sexta-feira, novembro 17, 2006

Levanta-te e Anda

Pedro Santana Lopes deu ontem a entrevista a que eu chamaria do milagre da ressurreição: o país assistiu, se quis, ao ressuscitar de Lázaro. "Lázaro dorme, vou despertá-lo do sono" (João 11,11). E eis que um novo (velho) PSL surge do esquecimento a que se votara e fora votado há quase dois anos.
A entrevista foi assassina pelo menos para Sampaio e para Carmona Rodrigues. A este último bastaram duas caretas e duas pausas, mesmo no final, para lançar no descrédito. "A mim, a quem atribuiam sempre a instabilidade, a coligação em Lisboa durou 4 anos". O argumento é válido apesar de intelectualmente desonesto: Mª José Nogueira Pinto não tem qualquer semelhança com Pedro Feist, primeiro, e António Monteiro, depois. Aliás, teve PSL problemas com os vereadores do seu próprio partido, como Sofia Bettencourt. Mas adiante.
De Sampaio se ficou a saber que jogou pouco limpo até à véspera da dissolução da Assembleia da República. Do homem da lágrima fácil ficámos a saber que manipulou nos bastidores para afastar Ferro Rodrigues e colocar na direcção do PS José Sócrates.
E mais se soube. Soube-se que voltará em 2008. Marques Mendes, que cometeu o disparate sem nome de instituír as directas, tem os dias contados até essa data. Nessa altura, Santana passeará calmamente pelo processo eleitoral interno do PSD, com a sua habilidade indiscutível para converter multidões e terá o partido a seus pés. O azar de Marques Mendes é não ler A Quinta Coluna: em devido tempo adverti contra o perigo de as directas deixarem o partido à mercê de qualquer aventureiro - embora Santana há muito tenha passado a fase do aventureirismo - com habilidade oratória. Quem colhe ventos semeia tempestades e Marques Mendes descobrirá isso por si próprio e da forma mais dura.
Para além disso, que se cuide Sócrates. Daqui a dois anos terá Santana pela frente em S. Bento como líder da oposição - não esqueçamos que este é deputado e não cometeu o erro de abandonar o lugar. No final de um ciclo económico nada fácil, Sócrates terá que responder à acusação merecida de mentiroso e ser-lhe-á perguntado onde escondeu o programa eleitoral do PS, onde estão os 150.000 empregos a mais, a melhoria das pensões dos mais idosos, o apoio social aos mais defavorecidos, a protecção da classe média, a justiça fiscal e social. Que Sócrates não tenha dúvidas: Santana vai-lhe perguntar por isso tudo e de maneira bem menos macia do que Marques Mendes.
Entre um trapalhão e um mentiroso, apesar de tudo prefiro o trapalhão.
AR

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