terça-feira, fevereiro 13, 2007

Em conclusão

Tendo votado 'sim' no referendo deste fim-de-semana não fiquei particularmente feliz com os resultados. Antes de mais, porque este referendo não deveria ter existido. Por um motivo muito simples: é que o bom mesmo é que não houvessem mulheres colocadas perante a contigência da realização de um aborto.
Achei a celebração na sede de campanha dos apoiantes do Sim de um profundo mau gosto. O aborto é um drama. Não é algo que se celebre. Apesar de haver, como haverá a partir de agora, o direito de o realizar dentro do prazo previsto.
Porém, estou certo, que as alterações que se farão agora à lei não vão alterar o cenário de fundo. E o cenário de fundo é criarem-se as condições para que não seja necessário recorrer ao aborto. É certo que, e disto estou convicto, sempre se realizarão abortos. Mas para os reduzir ao mínimo número possível há que fazer duas coisas: educação sexual e planeamento familiar. Liberalizar o aborto ou proibi-lo não resolve, de certeza, esse problema. Há que implementar nas escolas uma disciplina de educação sexual e planeamento familiar. Há que deixar de ter medo ou pudor em falar sobre sexo. Cabe, evidentemente, ao Estado tomar essa iniciativa. E cabe aos que se têm oposto à liberalização do aborto colocarem-se na linha da frente do apoio a essa reforma. Ao contrário da posição que têm tido de se oporem a isso de cada vez que o assunto vem à baila. Têm que perceber que aquilo por que lutam só pode ser resolvido, ou atenuado, através da educação e da informação.
AR

Comments:
OK, tudo o que escreveste está certo, mas também ouvi na noite do referendo ser pedido pelos apoiantes do não que fosse dado pelo Estado o valor do custo de um aborto como subsidio de nascimento.
Tudo isto está muito certo, mas não ouvi falar, por exemplo, na necessidade de evitar maus tratos às crianças indesejadas.
No futuro, que poderá acontecer se o subsidio de nascimento for suficientemente alto para que hajam mães que venham a ter filhos só para receber o dinheiro ?
Não acreditam que tal seja possível ?
Abram os olhos e vejam o que se passa aí em muitos cruzamentos com semáforos em que as crianças servem de apoio à mendicidade ou apenas para permitirem "limpar" situações de emigração ilegal.

Por outro lado muitos dos placards do não diziam que não queriam que o dinheiro dos impostos servissem para pagar os abortos, mas as associações de apoio à infância vivem na grande maioria do apoio do Estado.
O Estado serve para uma coisa, mas já não serve para a outra ?
Têm medo que com os abortos lhes falte a matéria prima e os vossos postos de trabalho fiquem em risco ?

Tal como a virtude, a verdade sobre o problema do aborto está no meio das respectivas posições e ninguém queira resolver rapidamente um problema para o qual partimos com quase 30 anos de atraso em relação à Europa.
 
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