quinta-feira, setembro 28, 2006

Divagações LII

Um dia destes, a propósito de uma conversa qualquer, insinuou-se que ser-se D. Quixote não era boa ideia, que não levava a lado nenhum. Permitam-me discordar.
A mera insinuação de quixotismo é algo que me deixa profundamente orgulhoso. E isso por três ordens de razões.
Primeiro, por Dulcineia. D. Quixote era um homem que amava totalmente. Não pedia nada em troca. Não reclamava uma contrapartida. D. Quixote dava, sem retorno, um amor sem limites que o engrandecia, que o tornava um indivíduo infinitamente maior. Essa capacidade de amar, só por si, colocava-o num patamar muito superior a todos os outros. Fazia dele um Homem.
Em segundo lugar, D. Quixote tinha um sentido de decência e pudor que o distanciava de todos os outros. Era um Homem Limpo.
Finalmente, D. Quixote guiava-se por um código de conduta exemplar que fazia dele um Homem Justo. A Justiça de D. Quixote não se adapta aos interesses deste ou daquele. Porque a Justiça não se deve, como ele bem sabia, adaptar aos interesses deste ou daquele. Não é um pedaço de barro que moldemos às nossas conveniências.
E este Amor, esta Decência e esta Justiça davam-lhe a força para lutar contra os malvados Gigantes, disfarçados de Moínhos de Vento.
AR

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