sexta-feira, abril 02, 2004
post anti-semita de sexta-feira quaresmal
Não, não vou escrever sobre esse filme anti-semita que ganhou o óscar deste ano para o melhor documentário: «Os Friedman» («Capturing the Friedmans», no original).
Acontece que, no meio do trânsito, ando a ler pequenos livros de inspiração católica, bem adequados à época. Agora é a vez de um livro escrito em 1942 por Simone Weil, «Carta a Um Homem Religioso» (Ariadne Editora, Coimbra, 2003) onde essa intelectual de esquerda (se) formula algumas questões, simples mas essenciais à condição de crente nalguma coisa em concreto.
No início desta Carta, reportando-se à herança judaica do cristianismo, Simone Weil, um pouco perplexa, levanta algumas questões, que deixo aqui em jeito de amável provocação, ao amigo Francisco e ao caríssimo Nuno Guerreiro: escreve a autora que «o Livro dos Mortos egípcio, datado de há pelo menos três mil anos ou muitos mais, está impregnado de caridade evangélica. (...) Os Hebreus, que estiveram quatro séculos em contacto com a civilização egípcia, recusaram adoptar este espírito de ternura. Eles queriam o poder...» (p. 13-14).
E, mais adiante,diz que «a verdadeira idolatria é a cobiça (Col. 3:5) e a nação judia, na sua sede de bem carnal, era a culpada, mesmo nos momentos em que adorava o seu Deus. Os Hebreus tiveram por ídolo, não metal ou madeira, mas uma raça, uma nação, o que também era coisa terrena. A religião deles encontra-se, na sua essência, inseparável desta idolatria, devido à noção de "povo escolhido"» (p. 16-17).
Pronto. Agora já me sinto mais católico. Com questões semelhantes às do José, mas sem a tentação de recorrer a cirurgias. E sempre posso continuar a comer secretos de porco preto (hoje não, claro).
CC
Acontece que, no meio do trânsito, ando a ler pequenos livros de inspiração católica, bem adequados à época. Agora é a vez de um livro escrito em 1942 por Simone Weil, «Carta a Um Homem Religioso» (Ariadne Editora, Coimbra, 2003) onde essa intelectual de esquerda (se) formula algumas questões, simples mas essenciais à condição de crente nalguma coisa em concreto.
No início desta Carta, reportando-se à herança judaica do cristianismo, Simone Weil, um pouco perplexa, levanta algumas questões, que deixo aqui em jeito de amável provocação, ao amigo Francisco e ao caríssimo Nuno Guerreiro: escreve a autora que «o Livro dos Mortos egípcio, datado de há pelo menos três mil anos ou muitos mais, está impregnado de caridade evangélica. (...) Os Hebreus, que estiveram quatro séculos em contacto com a civilização egípcia, recusaram adoptar este espírito de ternura. Eles queriam o poder...» (p. 13-14).
E, mais adiante,diz que «a verdadeira idolatria é a cobiça (Col. 3:5) e a nação judia, na sua sede de bem carnal, era a culpada, mesmo nos momentos em que adorava o seu Deus. Os Hebreus tiveram por ídolo, não metal ou madeira, mas uma raça, uma nação, o que também era coisa terrena. A religião deles encontra-se, na sua essência, inseparável desta idolatria, devido à noção de "povo escolhido"» (p. 16-17).
Pronto. Agora já me sinto mais católico. Com questões semelhantes às do José, mas sem a tentação de recorrer a cirurgias. E sempre posso continuar a comer secretos de porco preto (hoje não, claro).
CC