk o ano passado. Entra a estrela, com ar de estrela, posse de estrela e público já estava em fase de apoplexia avançada (engraçado que com o avançar da noite o entusiasmo foi esmorecendo, mas aquilo já não fãs, são apóstolos perante o senhor). Primeira conclusão, o Abílio foi para o electro, o que se veio a revelar uma má escolha. A acompanhá-lo estão Matt Walker na bateria Yamaha, uma criatura que dava ares de Kylie Minogue como go-go girl (Linda Strawberry) e Brian Liesegang nos sintetizadores.
http://www.billycorgan.com/tourdates.html
Demorou aí uma boa meia hora a recuperar do horrível que aquilo soava, a guitarra inalterada de Billy Corgan com arranjos de sintetizadores.
Li o site e compreendo a ânsia do artista em se separar do seu passado, dos Smashing, dos Zwan:
"The early work of the Pumpkins was influenced by the fact that we would go play in Chicago and people would just talk. We found the louder we played, the more people would listen. . .or leave. Then you move into the indie ranks and you start hearing you’re not cool enough or loud enough. You could even say Zwan was a reaction against the Pumpkins.” For Corgan, however, “This is the first time I said, `Okay, I don’t care what the trends are. I don’t care what the modern marketplace says. I’m just going to make the record I want to make.’ That’s it. Every time I came to a fork in the road, I just kept repeating, `I’m gonna do my thing.’”
Reconheço nos sintetizadores as influência mencionadas: os Joy Division (Closer), os Echo, a tentativa falhada em criar uma alter imagem como o Bowie, está lá, mas o que está também o que continua a estar é a guitarra que sempre o caracterizou. E na segunda metade percebi que aquele concerto não era mais que Billy Corgan, que pouco mudou desde os seus tempos de Smashing, a mesma cadência nas músicas, mesmos temas (no mínimo umas letras a puxar mais para um lado romântico/ lamechas na sua pior espécie, recordo frases como: I'm true, I know what I want, You are what you are, We can save the world, pare além do inenarrável cover do "To love somebody" dos Bee Gees) acompanhados pelo som minimalista e simplificado dos sintetizadores. Surpresa: sobra mais guitarra, sobra mais Billy. Retirou-se o bom que era uma banda com corpo, com guitarras (no fundo a presença chata de outras "estrelas") e fica apenas o artista. Pena que a guitarra de Corgan fique bem mal em ambiente electro.
De Smashing nada, nem tal era esperado, à excepção de um único riff do "Today" num tema em rapsódia, já em encore. Escusado será dizer que a sala foi abaixo nesse momento.
Ok, admito que cada um siga o seu caminho. Mas eu não vou atrás.
Sofia
PS: AR, era um oboé não um fagote.
PS(2): a frase que dá título ao post foi proferida pelo artista e como se pode inferir pelo texto acima concordo.
Começámos pontualmente às dez com os Gliss, uma primeira parte sem surpresas, mais rock do mesmo, uma voz inalterada ao longo dos demasiados temas apresentados (imaginem o vocalista dos The Thrills, Conor Deasy, com um rock tipo Interpol mas sem aquele lado pop sunshine...). Único facto interessante, um autêntico jogo de cadeiras entre os 3 membros da banda, agora tocas tu a bateria e eu o baixo, agora vou eu para a guitarra. Só a voz não mudou, infelizmente.
Meia hora para montar palco, a melhor parte do espectáculo da noite anterior, um ecrán digital gigante que reflectia sobre o chão branco e sobre os músicos cores vibrantes e frescas, um jogo de turquesas, rosas. Algo a nível da tour do 100th Window dos Massive Attack ou da visita dos Kraftwerk o ano passado. Entra a estrela, com ar de estrela, posse de estrela e público já estava em fase de apoplexia avançada (engraçado que com o avançar da noite o entusiasmo foi esmorecendo, mas aquilo já não fãs, são apóstolos perante o senhor). Primeira conclusão, o Abílio foi para o electro, o que se veio a revelar uma má escolha. A acompanhá-lo estão Matt Walker na bateria Yamaha, uma criatura que dava ares de Kylie Minogue como go-go girl (Linda Strawberry) e Brian Liesegang nos sintetizadores.
http://www.billycorgan.com/tourdates.html
Demorou aí uma boa meia hora a recuperar do horrível que aquilo soava, a guitarra inalterada de Billy Corgan com arranjos de sintetizadores.
Li o site e compreendo a ânsia do artista em se separar do seu passado, dos Smashing, dos Zwan:
"The early work of the Pumpkins was influenced by the fact that we would go play in Chicago and people would just talk. We found the louder we played, the more people would listen. . .or leave. Then you move into the indie ranks and you start hearing you’re not cool enough or loud enough. You could even say Zwan was a reaction against the Pumpkins.” For Corgan, however, “This is the first time I said, `Okay, I don’t care what the trends are. I don’t care what the modern marketplace says. I’m just going to make the record I want to make.’ That’s it. Every time I came to a fork in the road, I just kept repeating, `I’m gonna do my thing.’”
Reconheço nos sintetizadores as influência mencionadas: os Joy Division (Closer), os Echo, a tentativa falhada em criar uma alter imagem como o Bowie, está lá, mas o que está também o que continua a estar é a guitarra que sempre o caracterizou. E na segunda metade percebi que aquele concerto não era mais que Billy Corgan, que pouco mudou desde os seus tempos de Smashing, a mesma cadência nas músicas, mesmos temas (no mínimo umas letras a puxar mais para um lado romântico/ lamechas na sua pior espécie, recordo frases como: I'm true, I know what I want, You are what you are, We can save the world, pare além do inenarrável cover do "To love somebody" dos Bee Gees) acompanhados pelo som minimalista e simplificado dos sintetizadores. Surpresa: sobra mais guitarra, sobra mais Billy. Retirou-se o bom que era uma banda com corpo, com guitarras (no fundo a presença chata de outras "estrelas") e fica apenas o artista. Pena que a guitarra de Corgan fique bem mal em ambiente electro.
De Smashing nada, nem tal era esperado, à excepção de um único riff do "Today" num tema em rapsódia, já em encore. Escusado será dizer que a sala foi abaixo nesse momento.
Ok, admito que cada um siga o seu caminho. Mas eu não vou atrás.
Sofia
PS: AR, era um oboé não um fagote.
PS(2): a frase que dá título ao post foi proferida pelo artista e como se pode inferir pelo texto acima concordo.
Comments:
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Também fui. 600 km (ida e volta). Não gostei. Foi banhada. Já despejei a frustração no blogue. Mas há esperança: ele volta, estou certa.
Um velho companheiro de corneta avisou-te a tempo ao banho a que ias não? Sendo o Siamese Dreams sagrado, tudo o resto é profanação. Só verdadeiros génios (o Miles, por exemplo) conseguem mais do que uma obra prima no seu "lifetime".
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