terça-feira, novembro 07, 2006

O Triunfo dos Porcos

Na Direcção Municipal de Planeamento Urbano, da Câmara Municipal de Lisboa, foi necessário fazer cortes: faltava o dinheiro. Foram dispensados técnicos - arquitectos, engenheiros e por aí fora - que se encontravam a trabalhar para o município há anos - alguns 8 e 9 anos. Encontravam-se em regime de prestação de serviços. O gabinete da vereadora do pelouro tem 40 (quarenta, por extenso, para não restarem dúvidas) assessores. Muitos vêm apenas receber o vencimento. Não os há a receber menos de €2000 por mês - e os que andam nesta ordem de valores são os juniores, putos do partido, da faculdade ou simples amigalhaços, que nunca trabalharam na vida e que se encontram na posição de mandar e decidir.
Nos concursos públicos para adjudicação de obras em alguns casos os dirigentes dão instruções sobre quem deve ver atribuído o contrato. A corrupção é generalizada.
No concurso público de acesso para juristas, que está em curso, as movimentações são mais do que muitas. Evidentemente, vão ser os putos do partido que vão ficar com os lugares contra os juristas que se encontram - alguns deles há mais de uma dezena de anos - a trabalhar na câmara em situação precária. Conheço alguns casos desses, de juristas a quem não é dado trabalho mas têm a protecção de políticos corruptos, com o deputado António Preto, e que, portanto, ficarão seguramente com os lugares na administração.
São estes mesmos que, um dia, chegarão ao topo da carreira, contra os que vão trabalhar a vida toda mas não alinham - porque não querem ou porque não podem - com a canalha que governa esta câmara e este país. É para aí que aponta a nova lógica da restrição de acesso de toda a gente ao topo da carreira. Acho que ninguém com dois palmos de testa duvida disso.
Na Assembleia Municipal, há funcionários a terem um mês completo de férias mas a receberem a totalidade de horas extraordinárias durante esse período, com a concordância de directores e chefes de divisão. Eu, que percebo pouco destas coisas, tenho para mim que a conivência com tais actos dá lugar a processo disciplinar e, eventualmente, a expulsão da Função Pública. Mas esta canalha ordinária continua rindo e cantando enquanto, a todos os níveis, a República se vai afundando no lodo da sua própria corrupção e indiferença. Os ideais de 1910 e de 1974 estão, há muito, enterrados.
Resta-nos esperar, calmamente, que o barco se afunde de vez. Não duvido que o Poder cairá na rua, mais tarde ou mais cedo. Lamento que todos os que foram responsáveis pela situação a que estamos a chegar não possam ser responsabilizados. O julgamento da História não será, seguramente, suficiente.
5ª e 6ª faço greve. Não que julgue que isso venha a fazer muita diferença, mas porque é a única forma que tenho de mandar estes canalhas todos para a puta que os pariu.
AR

Comments:
Também faço greve!
 
Irmanamo-nos no mesmo gesto de fazer greve, meu caro.
Até porque, diferentemente do reverendo Marcelo (o das missas dominicais na RTP1), não confundo rigores orçamentais com preocupação preferencial com os mais desprotegidos.
E ficamo-nos por aqui...
Aquele abraço
 
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