sábado, agosto 06, 2005

barbarism begins at home

Passam hoje 60 anos sobre o lançamento da primeira bomba atómica, um belo e heróico acto terrorista praticado pelo lado bom da História, que causou o maior número de mortos (mais de 90% dos quais civis) desde sempre: o equivalente a 45 vezes o 11 de Setembro.

Como tinha sido engano (os rapazes pensaram que Hiroshima era uma base militar e não uma cidade), 3 dias mais tarde outra cidade é alvo da guerra nuclear: Nagasaki. Resultado: mais 70.000 mortos ou desaparecidos.

Não faz mal, pois eram todos japoneses, mesmo as mulheres e crianças. E, além de teimosos, eram uma bocado atrasados e fanáticos. No final, nós ganhámos a guerra, o que acabou por levar o desenvolvimento e económico, social e político ao Japão (e à Alemanha).

Tudo está bem quando acaba bem.
CC

Comments:
Infelizmente verdade, tudo o que escreves.
Parece que a barbárie é só dos dias que vão correndo...
 
É tudo uma quetão de berço e de look. Os americanos são anjos na terra, que apenas querem levar a cabo a sua missão de guardiães da paz, do progresso, agindo envoltos num manto de luz e de esperança. Logo,tudo o que fazem é em nome da salvação das almas,mesmo que isso implique as maiores atrocidades. Isso é completamente irrelevante quando se tem uma estátua da liberdade,a NASA, pipocas, cinema, a Disney World, muita cor, luz e movimento.
Já os japa, com aquela fisionomia, língua pouco melódica e rituais macabros e austeros não geram grandes simpatias. Tiveram o seu momento de glória com o Dragon Ball, mas que fica reduzido cinzas, se falarmos da Walt Disney. Dificilmente reconhecemos a sedução, o glamour das estrelas de Hollywood, pelo que o rótulo de maus da fita caí-lhes que nem ginjas, têm mais queda para o papel e se o produto vende, como se diz no futebol, a equipa que vence não muda.
 
Neste domingo escrevia Vasco Pulido Valente:
«Ontem mesmo houve quem escrevesse, "sem hesitação", e sem cérebro, que Hiroshima foi "o acto mais brutal de terrorismo da história contemporânea".
Ironicamente, a Inglaterra precedeu a Alemanha (para não falar da América) na convicção de que o "bombardeamento de massa" ou "de área" era o meio moderno de ganhar a guerra. O próprio Churchill aceitou desde o princípio (e na oposição a Chamberlain) esta doutrina básica e, em 1939, a força de bombardeio inglesa já superava largamente a alemã. Até ao fim, a RAF, arrasou, à noite e com crescente eficiência as cidades da Alemanha, sem grande preocupação pelo seu valor industrial ou estratégico. Hamburgo (50.000 mortos), Dresden (pelo menos, 40.000) e Berlim (à volta de 50.000) ficaram como um exemplo particularmente ilustrativo de uma guerra calculada e fria contra a população civil (de resto, ao contrário da lenda, bastante eficaz).
No Oriente, o general americano Curtis LeMay obliterou Tóquio, Nagoya, Kobe, Osaka, Yokohama, Kasawaki e dezenas de outras cidades. Morreu quase um milhão de pessoas (contra 600.000 na Alemanha). Bloqueado e sem gasolina, o Japão estava perdido. Mas ninguém esquecera Iwojima e Okinawa. Em Okinawa (Abril-Junho de 1945), de uma guarnição de 120.000, 110.000 tinham morrido em combate (ou por suicídio) e só 7.400 se tinham entregue. No território principal do Império, o exército japonês estava intacto e bem municiado. Muito longe, na fronteira da Manchúria, os russos não podiam ajudar. Quanto custaria uma invasão? Alegam agora que o Japão se queria render. Se queria, não o declarou. A escolha era clara: repetir Okinawa numa escala imensa ou usar a bomba. Truman usou a bomba. Poupou milhões: de americanos e, principalmente, de japoneses. »

Não quero entrar na contabilidade muito feia dos mortos: se aqui mais, se na Ucrânia durante o reinado de Estaline mais (e à fome, que é sempre uma maneira lenta e dolorosa de morrer).

A leitura está errada , actos bárbaros em larga escala no século passado foram bastantes mais que as nossas almas pardas possam aguentar. Talvez como li na resvista sábado este fim de semana somos todos terroristas (na crónica de Barata Feyo acho ...), ou o fomos no passado não muito distante e não querer voltar a (re)viver é a parte mais importante.

Foi essa a génese da UE, por exemplo, não repetir uma II GM.
 
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