sábado, janeiro 27, 2007

Borboleta

Faz hoje dois anos que a minha amiga Bastet escreveu este texto. Por ser de uma beleza e força extraordinárias, e por esse aniversário, aqui o transcrevo, com o grafismo de poema, como merece.

"Já era borboleta quando voou.

Asas de malva,
véus de mulher, silhueta de fada,
varinha, condão,
asas de dança, dança parada.

Fora outra qualquer,
apenas mulher,
vestido vulgar,
mãos de tarefa, colo de filhos,
caminho igual, escada de prédio, carro pequeno,
carro pequeno, escada de prédio, caminho igual.

E nos caminhos iguais acontecem diferenças,
e nos prédios banais moram princesas,
do carro pequeno alaram corséis,
das escadas cinzentas rasgos de luz, anéis de sol.

E quando a viram já não a viram que as asas de anjo já lhe cresciam,
rosto de riso, dança parada, silhueta de fada,
outra mulher.

E quando a viram já não a viram,
vestida de véus,
braços de pomba, vôo de garça, plumas de graça,
a mesma mulher.

E nos dias diferentes há caminhos iguais,
princesas banais vestem mulheres,
corséis alados são carros pequenos e nos degraus cinzentos,
com asas de malva,
vai uma fada com véu de mulher."

Bastet


Comments:
Obrigada amigo por me recordares que, de há um ano a esta parte, estou a escrever cada vez pior!!! :)
 
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