quarta-feira, setembro 07, 2005

Super ut Roma , namque crucificadus iterum

O meu amigo CC levantou, abaixo, uma série de questões que me parecem do maior interesse. Vejamos.
Primeiro, assume que a realidade que eu vejo na televisão é "límpida". Devo discordar. A imagem não é límpida porque eu, não tendo cabo nem antena comum no prédio, tenho necessidade de recorrer a uma antena interior. A imagem é tudo menos límpida. E, em abono da verdade, eu vejo relativamente pouca televisão. Tão pouca que aquilo que fui sabendo da Festa do Avante foi pela Rádio.
Em segundo lugar, interpretou literalmente a minha afirmação de não conhecer Rúbens de Carvalho. Eu, que costumo ler alguns jornais (embora neste período de Verão, confesso, me tenha dedicado mais a não ler coisa nenhuma e a tentar não pensar no que se passa à minha volta) conheço a figura acima citada. Tan-Tan. Ouves a fanfarra? Devo ter ganho €50! Até apostaria que, como a grande maioria dos dirigentes comunistas, esteve preso, na clandestinidade, depois se calhar deu um saltinho à pátria do socialismo, e voltou, e tal ... enfim ... essas coisas que os dirigentes do PC da idade dele e mais velhos têm no Curriculum. Mas tirando isso, não sei muita coisa dele. Também não procurei saber. Mas fiquei a saber que se estiver interessado em obter mais informações sobre Rubens de Carvalho vou poder recorrer à preciosa ajuda do meu amigo CC.
Em terceiro lugar, fiquei a saber, por interpretação a contrario, que é necessário ter assistido a um concerto dos Xutos (ou, no mínimo, ter escutado um CD deles) para perceber a vida, o universo e tudo o mais.
Em quarto lugar fiquei a saber que o meu amigo CC acha que a Festa do Avante não visa promover a mensagem do PCP. Como diria o Ega, esta é de estalo. Ó meu amigo, então eles vão para ali, organizam aquilo tudo, e a sua intenção é apenas dar a conhecer uns belos petiscos, a doçaria regional, promover a música e por aí fora? Aquela coisa dos discursos na abertura e no encerramento devem ser, com certeza, momentos de lazer infanto-juvenil, em que os camaradas de serviço contam a História da Carochinha. E a da Branca de Neve. Do Pinóquio. Da Bela Adormecida. Da Gata Borralheira. Do Dragon Ball Z (esta presumo que seja contada pela Juventude Comunista...).
Em quinto lugar, a Sofia, neste mesmo sítio, acha que o PCP já não defende a sociedade totalitária que dominou metade do mundo durante 50 anos. Eu tinha ficado com a ideia de que o PCP se mantinha fiel à linha marxista-leninista que, entre outras coisas, defende a chamada Ditadura do Proletariado. E que foi um dos poucos que lamentou o fim da URSS. E que nunca chegou a condenar o Estalinismo. Provavelmente, estarei enganado. Se calhar o PCP converteu-se à Democracia liberal e burguesa e eu não dei por isso por estar sentado no sofá a ver televisão.
Em sexto lugar, a comparação entre Pinochet e Direita, nos termos em que aqui foi colocada a questão, não faz sentido. É evidente que o facto de o Pedro ser de direita não o coloca como simpatizante do Pinochet. Provavelmente, mesmo que o Pinochet organizasse uma festa qualquer, mesmo com muita música, petiscos e doçaria, o Pedro não iria lá. E mesmo que ele fosse, eu não iria com certeza. Porque isto é uma questão de princípio.
Em sétimo e último lugar, mas não menos importante por isso, o José Manuel Vieira é, como muito bem percebeu à primeira o Pedro, o Manuel João Vieira. Ó CC, o gajo dos Ena Pá! É que eu não me apeteceu ir confirmar o nome, mas lembrava-me que era Vieira, que era Manuel e que tinha outro nome começado por J ...
AR

Nota - O título foi obtido através de uma tradução online. Peço desculpa se não estiver correcto.

Comments:
Olá AR:) Parece realmente que estou a ser enganada. Isto do PC é uma célula terrorista infiltrada em Portugal que quer tomar o poder e instaurar uma ditadura, acabar com liberdade e Estado de direito. Parece que sim, eu inocente, por ir a ao que eles, manhosamente, chamam de “festa” mal sabia que, qual incauto Fausto, estava a assinar a minha condenação da democracia, estava a festejar os regimes da Correia do Norte, de Cuba, da extinta URSS. Fui conivente. Eu e o Carmona vê lá! Pobre homem! Os 15 euros de bilhete foram para alimentar a máquina de propaganda diária que nos invade – queremos ser como Cuba! O 1,5 euros do bolo de caco não foi, como me disseram, para suportar custos da delegação da Madeira , são para financiar o uma nova ditadura aqui em portugal.

Ora pensava eu que PC era um partido institucionalizado na sociedade portuguesa, de inspiração marxista-leninista e que, parece-me, joga pelas mesmas regras dos outros partidos. Tem um programa para o país, vai a votos, sujeita-se ao escrutínio.

Até (imagine-se !) o tão badalado programa/ mensagem política actual (que pareces conhecer a fundo) que fala sobre
“o ataque aos direitos dos trabalhadores da Administração Pública” ou sobre “ a necessidade do aumento dos salários dos trabalhadores da Função Pública” ou sobre o “fim do regime de isenção de benefícios fiscais às privatizações, à especulação bolsista e imobiliária”( ideias que já defenderam aqui na AQC) são tudo palavras código para pensamento único, ditadura, exterminação da burguesia.

Oh! Obrigado!
 
Respondi ao teu comentário lá de baixo lá em baixo... :D
Se fosse dada a possibilidade aos senhores do Comité Central (a maior prova da lógica estalinista que ainda reina no PCP) chegarem ao poder, duvidas que eles assumiam um regime totalitário?
É verdade que parte dos eleitores joga verdadeiramente segundo as regras do regime democrático. Mas há uma parte com significado (nem que seja por existir 1) que ficaria bastante satisfeita com uma via leninista...
Imagina o cenário absurdo de todas as pessoas que lá vão não serem comunistas. O que é que transparece para a opinião pública? É isso ou a enchente?
Que o banana do Carmona lá tenha ido só demonstra a sua inépcia política.
 
o homem não é uma ilha, é certo, mas enquanto formos carneiros, ficaremos aprisionados ao medo da perda de contacto com o rebanho e seremos confrontados com o medo de ficarmos isolados.
O que está certo ou errado, deriva da nossa consciência e da nossa razão, independente do rebanho.
Sinceramente, considero que os autores deste blog não se sentem livres e maduros para determinar o seu pensamento, independentemente da verdade ser, ou não partilhada pelos outros. Parecem-me antes, conduzidos pela fidelidade ao rebanho, ao invés de se permitirem tolerar a liberdade do pensamento de cada um, já que não conseguem suportar e afirmar a sua verdade, receando o perigo da perda de contacto e aceitação do grupo.
Só a diferença e a multiplicidade pode promover a união e a partilha com os outros e, não o contrário.
 
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