quinta-feira, julho 14, 2005

Grevar ou não grevar III

Eu trabalho para o sector privado. Não há greve convocada, venho trabalhar amanhã como todos os dias.

As razões que o AR apontou para aderir à greve prendem-se mais com o modelo económico escolhido pelo governo: apertar o cinto com subida de impostos e revitalizar a economia com investimento público, não tanto pelas razões avançadas pelos sindicatos. E a reforma algo obscena do ministro, embora eticamente errada, é mais um entre tantos... Também são amendoins isso. Se este modelo deve receber críticas, e na Ota não podia estar mais de acordo, o tipo de contestação não passaria por greve acho, passaria por movimentos cívicos. Ainda que a matéria não é referendável como na Constituição, depreende-se lendo por aqui e ali que há total desacordo com o Governo e que a areia atirada aos olhos (criação de emprego, necessidade absoluta de construir quando o aeroporto actual tem vida estimada de cerca de 14 anos, dizer que o investimento é controlado sabendo a nossa atracção fatal para os buracos (negros) financeiros) não convence.

De qualquer forma acho que a Função Pública deve entrar em greve mas por outras razões: pela mudança, pela melhoria do seu funcionamento. Gostaria que entre as razões estivessem: criar condições para reformular a Administração Pública fazendo auditorias aos serviços de forma a torná-la mais pequena e eficaz, introduzir novos métodos de avaliação de funcionários que distinguissem realmente os bons dos maus (e não os bons mais dos muito bons para garantir subida de escalão), acabar com a proliferação idiota de regimes especiais (trabalhadores de matadouros, guardas florestais, etc), lutar pela dignificação da carreira de funcionário público. Não se enganem que o busílis está aqui, temos um monstro, uma máquina pesada e ineficiente que cada ano nos enterra mais em défices que nenhum crescimento (então o que se prevê agora, cada vez mais pequeno) pode comportar. Será que esse discurso alguma vez poderá entrar?

Sofia

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