segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Ah e tal? Ah e tal, não.

Estou no período de escolher escola/colégio para a minha filha. Por causa disso tenho visto algumas coisas boas e outras menos. Um dia destes, fui a uma entrevista a um colégio ligado a uma ordem religiosa de alta reputação no 'mercado'. Devo dizer que fui no papel de Eco. Por insistência da minha 'ex' e para não me saír com nenhum disparate que pudesse colocar em perigo uma eventual candidatura. Enfim, sacrifícios que se fazem ...
Dizia eu, então, que fui à tal entrevista. Devo dizer que acho bastante interessante esta coisa de os colégios quererem entrevistar os pais. Eu tenho para mim que eu é que tenho que entrevistar os colégios para saber se eles são merecedores da minha confiança para lá depositar a minha filha e receberem o meu dinheiro. Mas lá fui, preparado para dizer isso mesmo se a psicóloga tivesse uma conversa que me desagradasse.
Ao que parece, o colégio em causa afirma que está a 'formar elites'. Para além de não compreender essa afirmação do quadro da mensagem de Cristo bem me apeteceu dizer que belo trabalho da treta têm andado a fazer, considerando o estado terceiro mundista em que o país se encontra. Mais valia estarem calados e não dizerem a ninguém que andam a preparar elites há 30 anos ...
Bom, adiante. Lá fui. Aliás, lá fomos. A minha 'ex' para fazer as despesas da casa, eu para fazer de Eco e a minha filha para fazer desenhos enquanto nós eramos 'entrevistados'.
A certa altura, pergunta a psicóloga: 'Então e como é a vivência da Fé?' A quê? Consegui manter, a custo, a compustura, embora, por dentro, me lacerasse em gargalhadas silenciosas. Ainda pensei em responder: 'Ah, eu cá gosto dos Sabaths'. Mas depois ía ser uma grande confusão e decidi que era melhor não. A pequenita lá respondeu que o Menino Jesus tinha nascido no Natal e lhe dava prendas. A par com o Pai Natal. A minha 'ex' acabou por confessar que não vivia a Fé de forma muito empenhada. E eu, desta vez, fui um Eco mudo. Mas que gargalhava cá dentro garanto que gargalhava.
AR

Comments:
santa hipocrisia
 
Há outros colégios, sabe, AR?
 
Pois há. Isso é uma grande verdade e fui a outros. Dos quais gostei bastante mais. Este foi apenas por vontade da minha 'ex'. E eu não gosto de ser desmancha prazeres, sabe? Mas não me estou a ver a inscrever a minha filha num colégio onde se preparam elites, se 'vive a fé' (apesar de se dizer que os alunos não têm que ser católicos) e as palavras de ordem são rigor e disciplina...
 
Se mencionar de que escola se trata, talvez seja mais fácil comentar o seu post.
De qualquer modo, pelo menos a mim, parece-me estranho que a entrevista seja feita por uma psicóloga e que seja o seu gabinete a fazer as perguntas da fé e a afimar a excelência como objectivo.
 
Não é relevante para o caso o colégio em questão. Apenas relatei este episódio pelo caricato (na minha opinião, evidentemente) da situação. Imagino que noutros colégios do mesmo âmbito as posturas sejam semelhantes, no que estão, de resto, no seu direito.
AR
 
Tem bom remédio, caro Ex: ponha-a na escola pública onde poderá gargalhar alto e bom som, sem que ninguém lhe ligue ou paresente queixa e poupe a vaga - além do seu precioso dinheirinho - para outro para quem "a vivência da Fé" seja, ainda, um assunto alegremente sério. Aquela alegria que, embora nem sempre gargalhando, permanece capaz de sorrir cada dia... E já agora, que tem feito - além de gargalhar - para libertar este país e mundo do terceiromundismo?...
 
Tem bom remédio, caro Ex: ponha-a na escola pública onde poderá gargalhar alto e bom som, sem que ninguém lhe ligue ou apresente queixa e poupe a vaga - além do seu precioso dinheirinho - para outro para quem "a vivência da Fé" seja, ainda, um assunto alegremente sério. Aquela alegria que, embora nem sempre gargalhando, permanece capaz de sorrir cada dia... E já agora, que tem feito - além de gargalhar - para libertar este país e mundo do terceiromundismo?...
 
Caro Filipe. Ainda bem que me coloca essa questão. Respondo-lhe. Tenho-me batido pela vivência da cidadania, pela honestidade, pelo rigor de quem desempenha funções que determinam o destino da (nossa) comunidade, pela recusa em ir com os outros porque sim. Tenho-me esforçado para que em vez de sorrir possa gargalhar em todo o sítio. Essencialmente, tenho-me batido pela luta contra os hipócritas que anunciam que aqui cabem todos mas depois me perguntam pela vivência da fé. Espero que tenha ficado esclarecido. Um abraço.
AR
Nota: 'Ex' é a minha ex-mulher, não sou eu.
 
AR:
Da mesma forma fui à entrevista para os meus filhos no CSCM, católico. Ía como o AR mas com menos um pé atraz. Era o último colégio que faltava ver e foi aquele por onde me decidi. Respondemos à Directora da mesma forma que vocês, eu Eco e a minha mulher "que tb andava em falta com o JC". Procurava provavelmente o mesmo que AR, tinha algum receio da "orientação" mas também sabia que a escola é apenas complementar. Não me arrependo da escolha. O colégio foi número um no País quando começaram as avaliações. Um dos filhos concluíu engenharia e "escolheu" o emprego que quis e ou outro está a acabar.
Tinha que fazer esta defesa da qualidade e do rigor que encontrei naquelas senhoras e não chegou a ser nenhum sapo vivo.
Votos de que tenha acertado.
 
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