terça-feira, outubro 25, 2005
A Grande Mentira
A propósito do post abaixo, do CC, e dos comentários lá feitos, lembrei-me de largar aqui os meus palpites, embora ninguém mos tenha pedido. Mas não faz mal.
A Função Pública é utilizada, normalmente, como bode espiatório para os problemas deste país e como instrumento relativamente fácil de controlar o problema financeiro da Nação. E, normalmente, os governos são nisso ajudados pela imensa (ainda bem) massa de trabalhadores que não são funcionários públicos. Mas importa, digo eu, clarificar as coisas e, para isso, nada melhor do que alguns números, a saber:
1. Do Statics in Focus n.º 41/2004, produzido pelo departamento oficial de estatísticas da União Europeia, retira-se que a despesa portuguesa com os salários e benefícios sociais dos funcionários públicos é inferior à mesma despesa média dos restantes países da Zona Euro.
2. Outra publicação da Comissão Europeia, L´Emploi en Europe 2003, permite comparar a percentagem dos empregados do Estado em relação à totalidade dos empregados de cada país da Europa dos 15. Em média nessa Europa 25,6 por cento dos empregados são empregados do Estado, enquanto em Portugal essa percentagem é de apenas 18 por cento. A Dinamarca e a Suécia têm quase o dobro, respectivamente 32 e 32,6 por cento. Não me parece que estes países sejam mais pobres do que nós.
3. Um dos argumentos mais usados é do peso das despesas da saúde. A insuspeita OCDE diz que na Europa dos 15 o gasto médio por habitante é de €1458. Em Portugal esse gasto é … €758. Todos os restantes países, com excepção da Grécia, gastam mais que nós. A França €2730, a Austria €2139, a Irlanda €1688, a Finlândia €1539, a Dinamarca €1799, etc.
Julgo que poderíamos continuar por aqui fora ad eternum. Mas eu não quero, até porque não tenho tanto tempo de vida, e por isso passemos adiante.
Eu acho muita graça a quem trabalha no privado tecer comentários pouco esclarecidos acerca do Estado e da Função Pública. Esquecem-se, no entanto, que as empresas onde trabalham não cumprem as suas obrigações fiscais. Se as suas empresas cumprissem essas obrigações e pagassem os mais de €3.000 milhões que devem, apenas em sede de IRC e IVA, com certeza não teríamos problemas de déficit e viveriamos todos melhor. A Banca, por exemplo, paga impostos baixíssimos, comparada com os restantes sectores. Considerando que, em anos de crise, os lucros da generalidade do sector quase duplicaram, não vejo porque não possam pagar os mesmos impostos dos outros todos. Mais. A PT beneficia, devido aos seus investimentos no Brasil, de um fundo concedido pelo Estado, a que eufemisticamente se resolveu chamar de Reserva Fiscal de Investimento que lhe permitiu não pagar impostos pelos prejuízos tidos naquele país, e que ascendeu, no total, a várias centenas de milhões de euros.
Aquilo que eu vejo, meus caros amigos, é que, ao contrário daquilo que se diz e aparece comentado neste blog, quem benefícia em termos absolutamente revoltantes das benesses do Estado não são os seus trabalhadores nem, tão pouco, os seus sistemas de saúde, mas uma fatia escandalosamente grande das Empresas Privadas deste país, quer através de benefícios directos quer através da falta de cumprimento das suas obrigações fiscais, o que se reflete negativamente na sociedade em geral.
AR
A Função Pública é utilizada, normalmente, como bode espiatório para os problemas deste país e como instrumento relativamente fácil de controlar o problema financeiro da Nação. E, normalmente, os governos são nisso ajudados pela imensa (ainda bem) massa de trabalhadores que não são funcionários públicos. Mas importa, digo eu, clarificar as coisas e, para isso, nada melhor do que alguns números, a saber:
1. Do Statics in Focus n.º 41/2004, produzido pelo departamento oficial de estatísticas da União Europeia, retira-se que a despesa portuguesa com os salários e benefícios sociais dos funcionários públicos é inferior à mesma despesa média dos restantes países da Zona Euro.
2. Outra publicação da Comissão Europeia, L´Emploi en Europe 2003, permite comparar a percentagem dos empregados do Estado em relação à totalidade dos empregados de cada país da Europa dos 15. Em média nessa Europa 25,6 por cento dos empregados são empregados do Estado, enquanto em Portugal essa percentagem é de apenas 18 por cento. A Dinamarca e a Suécia têm quase o dobro, respectivamente 32 e 32,6 por cento. Não me parece que estes países sejam mais pobres do que nós.
3. Um dos argumentos mais usados é do peso das despesas da saúde. A insuspeita OCDE diz que na Europa dos 15 o gasto médio por habitante é de €1458. Em Portugal esse gasto é … €758. Todos os restantes países, com excepção da Grécia, gastam mais que nós. A França €2730, a Austria €2139, a Irlanda €1688, a Finlândia €1539, a Dinamarca €1799, etc.
Julgo que poderíamos continuar por aqui fora ad eternum. Mas eu não quero, até porque não tenho tanto tempo de vida, e por isso passemos adiante.
Eu acho muita graça a quem trabalha no privado tecer comentários pouco esclarecidos acerca do Estado e da Função Pública. Esquecem-se, no entanto, que as empresas onde trabalham não cumprem as suas obrigações fiscais. Se as suas empresas cumprissem essas obrigações e pagassem os mais de €3.000 milhões que devem, apenas em sede de IRC e IVA, com certeza não teríamos problemas de déficit e viveriamos todos melhor. A Banca, por exemplo, paga impostos baixíssimos, comparada com os restantes sectores. Considerando que, em anos de crise, os lucros da generalidade do sector quase duplicaram, não vejo porque não possam pagar os mesmos impostos dos outros todos. Mais. A PT beneficia, devido aos seus investimentos no Brasil, de um fundo concedido pelo Estado, a que eufemisticamente se resolveu chamar de Reserva Fiscal de Investimento que lhe permitiu não pagar impostos pelos prejuízos tidos naquele país, e que ascendeu, no total, a várias centenas de milhões de euros.
Aquilo que eu vejo, meus caros amigos, é que, ao contrário daquilo que se diz e aparece comentado neste blog, quem benefícia em termos absolutamente revoltantes das benesses do Estado não são os seus trabalhadores nem, tão pouco, os seus sistemas de saúde, mas uma fatia escandalosamente grande das Empresas Privadas deste país, quer através de benefícios directos quer através da falta de cumprimento das suas obrigações fiscais, o que se reflete negativamente na sociedade em geral.
AR
Comments:
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Caro AR:
O problema não está neste ou naquele sector. O problema está no todo e em cada um de nós. O problema de Portugal são os portugueses.
GS
O problema não está neste ou naquele sector. O problema está no todo e em cada um de nós. O problema de Portugal são os portugueses.
GS
Estava a ler, e parecia ouvir, em fundo a música do "Avante Camarada".
Concluindo e resumindo, tratem lá os Privados de pagar mais impostos, que nos temos de fazer pela vidinha, pois temos de chegar aos 24% e gastar mais uns cobres com a malta, pois o que vem não chega.
Deveriamos gozar do modelo Cubano, ou da Coreia do Norte, onde todos se nivelam por igual (abaixo de cão).
E já agora porque razão estes disfrutam desta "regalia":
o PCP que todos os dias nos dá lições em matéria de combate à evasão fiscal, mantém na Quinta da Atalaia um paraíso fiscal privativo, pois nem tudo o que lá se vende é vendido pelo PCP e nestes casos pode ser constatado que nem há recibos nem os tickets têm qualquer indicação da taxa do IVA.
"Partido Corporativista Português - PCP"
Perdidos os operários e os camponeses que quase desapareceram, o Partido Comunista Português refugia-se nos interesses corporativos.
A mudança é pequena, nem precisa de mudar de sigla.
Concluindo e resumindo, tratem lá os Privados de pagar mais impostos, que nos temos de fazer pela vidinha, pois temos de chegar aos 24% e gastar mais uns cobres com a malta, pois o que vem não chega.
Deveriamos gozar do modelo Cubano, ou da Coreia do Norte, onde todos se nivelam por igual (abaixo de cão).
E já agora porque razão estes disfrutam desta "regalia":
o PCP que todos os dias nos dá lições em matéria de combate à evasão fiscal, mantém na Quinta da Atalaia um paraíso fiscal privativo, pois nem tudo o que lá se vende é vendido pelo PCP e nestes casos pode ser constatado que nem há recibos nem os tickets têm qualquer indicação da taxa do IVA.
"Partido Corporativista Português - PCP"
Perdidos os operários e os camponeses que quase desapareceram, o Partido Comunista Português refugia-se nos interesses corporativos.
A mudança é pequena, nem precisa de mudar de sigla.
(...)tratem lá os Privados de pagar mais impostos(...)????
Continua o delírio...
E há lá delírio maior que insinuar que o AR é comunista?
pedro a.
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Continua o delírio...
E há lá delírio maior que insinuar que o AR é comunista?
pedro a.
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