terça-feira, setembro 13, 2005
Ah! Estás aí!
Hailé Selassié foi imperador da Etiópia entre 1930 e 1974. Entre outras, foi o responsável pela abolição da escravatura naquele país, o primeiro a passar uma constituição, enfrentou a invasão italiana, era também considerado uma espécie de divindade por parte dos rastaferians, que viam neste homem um respeitável representante de Zion.
Fui encontrar Selassié num livro que adquiri há meses - "Entrevista com a história" de Oriana Fallaci. A acompanhá-lo estão muitas personalidades políticas que dominavam a "cena" mundial no início da década de 70. Curioso exercício ler estas entrevistas, marcadas por uma memória ainda muita fresca do fascismo e pelo final da IIGM. Curioso porque deu para constatar que não mudámos muito, embora o discurso político à época fosse bem mais engagé, mais claro, mais determinado.
No entanto é sobre o Selassié que queria escrever. Não resisto a deixar uma descrição que a jornalista faz das punições aplicadas pelo imperador. É que apesar de ter modernizado bastante o seu país, tinha ainda vincados os outros hábitos de déspota iluminado (aliás durante a entrevista usa sempre um plural majestático: "Nós concordamos"), chega a ter requintes de humor macabro. Mémorias de um tempo não muito distante do nosso.
Sofia
Fui encontrar Selassié num livro que adquiri há meses - "Entrevista com a história" de Oriana Fallaci. A acompanhá-lo estão muitas personalidades políticas que dominavam a "cena" mundial no início da década de 70. Curioso exercício ler estas entrevistas, marcadas por uma memória ainda muita fresca do fascismo e pelo final da IIGM. Curioso porque deu para constatar que não mudámos muito, embora o discurso político à época fosse bem mais engagé, mais claro, mais determinado.
No entanto é sobre o Selassié que queria escrever. Não resisto a deixar uma descrição que a jornalista faz das punições aplicadas pelo imperador. É que apesar de ter modernizado bastante o seu país, tinha ainda vincados os outros hábitos de déspota iluminado (aliás durante a entrevista usa sempre um plural majestático: "Nós concordamos"), chega a ter requintes de humor macabro. Mémorias de um tempo não muito distante do nosso.
«As punições do imperador excluem os membros da família real. Estes não
podem ser condenados à morte ou a penas corporais. Mas para os outros as penas
vão do trabalho forçado até à forca. Desaparecido o uso da corte da mão e do pé,
ainda legal há poucos anos, ficou o uso de emparedar vivos os traidores na
sua própria casa.
...
Um outro sistema que lhe é querido é a humilhação pública. Se um cortesão comete um erro ou se mostra indigno da sua confiança, Sua Majestade castiga-o deste modo: todas as manhãs obriga-o a apresentar-se diante dele, de joelhos, e finge que não o vê, durante meses, às vezes anos. O perdão vem no dia em que o imperador pára diante dele e diz: " Estamos surpreendidos de te ver aqui, filho. Que podemos fazer
por ti?»
Comments:
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Já agora, há que dizer que Selasié é o profeta dos "rastas", cuja denominação vem precisamente de Ras Tafari - epíteto do imperador etíope antes de ser coroado. Duvido é que a maioria dos "rastas" saiba disso.
...tenho um artigo...mais ou menos relacionado...o post...intitula-se "As ditaduras aceites..."...Ana...obrigado pelo post...esclarecedor...um beijo...
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