sexta-feira, maio 04, 2007
Toma lá!
Carmona Rodrigues surpreendeu ontem tudo e todos ao anunciar que não se demitia. Acho que faz bem.
Independentemente do que de mau que se tem passado na gestão da autarquia, uma coisa é certa: Carmona não teve um segundo de descanso desde que ganhou as eleições. E a oposição principal veio do próprio partido. Nomeadamente de Paula Teixeira da Cruz, presidente da Assembleia Municipal e da Distrital de Lisboa do PSD.
A escolha de Carmona Rodrigues para liderar a lista do PSD não foi, como se sabe, pacífica. E, como ele próprio referiu ontem, o sistema político português não gosta de outsiders, estranhos às lógicas partidárias. Por isso o PSD tão esforçadamente tem tentado sabotar o trabalho do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Ontem, Carmona virou a mesa e confundiu a lógica partidária.
Em grande parte, Marques Mendes tem largas culpas no cartório. A decisão de seguir a linha de afastar os autarcas constituídos arguídos em vez dos efectivamente acusados deixa-o refém, principalmente, do PS, que manipula abertamente o sistema de justiça. De facto, a constituição de Carmona como arguido foi apenas o último passo numa espiral de cerco que foi subindo de tom conforme se via que Carmona ía resistindo. Começou em Gabriela Seara, passou a Fontão e terminou agora com ele. O PS e algum PSD, despudoradamente, usam todos os meios para se verem livres dele.
Mas a oposição na CML está, ainda, refém de um vereador: Sá Fernandes.
Para mim é um mistério como é que o BE tem tanta capacidade de manipular não apenas a comunicação social como de levar atrás os outros partidos.
Sá Fernandes exige agora responsabilidades pelo atraso na construção do túnel do Marquês. Parece-me bem. No entanto, as responsabilidades devem-lhe ser assacadas a ele, uma vez que foi ele quem usou de todos os meios ao seu alcance para impedir a realização da obra. Se a construção do túnel se atrasou a ele isso se fica a dever. Se o túnel ficou mais caro, pelos atrasos, a ele isso se deve. Gostava de ver essa responsabilidade assumida. Agora, que o túnel se está a demonstrar, tal como Carmona dizia, útil no escoamento do tráfego daquela zona da cidade, Sá Fernandes faz-se de virgem púdica e tenta virar o jogo. Desta vez não creio que venha a conseguir.
Mas a oposição na CML sofre ainda de uma triste falta de coragem. Ninguém quer ter o ónus da responsabilidade de derrubar o executivo. Porque não podemos esquecer que a oposição está em maioria no executivo. Bastava que todos renunciassem ao seu mandato para derrubar Carmona. Ao não o fazerem, só posso concluír por uma de duas hipóteses: ou são cobardes ou não querem, efectivamente, assumir o risco de, em eleições, ganharem a câmara e não conseguirem fazer melhor do que Carmona.
Mas de tudo isto surge uma possibilidade nova. Quem anda na rua sabe do apoio e simpatia que Carmona tem junto de uma grande camada de lisboetas. Se o executivo da CML vier a ser derrubado, estamos perante uma possibilidade única na história da política em Portugal: a criação de uma candidatura independente dos partidos com possibilidades ganhadoras, que se imponha às lógicas rasteiras da política ranhosa que hoje se pratica em Portugal e que permita um movimento cívico de verdadeira renovação.
Se Carmona quiser avançar para uma solução dessas, não sou só eu que estarei com ele. É também uma larga base de apoio de militantes social democratas que não se revêem na lógica intriguista de muitos dirigentes do PSD e de muitas pessoas desligadas de vínculos políticos para quem Portugal tem que ter mais futuro do que o que lhe é prometido pela clique política que o governa.
AR
Comments:
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Nem duvides, seria para mim a maior alegria desde 1974/5 ver um independente ganhar umas eleições a estes bandalhos chamados de políticos, mas que de tal só lhes interessam as mais valias entre a entrada e a saída dos cargos que ocupam.
Vamos lá a ver se entendemos alguma coisa disto tudo: Querem convencer a malta que o Carmona, afinal, é o "suprasumo" autárquico? Ele que, no mínimo e para ser simpático, até, não vai deixar de ficar na história como sinónimo de INAPTO, INDECISO...
Enfim, basta ter andado por Lisboa nestes tempos mais recentes.
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Enfim, basta ter andado por Lisboa nestes tempos mais recentes.
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