segunda-feira, dezembro 05, 2005

res publica

Interessante o último post do Pedro. Sobre a questão das eleições presidenciais não me pronuncio, quanto mais não seja por falta de legitimidade: vou-me abster (pelo menos à primeira volta, se houver segunda logo vejo).

Por ora, limito-me a citar uma passagem: O mérito da Família Real Portuguesa faz com que os seus membros estejam acima de qualquer português, pelo menos no respeito que merecem.

Aparentemente isto terá ver com oitocentos anos de história. Bom, esse período corresponde a várias dinastias, pelo que o conceito de família real é no mínimo multifacetado. Mas para nos limitarmos aos últimos duzentos anos, devo dizer que os méritos e os desméritos talvez se equivalham. Tivemos grandes monarcas, capazes de dotar o País de uma Constituição, de o modernizar, de impulsionar as artes; e tivemos outros que fugiram à frente das tropas napoleónicas, para depois regressarem e se submeterem às mais inqualificáveis humilhações impostas pelos ingleses.

O século XIX português viu o "nosso mais velho aliado" enforcar o primeiro-ministro escolhido pelo rei, roubar-nos as melhores exportações, e rematar isto tudo com a história do mapa cor-de-rosa. Perante isto, a monarquia limitou-se a assobiar para o ar, quando não lambia a mão do dono...

Se por família real te referes à prole do Engenheiro Duarte Bragança, convém não esquecer que o mesmo descende do usurpador, trauliteiro e ilegítimo D. Miguel. Quanto a respeito, estamos conversados.

Moral da história: a monarquia é tão boa ou tão má quanto o seja a qualidade dos reis individualmente considerados. Assim como assim, prefiro pensar que as eleições (não necessariamente directas: ainda hei-de falar disto) permitem fazer alguma triagem e substituir a criatura de vez em quando, ao invés de ficarmos sujeitos à la longue a suportar o fruto da melhor ou pior performance testicular e ovular de um casal específico.
LR

Comments:
O que dizes sobre os últimos duzentos anos é verdade, sem qualquer dúvida. No entanto, comparando com o regime republicano, lanço-te um desafio: nos 94 anos de República, aponta-me um único presidente da república que tenha igualado os nossos monarcas mais capazes.
Por outro lado, a questão da legitimidade de Duarte de Bragança é importante. Não estou esquecido que o ramo miguelista foi banido, apesar de haver um documento assinao por D. Manuel II que restabelece a legitimidade de tal ramo (actualmente, na posse de D. Duarte). Se os Bragança e Orléans abdicassem da trono imperial do Brasil, a questão estava resolvidíssima. Como não abdicam, temos que nos ficar pelo Senhor D. Duarte que, apesar de tudo, ainda merece algum respeito por parte de muitos concidadãos.
 
É anacronismo comparar tempos e realidades históricas diferentes. Os valores, as referências não são os mesmos. A riqueza gerada/disponível não é comparável, o conceito de trabalho/ordenado justo também não e por aí fora...
Digo eu...
 
"Desméritos" ?
 
Um desmérito é um demérito grande como o caraças. Quanto aos 94 anos de República, creio ser difícil comparar Presidentes com um leque de poderes muito limitado a Monarcas (ainda que constitucionais) com capacidade bem mais alargada.
LR
 
www.duarteotretas.blogspot.com
 
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