terça-feira, setembro 05, 2006

Divagações XLIV

As férias começavam aí pelo início de Junho. Por vezes mesmo pelo final de Maio, depois dos últimos testes. As últimas duas semanas de aulas eram, por regra, estranhas: ainda tínhamos aulas mas já não contavam. Conversava-se enquanto os professores preenchiam os sumários com uns inverificáveis 'Resumos da matéria dada'.
Depois ... bem, depois arrastavam-se lentamente até Outubro. Um arrastar que se podia saborear, espesso e cremoso, enquanto o Verão de desenrolava à nossa frente. Praia, amigos, Coimbra. Sempre a inevitável e muito desejada Coimbra.
Em Agosto, nas horas em que o calor apertava, jogava-se Monopólio. Normalmente quem ficava com a Banca ganhava. Sinais dos tempos que viriam. 'Ganha a Banca' traduzia-se perfeitamente por 'Ganha quem tem a Banca.' Eram os hotéis mortais na Rua Augusta e no Rossio, ou aquela esquina assassina dos bairros laranja e vermelho: a Sá da Bandeira, a R. do Carmo, a Santa Catarina ... o acumular de dinheiro no centro até que alguém caísse na casa certa e arrecadasse o monte de notas. Não havia Sorte nem Caixa da Comunidade que salvasse quem caísse no Rossio. Apenas o 'Vá para a Prisão. Vá directamente sem passar pela casa Partida e sem receber $2000'.
E quando, finalmente, podíamos saír e ir à mercearia do Vítor comprar os gelados de cubos de sumo, a 1$00 cada, eramos os novos magnatas do imobiliário em Portugal.
AR

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