quinta-feira, julho 07, 2005

a guerra dos cobardes

«O mundo é um lugar mais seguro agora» (George Bush, 20/11/04)

CC

Comments:
Dizer que há terrorismo por causa do Bush é brincar às avestruzes.
 
Pois é. Eu nunca disse nada disso.
 
Não?
 
Não.
 
Então a frase "O mundo é um lugar mais seguro agora" não tem nada a ver com os atentados. Certo?
 
Errado. Tem muito a ver. Antes não havia atentados destes, a esta escala. Agora há. Logo, o mundo não é um lugar mais seguro do que era.

Este foi um atentado cobarde. Os 100.000 mortos civis no Iraque (às ordens do sr. Bush, inventando muitas mentiras para legitimar a invasão e a guerra) são uma causa indirecta. Um pretexto que nada justifica, mas um pretexto.

Mas se finge não perceber, não vale a pena tentar explicar.
 
Então mantemos "Dizer que há terrorismo por causa do Bush é brincar às avestruzes."

Tendo em conta estes pequenos exemplos:
Beirute 1983 - 241 mortos.

Nairobi 1998 - 224 mortos.

Dar es Salaam 1998 - 12 mortos.

Mombassa 2002 hotel Paradise - 12 mortos. O assustador resultado desse ataque poderia ter sido eclipsado se outro atentado, quase simultâneo, tivesse dado certo. Dois mísseis antiaéreos foram disparados contra um Boeing 757 que acabava de decolar de Mombassa rumo a Israel com 261 pessoas a bordo.

Nova York 2001 - 2.752 mortos.

chegamos facilmente a conclusão que os terroristas já tinham advinhado que o Bush ia invadir o Iraque.

Já agora: aonde encaixa os 335 mortos (maioroa crianças) na escola em Beslan? Culpa do Bush Também?
 
Antes não havia atentados destes, a esta escala, nÃO era?
 
«Beirute 1983 - 241 mortos» (...) «Culpa do Bush também?» - Antes não havia atentados destes, a esta escala, NO OCIDENTE.

Eu nunca disse ou escrevi que a "culpa" era do Bush.
Se finge não perceber, não vale a pena tentar explicar.
 
«O mundo não está está mais seguro
No final da semana passada estive em Londres, numa delegação do Parlamento Europeu que foi discutir com os Ministros Jack Straw e Douglas Alexandre, com parlamentares e com funcionários do Foreign Office, o programa da presidência britânica da UE. Ficamos num hotel em Westminster, a dois passos de Downing Street e do Parlamento. E durante os trajectos a pé entre as reuniões - caminhos que eu conhecia de cor, do meu trabalho na embaixada em Londres entre 1991 e 1994 - não pude impedir-me de pensar como aquela zona seria alvo prioritário de um ataque terrorista para qualquer grupo "franchised" da Al Qaeda. E também de admirar, ao mesmo tempo, como as medidas de prevenção e controle adoptadas pelas autoridades - que sabiam tal ataque inevitável - não haviam coarctado a liberdade de circulação na zona, nem obstruído as entradas nos edifícios públicos, incluindo o Parlamento.
A experiência de viver em Londres na época dos ataques bombistas do IRA e sobretudo depois, na Indonésia onde já operava a Jemaah Islamyia, ligada à Al Qaeda, tornaram-me particularmente sensível à necessidade de lutar contra o terrorismo por todos os meios, incluindo policiais e militares (e a cooperação internacional na «intelligence» é o mais fundamental instrumento e muito há ainda a fazer, designadamente no plano europeu). Não se trata da «guerra ao terrorismo» primária, ineficaz e contraproducente que a Administração Bush propagandeia. Trata-se de lutar inteligentemente - o que significa compreender que a ameaça é global e que o desafio é sobretudo político e ideológico - e daí que a política externa da Europa, dos EUA e de todas as democracias ocidentais tenha uma importância acrescida. Porque não se pode fazer o jogo dos terroristas, em casa ou fora dela, em Guantanamo, Abu Grahib ou em Nova Iorque (onde uma jornalista do NYT foi hoje detida por recusar violar o segredo profissional, denunciando fontes).
Por isso, entre outras razões, fui muito crítica da invasão do Iraque. Intui-lhe o impacte devastador, ao instigar a propaganda dos terroristas e fornecer-lhes mais recrutas por todo o mundo islâmico (incluindo o residente na Europa), além de mais terreno para actuar (a própria CIA então também avisou e ainda recentemente confirmou a materialização desses prognósticos no Iraque). E ao minar-nos as democracias, o Estado de direito, o direito internacional, de dentro e por dentro.
E por isso, também, logo critiquei o desvio das atenções e dos meios militares, policiais, diplomáticos, económicos e outros da eliminação de Osama Bin Laden, dos seus seguidores e dos seus anfitriões taliban no Afeganistão e Paquistão. Desvio que a invasão do Iraque implicaria, como implicou. E a recuperação terrorista no Afeganistão aí está, o pobre Karzai confinado a oficiar em Cabul, os senhores-da-guerra de novo a dominar o país, transformado, segundo peritos da NATO, numa enorme base de ADMs assestadas à Europa: o ópio, de onde é extraída 90% da heroína infiltrada nos mercados europeus.
Responsabilizei e responsabilizo a Administração Bush, mas também Blair, Aznar, Berlusconi , Barroso, Balkenende e todos os aqueles que arrastaram ou deixaram arrastar o mundo para a aventura do Iraque e desviaram o foco do Afeganistão. Por desvalorizarem as desastrosas consequências no fomento do terrorismo que tantos anteciparam. Por não cuidarem antes de, por outro meios, ajudar os iraquianos a livrarem-se do odioso regime de Saddam. E por abrirem caminho ao ataque e ao questionamento dos valores democráticos nas sociedades ocidentais.
Mas isso não me impediu, desde então, de também expressar o meu apoio a outras políticas ou posições de uns ou outros, se as entendi justas e positivas. É o caso do que o PM Blair pretende na reestruturação orçamental da UE ou nas suas propostas para o combate à pobreza e ajuda ao desenvolvimento, ou contra o aquecimento global que levou ao G-8. Quaisquer que tivessem sido as suas motivações.
A independência crítica, que espero nunca perder, não é compreendida por quem veja o mundo a preto e branco ou dividido em clubes políticos ou futebolisticos. Ainda ontem, um colega (socialista, português) brincava comigo, estranhando que eu pudesse ora criticar duramente Tony Blair, ora apoiá-lo. E insistia que graças a Blair e ao seu patrocínio da invasão do Iraque «o mundo estava agora mais seguro!». Contestei, atirando-lhe "Espere pela "bomba suja" que, mais dia menos dia, algum grupelho afiliado à Al Qaeda deflagrará algures nesse mundo! Espere pelo próximo ataque bombista contra os EUA ou qualquer alvo europeu!...".
Tragicamente, nem 24 horas passadas, o meu presságio confirmava-se: as ruas de Londres onde eu ainda há dias passeava à chuva, tornavam-se cenário de mais uma bárbara retaliação terrorista
».

Ana Gomes, Causa Nossa.
 
Percebemos pois. A culpabilização da América por tudo o que se passa de mal no mundo já é velha.
 
Que pena a Ana Gomes não ter ido avisar a polícia.
 
Pela última vez: EU NUNCA CULPABILIZEI a América ou o Bush por todo o mal do mundo. E, seguramente, NUNCA o faria em relação aos ataques terroristas.

Se o senhor insiste em ler assim quem faz críticas à política externa americana (e não só, à nossa também), o problema é seu - é uma incapacidade de ver o mundo noutros tons que não os Mani. Gosto muito mais da América do que o senhor pensa. Mas gosto do que entendo serem as coisas boas da América. Como gosto do que me parecem ser as coisas boas da Europa.

Mas reconheço que o seu modo de ver é mais fácil: quem não está connosco, está contra nós e está o assunto resolvido. A "América" não tem culpa de nada e quem não pensa assim é por que entende que ela tem culpa de tudo. Portanto, o senhor recusa-se a ouvir e ler o que os outros dizem ou escrevem, porque já sabe (já "perceberam") o que eles vão dizer. Pensar é muito mais incómodo.
 
Caro amigo

Só insistimos em ver o que nos dão a ver. E o que nos deu a ver foi, que a invasão do Iraque não tornou o mundo mais seguro. Como sabe melhor do que nós, tornou a América mais segura porque desviou a frente de batalha bem para mais longe. Mais. Os atentados diários no Iraque esvaziam os cofres da Al-Qaeda e diminuem os seus efectivos. Razão pelos apelos feito na net para fundos monetários e voluntários. Alías já recorrem a voluntários à força.

A invasão do Iraque trouxe mais desculpas para os atentados que eles planeiam fazer. Pensa que só há atentados por causa da política americana? Pensa mesmo que o Bin quer saber da pobreza dos árabes para alguma coisa? Se assim fosse, não matava os próprios irmãos.

A explicação da recente ofensiva para os atentados serem na europa é simples. Enquanto os europeus andam obsecados com os direitos e garantias, os americanos prezam a segurança.

O seu modo de ver é que é fácil. Recorre aos chavões e ao insulto quando lhe falta a argumentação. (Exemplo: a diiculdade com que aceitou a nossa opinião contrária). Mais. Reparou que não o insultamos? Somente nos limitamos a discutir argumento a argumento.
 
Se o(s) insultei, peço-lhe(vos) desculpa. Reli o que escrevi e não descortinei algum insulto - nem sequer lhe(s) disse que estava a «brincar às avestruzes».

Mas não me chame «amigo», está bem? Que eu saiba não sou seu amigo.

Abraço(s).
 
Caro "amigo"

Não nos leve a mal.

É um prazer ler e discutir o seu excelente Blog.

Gostamos muito dos cartoons.

Abraço
 
Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?