quarta-feira, novembro 29, 2006

Divagações LXXIII

Tenho uma história para contar. Uma história verídica. Gostaria de dedicar esta história aos simplórios que andam sempre a morder na Função Pública e a gritar Hossanas Histéricas ao empreendedorismo privado.
Ontem de manhã chegaram dois senhores aqui ao meu serviço vindos da companhia que faz a manutenção do elevador. Vieram arranjar o dito. Tudo estaria bem não fora o pequeno detalhe de o elevador não estar avariado. Adiante.
Ali estiveram a manhã inteira complicando o funcionamento dos serviços que se estendem por três pequenos andares servidos apenas por aquele elevador. Quando regressei do almoço, lá tinham voltado os dois senhores mais um terceiro. E ali estiveram o dia todo, olhando para uns papéis que tinham os esquemas de uns circuitos que, imaginei, lhes permitiria desvendar o impenetrável mistério do elevador que, não estando avariado, era necessário reparar. Indaguei com os colegas responsáveis pelos pedidos de assistência se aquilo tinha sido solicitado mas o espanto deles era tão grande como o meu. Os senhores pura e simplesmente ali tinham aparecido de manhã. Assim se passou o resto do dia. Pensei que o misterioso problema ficara resolvido, uma vez que por volta das 17h os senhores desapareceram tão misteriosamente com haviam aparecido e o elevador continuava a funcionar da mesma forma que no dia anterior, ou seja, bem.
Hoje de manhã, ao chegar às 9h20m ao meu gabinete eis que dei com três dedicados funcionários da companhia que faz a manutenção do elevador. Logo me informaram que o elevador estava em verificação, que em português corrente significa que não há nada para ninguém. Nothing. Rien. Kaput. Já não era problema de maior uma vez que ontem começámos a circular pelas escadas de emergência o que, de resto, só nos fez bem.
Pois eles ali estão, junto à casa das máquinas, que fica quase em frente ao meu gabinete. Não percebo nada do que se passa, mas vejo-os abrir e fechar a porta do elevador bloqueando-o entre os dois pisos e olhando depois para o poço para além de ouvir o roçar das folhas de papel, o que significa que eles lá devem continuar de volta dos seus esquemas de circuitos a tentar arranjar o elevador que não está avariado. Se calhar o problema até é mesmo esse. Se calhar é porque o elevador não está avariado que eles não o conseguem arranjar. Conjecturo eu, que de elevadores apenas domino a técnica de carregar no botão do piso para onde quero ir. Com um bocado de sorte, àmanhã serão quatro. Que mal funciona a Função Pública, não é?
AR

Comments:
Meu caro AR:
E quando eu regressar aí, na Segunda, espero que não estejam a "rondar" por aí uns sete ou oito...
Mas tens razão: o mal é sempre nosso, não é?
 
AR
Tens sorte se na próxima segunda feira tiveres elevador, porque aqui no meu prédio já não é a primeira vez que o elevador se avaria no dia ou nos dias a seguir a ter sido revisto.
 
Um episódio recorrente, visto e revisto em toda a parte. Alguém foi pago pelo serviço, um externalizado, por isso não se duvide da eficiência do mesmo. Curioso como sempre são esses os que mais criticam o estado e vivem na sua sombra.
 
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