terça-feira, março 08, 2005
crónica do Fantas 2005
A Quinta Coluna é o blog colectivo que mais gosta de cinema. Qual Cinerama, qual quê! (desculpa lá, Miguel). É aqui que se ama o cinema. Por essa razão, A Quinta Coluna enviou metade (sim, METADE) da sua tripulação rumo à Invicta (se descontarmos o Beira-Mar, o Boavista e o Braga - só para falar neste ano), para participar de corpos presentes (e vivos) em mais um Fantasporto.
Um dos membros d'AQC estreou-se nas lides (mas voltará no próximo ano, para a 26ª edição, nem que seja à força), o outro (eu) já é veterano no Festival e teve direito a um livro comemorativo dos 25 anos do evento. Bom, tive de pagar 5 €uros, mas isso não vem ao caso.
Vamos então à crónica. No primeiro dia de Fantas, ainda a caminho do Porto, um desvio pela Figueira da Foz, aproveitando o mau tempo (estava um dia lindo, sem nuvens, o que é mau, devido à seca), um almoço em frente ao mar (de lado, mais propriamente), um descanso pós-prandial na areia em frente ao mar (agora sim). Eis senão quando (como eu gosto desta expressão!), um grupo de adolescentes resolve demonstrar publicamente a imbecilidade própria da idade. Mas foi demais. Não há dúvida que os anos de gestão de Santana Lopes à frente da autarquia, a mudança (para pior) das mentalidades, a convivência diária com o pavilhão Santana Lopes, o Mercado Municipal Santana Lopes e a calçada Santana Lopes, deixaram marcas na psique das pobres criaturas que formavam a personalidade no tempo em que o menino-guerreiro (que, recordemos, «berra e sangra» e «precisa de um abraço / da própria candura») orientava os destinos locais. Agora também eles «precisam de um descanso / precisam de um remanso / precisam de um sonho / que os tornem refeitos».
Dias seguintes. Passeio na Ribeira, do lado de Gaia. Erva caseira. Um filme antigo no AMC. Deitar tarde. O Douro. Alheiras. O Benfica elimina o Beira-Mar e segue em frente na Taça. Visita a livrarias. Acordar tarde. Empadas. O Porto quase a perder pontos com o Penafiel. A Foz. O Rivoli – Grande e Pequeno Auditórios. A repetição dos mesmos anúncios, pela mesma ordem, antes da exibição das películas. A apresentação dos filmes, do realizador ou produtor ou actor presentes antes do filme, com cada intervenção a ser fechada com uma salva de palmas pelos espectadores. E (é aqui que reside o espírito do Festival) a maior salva de palmas reservada para a funcionária que recolhe o microfone do palco depois das intervenções das vedetas.
Serralves. Exposições fracas de Robert Grosvenor, de Raoul de Keyser e uma razoável do português João Penalva. Mas o melhor é a meta-instalação psico-surrealista executada pelos funcionários da Fundação. À entrada, com a entrega dos bilhetes, a menina segreda «foi cancelada a greve da Telecom de Timor». «Desculpe?», pergunto eu, confuso. Ela repete «foi cancelada a greve da Telecom de Timor». Está bem, penso. Obrigado. Lá dentro, enquanto apreciávamos seriamente a única obra de arte exposta naquela sala, da autoria do génio americano Robert Grosvenor, e cujo suporte físico consiste num barrote de pinho colocado no chão (mas a arte é sempre mais do que aparenta), o funcionário, já com idade e tarimba para se tornar um crítico de arte, comenta a peça com uma inesperada dança (braços levantados e pernas saltitantes). E depois volta ao "normal", como se nada se tivesse passado. Pouco depois, numa sala maior, preenchida com os quadros exuberantes do belga Raoul de Keyser, a funcionária, com idade para ser minha avó (pronto, vossa avó), começa a cantar uma área de ópera (um excerto, com cerca de 30 segundos). Termina, cita a autoria e a data e volta ao "normal".
Ah! sim, os filmes. O melhor filme do certame, que acabou por vencer a competição, na categoria principal (Grande Prémio), é do Mourinho do Fantas, Vincenzo Natali, que já tinha ganho em 1999, com o excelente Cube, e em 2003, com Cypher. O deste ano chama-se Nothing e isso diz tudo.
CC
Um dos membros d'AQC estreou-se nas lides (mas voltará no próximo ano, para a 26ª edição, nem que seja à força), o outro (eu) já é veterano no Festival e teve direito a um livro comemorativo dos 25 anos do evento. Bom, tive de pagar 5 €uros, mas isso não vem ao caso.
Vamos então à crónica. No primeiro dia de Fantas, ainda a caminho do Porto, um desvio pela Figueira da Foz, aproveitando o mau tempo (estava um dia lindo, sem nuvens, o que é mau, devido à seca), um almoço em frente ao mar (de lado, mais propriamente), um descanso pós-prandial na areia em frente ao mar (agora sim). Eis senão quando (como eu gosto desta expressão!), um grupo de adolescentes resolve demonstrar publicamente a imbecilidade própria da idade. Mas foi demais. Não há dúvida que os anos de gestão de Santana Lopes à frente da autarquia, a mudança (para pior) das mentalidades, a convivência diária com o pavilhão Santana Lopes, o Mercado Municipal Santana Lopes e a calçada Santana Lopes, deixaram marcas na psique das pobres criaturas que formavam a personalidade no tempo em que o menino-guerreiro (que, recordemos, «berra e sangra» e «precisa de um abraço / da própria candura») orientava os destinos locais. Agora também eles «precisam de um descanso / precisam de um remanso / precisam de um sonho / que os tornem refeitos».
Dias seguintes. Passeio na Ribeira, do lado de Gaia. Erva caseira. Um filme antigo no AMC. Deitar tarde. O Douro. Alheiras. O Benfica elimina o Beira-Mar e segue em frente na Taça. Visita a livrarias. Acordar tarde. Empadas. O Porto quase a perder pontos com o Penafiel. A Foz. O Rivoli – Grande e Pequeno Auditórios. A repetição dos mesmos anúncios, pela mesma ordem, antes da exibição das películas. A apresentação dos filmes, do realizador ou produtor ou actor presentes antes do filme, com cada intervenção a ser fechada com uma salva de palmas pelos espectadores. E (é aqui que reside o espírito do Festival) a maior salva de palmas reservada para a funcionária que recolhe o microfone do palco depois das intervenções das vedetas.
Serralves. Exposições fracas de Robert Grosvenor, de Raoul de Keyser e uma razoável do português João Penalva. Mas o melhor é a meta-instalação psico-surrealista executada pelos funcionários da Fundação. À entrada, com a entrega dos bilhetes, a menina segreda «foi cancelada a greve da Telecom de Timor». «Desculpe?», pergunto eu, confuso. Ela repete «foi cancelada a greve da Telecom de Timor». Está bem, penso. Obrigado. Lá dentro, enquanto apreciávamos seriamente a única obra de arte exposta naquela sala, da autoria do génio americano Robert Grosvenor, e cujo suporte físico consiste num barrote de pinho colocado no chão (mas a arte é sempre mais do que aparenta), o funcionário, já com idade e tarimba para se tornar um crítico de arte, comenta a peça com uma inesperada dança (braços levantados e pernas saltitantes). E depois volta ao "normal", como se nada se tivesse passado. Pouco depois, numa sala maior, preenchida com os quadros exuberantes do belga Raoul de Keyser, a funcionária, com idade para ser minha avó (pronto, vossa avó), começa a cantar uma área de ópera (um excerto, com cerca de 30 segundos). Termina, cita a autoria e a data e volta ao "normal".
Ah! sim, os filmes. O melhor filme do certame, que acabou por vencer a competição, na categoria principal (Grande Prémio), é do Mourinho do Fantas, Vincenzo Natali, que já tinha ganho em 1999, com o excelente Cube, e em 2003, com Cypher. O deste ano chama-se Nothing e isso diz tudo.
CC
Comments:
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Olha lá, e tu tens a casa de banho arrumada ?!? hem?? e a cozinha?
De resto está tudo ao contrário, não foi nada assim ! As alheiras vieram antes do amc, era a telecom de macau, as livrarias estavam sempre fechadas, o melhor filme (mesmo que curto) não foi premiado -
"Quem é o ricardo? ". O Benfica perdeu. O Sporting ganhou.
Pois é, a arteriosclerose ataca cada vez mais cedo. tss tsss.
De resto está tudo ao contrário, não foi nada assim ! As alheiras vieram antes do amc, era a telecom de macau, as livrarias estavam sempre fechadas, o melhor filme (mesmo que curto) não foi premiado -
"Quem é o ricardo? ". O Benfica perdeu. O Sporting ganhou.
Pois é, a arteriosclerose ataca cada vez mais cedo. tss tsss.
Afinal, em Serralves, os comportamentos estranhos foram fruto de orquestação. Informação que agradeço ao Público de hoje, pois desde a leitura deste post, tinha ficado um pouco inquieto. um abraço
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