sexta-feira, setembro 23, 2005
it's the politics, stupid!
Uns posts mais abaixo, escrevi: «(...) quanto à negação de direitos políticos a ex-presidiários, estava convencido que se restringia a alguns estados do Sul dos EUA que recorrem a essa prática para silenciar a população mais escurita.»
Num comentário anónimo, alguém disse «(...) Isto foi o Louça que escreveu? É que está tão definitivo, tão "nós desmascaramos as políticas fascitas"....»
FACTO #1: 48 Estados dos EUA têm actualmente restrições ao voto, uns para quem esteja em cumprimento de pena, outros para quem já tenha saído da cadeia mas esteja em liberdade condicional, outros ainda para sempre. Não inventei.
FACTO #2: Há quem concorde (ver aqui). Existem Portas, Louçãs e anónimos em todo o lado.
FACTO # 3: Há quem discorde, caso de dois jornais manifestamente radicais e quiçá comunistas como o New York Times e o Washington Post.
FACTO # 4: Se ainda não percebeu, amigo(a) anónimo(a), volte a #1.
LR
Comments:
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Aliás o próprio Pravda, de saudosa memória, mantinha estreitas relações de amizade e confraternização revolucionária com os dois órgãos de informação acima referidos. Viva Castro! E Che! No pasaran ... e essas coisas ... e tal.
AR
AR
1) A proposta de não permitir que pessoas presas ou em liberdade condicional votem parece-me boa. Eleger os orgãos que dirigem o país é uma responsabilidade que exige alguma idoneidade moral. Claro, uns concordaram comigo outros não. Estamos em democracia.
2)A afirmação que faz é que esta lei existe para "silenciar a população mais escurita". A conclusão é sua e eu não concordo com ela. A lei em causa aplica-se a todos os cidadãos, independentemente da cor da pele, religião, sexo ou convicções políticas.
3) Os negros são os mais atingidos porque são também os que, em percentagem, têm maior número de condenações.
4) Não será uma forma de racismo deixar de lado uma lei que consideramos justa apenas porque ela afeta de forma mais intensa um determinado grupo?
5) A minha comparação com o "comandante " Louçã vem do juízo prévio e definitivo que faz: quem elaborou aquela lei, ou a apoia, quer retirar direitos aos negros. Não lhe passa pela cabeça que alguém possa apoiar tal medida apenas porque a considera justa?
2)A afirmação que faz é que esta lei existe para "silenciar a população mais escurita". A conclusão é sua e eu não concordo com ela. A lei em causa aplica-se a todos os cidadãos, independentemente da cor da pele, religião, sexo ou convicções políticas.
3) Os negros são os mais atingidos porque são também os que, em percentagem, têm maior número de condenações.
4) Não será uma forma de racismo deixar de lado uma lei que consideramos justa apenas porque ela afeta de forma mais intensa um determinado grupo?
5) A minha comparação com o "comandante " Louçã vem do juízo prévio e definitivo que faz: quem elaborou aquela lei, ou a apoia, quer retirar direitos aos negros. Não lhe passa pela cabeça que alguém possa apoiar tal medida apenas porque a considera justa?
Olá, anonymous. Agradeço a resposta. Muito sucintamente diria que:
1) Não sou um apóstolo do voto universal, não me choca conceber restrições ao direito de voto (embora seja um terreno perigoso). Choca-me saber - por experiência profissional - que a arbitrariedade e o erro na condenação pelos Tribunais se verificam todos os dias, seja nos Estados Unidos, seja em Portugal. O mundo não é a preto-e-branco, não existem os "bons" e os "maus" - e se queremos definir um critério, acredite (sinceramente) que ter sido condenado em processo criminal não é um índice fiável.
2) Leia com atenção os links que postei, e os links neles contidos. Está descrita em pormenor a génese histórica (nos EUA) destas regras, e exactamente porquê (e contra quem) foram criadas.
3) Podíamos discutir o porquê desta curiosa realidade. Mais uma vez veja os links, e em especial as estatísticas que mostram a maior probabilidade de aplicação de pena efectiva de prisão a não-brancos (isto tem também a ver com a possibilidade económica de custear os honorários de um bom advogado).
4) O inverso, isso sim, será racismo.
5) O juízo "prévio e definitivo" assenta na leitura e estudo não apenas dos sites que lhe recomendei, mas de muitos jornais, livros e revistas sobre o sistema político americano. E (gostaria de pensar) de alguma sensibilidade jurídica - se bem que não dogmática, como disse no início não gosto de excluir (ao menos conceptualmente) todas as hipóteses. Quanto a considerar "justa" esta previsão legal, entramos a meu ver num plano filosófico e religioso. Os "founding fathers" americanos imbuíram o sistema político e legal norte-americano de um espírito puritano - com todas as vantagens e desvantagens inerentes. Nestas matérias político-penais, pessoalmente inclino-me mais para a parábola do filho pródigo...
LR
1) Não sou um apóstolo do voto universal, não me choca conceber restrições ao direito de voto (embora seja um terreno perigoso). Choca-me saber - por experiência profissional - que a arbitrariedade e o erro na condenação pelos Tribunais se verificam todos os dias, seja nos Estados Unidos, seja em Portugal. O mundo não é a preto-e-branco, não existem os "bons" e os "maus" - e se queremos definir um critério, acredite (sinceramente) que ter sido condenado em processo criminal não é um índice fiável.
2) Leia com atenção os links que postei, e os links neles contidos. Está descrita em pormenor a génese histórica (nos EUA) destas regras, e exactamente porquê (e contra quem) foram criadas.
3) Podíamos discutir o porquê desta curiosa realidade. Mais uma vez veja os links, e em especial as estatísticas que mostram a maior probabilidade de aplicação de pena efectiva de prisão a não-brancos (isto tem também a ver com a possibilidade económica de custear os honorários de um bom advogado).
4) O inverso, isso sim, será racismo.
5) O juízo "prévio e definitivo" assenta na leitura e estudo não apenas dos sites que lhe recomendei, mas de muitos jornais, livros e revistas sobre o sistema político americano. E (gostaria de pensar) de alguma sensibilidade jurídica - se bem que não dogmática, como disse no início não gosto de excluir (ao menos conceptualmente) todas as hipóteses. Quanto a considerar "justa" esta previsão legal, entramos a meu ver num plano filosófico e religioso. Os "founding fathers" americanos imbuíram o sistema político e legal norte-americano de um espírito puritano - com todas as vantagens e desvantagens inerentes. Nestas matérias político-penais, pessoalmente inclino-me mais para a parábola do filho pródigo...
LR
Outra coisa: é um prazer discutir estes assuntos consigo (mesmo). Apareça mais vezes, e se lhe apetece assine...
LR
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LR
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