terça-feira, setembro 13, 2005
do jornalismo de sarjeta, e da pena de morte
O Expresso de sábado passado "noticiou" em primeira página um crime ocorrido em Caxias, com desenvolvimento a meio do caderno principal. A "notícia" descrevia em amplo pormenor o modo bárbaro e atroz como foi torturada e morta uma criança de seis anos, incluindo (não na primeira página, mas no desenvolvimento) a foto da criança.
O que o Expresso fez nada tem a ver com jornalismo. É doentio, é repugnante, é imoral, e nega à criança em causa o mais elementar dos direitos: ter na morte a dignidade e o repouso que lhe foram roubados em vida.
A mim, o Expresso estragou-me o fim-de-semana e (até ver) a semana. Sei que corro o risco de ler este tipo de lixo se comprar O Crime, estava (erradamente) convicto que o evitava comprando o Expresso. Não volto a enganar-me, porque após vinte anos de leitura assídua não volto a comprar este pasquim.
Quanto à morte da criança, gostava muito de ter a fé dos meus amigos católicos, que acreditam que o sofrimento será recompensado em lugar próprio. Infelizmente não a tenho, e o que sinto neste momento é sede de justiça. Talvez o ódio me cegue neste momento, e me faça repensar tudo o que sempre defendi quanto à pena de morte (designadamente por formação jurídica). Ou talvez me faça ver mais claramente que em nome da nossa própria sobrevivência, como exigência para que possamos andar de cabeça erguida na rua, temos de extirpar do nosso seio quem não merece viver entre os seus semelhantes.
Gostava muito de não ter lido esta "notícia". Gostava muito mais que ela nunca tivesse acontecido.
LR
O que o Expresso fez nada tem a ver com jornalismo. É doentio, é repugnante, é imoral, e nega à criança em causa o mais elementar dos direitos: ter na morte a dignidade e o repouso que lhe foram roubados em vida.
A mim, o Expresso estragou-me o fim-de-semana e (até ver) a semana. Sei que corro o risco de ler este tipo de lixo se comprar O Crime, estava (erradamente) convicto que o evitava comprando o Expresso. Não volto a enganar-me, porque após vinte anos de leitura assídua não volto a comprar este pasquim.
Quanto à morte da criança, gostava muito de ter a fé dos meus amigos católicos, que acreditam que o sofrimento será recompensado em lugar próprio. Infelizmente não a tenho, e o que sinto neste momento é sede de justiça. Talvez o ódio me cegue neste momento, e me faça repensar tudo o que sempre defendi quanto à pena de morte (designadamente por formação jurídica). Ou talvez me faça ver mais claramente que em nome da nossa própria sobrevivência, como exigência para que possamos andar de cabeça erguida na rua, temos de extirpar do nosso seio quem não merece viver entre os seus semelhantes.
Gostava muito de não ter lido esta "notícia". Gostava muito mais que ela nunca tivesse acontecido.
LR
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Há algo que muda definitivamente quando a justiça deixa de ser uma abstração jurídica e passa a ser um sentimento concreto.
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