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Numa loja de sanitários, móveis de casa de banho, cozinhas, azulejos, mosaicos, tijoleiras, torneiras, saboneteiras e afins, um casal escolhe um
lavatório. Depois de um passeio lento pelo mostruário do estabelecimento e de folheado demoradamente os catálogos das diversas empresas, decidem-se por um modelo que
tem mais a ver com eles. Hesitam depois entre o branco e uma tonalidade pastel e a opção com coluna de suporte ou encastrado directamente na parede. Estão nisto mais de uma hora. Finalmente decidem-se. O lavatório será branco e terá uma torneira toda modernaça. Ficam visivelmente satisfeitos consigo próprios. Abraçam-se e trocam olhares apaixonados.
Este momento romântico vai durar até muito depois da instalação do lavatório na feliz casa de banho familiar. Irá perdurar até a novidade da presença daquele artefacto dar lugar à habituação e à sua perda de influência como laço fundamental na união da vida amorosa do casal.
Repare-se que estamos a falar de um
lavatório. Um objecto pequeno e menos digno que, por exemplo, um
frigorífico. Mas é com estes adereços que se fabrica a maravilhosa existência do amor contemporâneo.
CC
# posted by . : 2/09/2004
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