domingo, setembro 28, 2003

Igreja

O meu amigo AR incumbiu-me de comentar as pré-anunciadas medidas do Vaticano para alteração das regras de celebração da eucaristia.
Ainda não o tinha feito por três razões:
1) Do que amo, realço as virtudes e minorizo os defeitos (pelo menos em público);
2) O texto comentado nos media é apenas um rascunho, que dificilmente verá a luz do dia nos termos em que foi enunciado. E, caso venha a ser aprovado, declaro desde já que sou impotentemente contra.
3) Como já referi, sou como o David Byrne («when I have nothing to say, my lips are sealed») e concordo com o CVMHá coisas de que não falo porque não sei. Há coisas de que não falo porque não devo. Há coisas de que não falo porque não quero. Há coisas de que não falo porque não gosto. O silêncio é uma escola de virtudes»).
Além do mais, já uma voz mais alta disse o que eu penso: «que têm os não-católicos com a Igreja Católica? Rigorosamente nada» e «(...) A comunidade daqueles que partilham da fé não tem de ser alvo de debate público (...) É certo que o Vaticano paga o preço pelo namoro tardio com uma progressiva secularização. Mas se batem palmas ou não, se o prior usa roupa interior rosa-choque sob os paramentos, se o "amén" é mais acentuado na primeira ou segunda sílaba é assunto daqueles que lá estão. Exclusivamente». Nem mais.
No entanto, senti-me obrigado a comentar o post de Tiago Barbosa Ribeiro no blog de esquerda.
Continuo sem perceber por que razão quem faz questão de sublinhar o seu ateismo militante se preocupa tanto com as questões internas da Igreja (a menos, claro, que tenham gosto em dançar e bater palmas quando vão à missa...). O TBR responde que «os ateus, agnósticos e não-católicos deixarão de se preocupar com a Igreja no dia em que esta regrida no seu controlo social». E dá exemplos, com os quais até posso facilmente concordar.
O concubinato Estado/Igreja repugna-me tanto como a qualquer republicano laico, quer do ponto de vista do Estado (a mim, enquanto cidadão), quer do ponto de vista da Igreja (enquanto católico) - mas não creio que a solução seja estabeler novos concubinatos com quantas confissões religiosas existam (nem a isso se chama "igualdade").
A pergunta, porém, mantém-se: que interessa a terceiros a vida interna (administrativa, pastoral, etc.) da Igreja? Ou, afinal, quem quer uma Igreja de Estado - com a qual tenha de se preocupar e na qual deseja intervir?
CC

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