quinta-feira, janeiro 26, 2006
Porque não votei Alegre
Ainda pensei em começar este post mais ou menos assim: 'Alguns amigos me perguntaram insistentemente porque motivo ía votar Cavaco se gostava mais de Alegre'. Seria mentira. Desta vez, os meus amigos estiveram-se mais ou menos a borrifar em quem é que eu votava. Para dizer a verdade, também não sei onde é que eles votaram. Imagino que o CC tenha votado em Manuel Alegre, a Sofia não faço a mínima ideia e o LR ou votou Alegre ou não votou de todo. Mas não lhes perguntei e já há algumas semanas que não falamos por isso não sei. Eu votei, como seria de esperar, em Cavaco. Mas não votei alegre nem em Alegre, apesar de, de longe, ser o meu candidato preferido. Eu explico.
Nunca gostei da figura política de Cavaco. Não simpatizo com a ideia do líder messiânico, aborrece-me a pose mais ou menos arrogante do cavalheiro e irrita-me solenemente a sua total ignorância sobre quase tudo que não gire em torno de números. Gostei dos primeiros 6 ou 7 anos em que foi Primeiro-Ministro, tenho para mim que os últimos dois estiveram ligeiramente acima do pior de Guterres. Da minha boca, isto não é propriamente um elogio. Seguramente, não teria optado pelas auto-estradas mas sim pela formação tecnológica, com supervisão rigorosa da aplicação das verbas do Fundo Social Europeu. Exactamente na linha da opção irlandesa. Enfim. Passou.
Pelo contrário, Manuel Alegre trouxe para o debate político coisas de política e de, como ele disse, cidadania. Trouxe para o debate a República, a Democracia, a participação dos cidadãos na vida da comunidade, o domínio total da vida política pelos partidos políticos. Enfim, coisas que há muito deveriam estar na agenda e não estavam. E não sendo da área política dele, identifiquei-me, totalmente, com a forma como colocou estas questões e, mesmo, com a sua opinião sobre a maior parte delas. Apenas não votei nele porque, o que se tornou evidente nos debates, Manuel Alegre não tem uma visão coerente para o país. Faltou-lhe visão e preparação técnica. Sampaio era jurista, Cavaco é economista e Alegre é poeta. E um país não se dirige com assomos. Talvez noutro contexto, mas não num momento em que é necessário (digo eu) capacidade técnica em quem dirige, a todos os níveis, o país.
É certo, dirão muitos, que um Presidente não governa. Pois não. Mas influencia, sugere, alerta. E para isso, é necessário algo mais do que escrever versos e gritar vivas à República.
AR
Nunca gostei da figura política de Cavaco. Não simpatizo com a ideia do líder messiânico, aborrece-me a pose mais ou menos arrogante do cavalheiro e irrita-me solenemente a sua total ignorância sobre quase tudo que não gire em torno de números. Gostei dos primeiros 6 ou 7 anos em que foi Primeiro-Ministro, tenho para mim que os últimos dois estiveram ligeiramente acima do pior de Guterres. Da minha boca, isto não é propriamente um elogio. Seguramente, não teria optado pelas auto-estradas mas sim pela formação tecnológica, com supervisão rigorosa da aplicação das verbas do Fundo Social Europeu. Exactamente na linha da opção irlandesa. Enfim. Passou.
Pelo contrário, Manuel Alegre trouxe para o debate político coisas de política e de, como ele disse, cidadania. Trouxe para o debate a República, a Democracia, a participação dos cidadãos na vida da comunidade, o domínio total da vida política pelos partidos políticos. Enfim, coisas que há muito deveriam estar na agenda e não estavam. E não sendo da área política dele, identifiquei-me, totalmente, com a forma como colocou estas questões e, mesmo, com a sua opinião sobre a maior parte delas. Apenas não votei nele porque, o que se tornou evidente nos debates, Manuel Alegre não tem uma visão coerente para o país. Faltou-lhe visão e preparação técnica. Sampaio era jurista, Cavaco é economista e Alegre é poeta. E um país não se dirige com assomos. Talvez noutro contexto, mas não num momento em que é necessário (digo eu) capacidade técnica em quem dirige, a todos os níveis, o país.
É certo, dirão muitos, que um Presidente não governa. Pois não. Mas influencia, sugere, alerta. E para isso, é necessário algo mais do que escrever versos e gritar vivas à República.
AR