terça-feira, fevereiro 17, 2004
bactéria multi-resistente
A ideia absurda de Pedro Santana Lopes ocupar o lugar de Presidente da República e de, assim, representar os portugueses e a nação, começa a ganhar consistência. O sintoma maior deste facto é que já não se fala dele a rir, por entre outras anedotas, e de se começar a encará-lo como uma hipótese real, entre outras.
A blogosfera é dos poucos espaços onde ainda se mantém a lucidez. Na televisão há gente sóbria, como os colunistas peixe graúdo Miguel Sousa Tavares e Pacheco Pereira, que também escrevem na imprensa, e que estão escandalizados com a perspectiva da tomada simbólica do poder pela vacuidade invertebrada que é Santana Lopes. Mas, em geral, os jornais temem e já antecipam, como dizem os barnabitas, a «vergonha internacional de ter Pedro Santana Lopes como Presidente da República», ou – pior – encaram essa solução como normal.
E talvez seja normal. Num país onde impera o falajar inconsequente sobre a coerência de atitudes, onde a boçalidade alarve vale mais que a inteligência, onde a aparência pesa mais que o conteúdo, Santana Lopes parece ser o candidato ideal. Tem pose de aventureiro intrépido, não se conhece nenhuma ideia sua sobre algum assunto importante, não tem carácter nem palavra: já "abandonou" a política umas quatro ou cinco vezes (uma delas indo fazer queixinhas de um programa de televisão ao Presidente da República), continuamos à espera das suas revelações sobre a corrupção no mundo do futebol (lembram-se dos misteriosos encontros em Canal Caveira, que "denunciou" e prometeu dar a conhecer quando abandonasse a presidência do Sporting?), traveste-se de comentador sério e cerebral (debitando clichés e lugares-comuns com ar grave) e faz-se passar por um homem de paixões, para tentar disfarçar a vacuidade intelectual. É um balão de ar, um palhaço vaidoso, uma capa de revista, uma sumidade oca.
Mas o mais triste, como diz o João, é pensar que temos os políticos que merecemos.
CC
A blogosfera é dos poucos espaços onde ainda se mantém a lucidez. Na televisão há gente sóbria, como os colunistas peixe graúdo Miguel Sousa Tavares e Pacheco Pereira, que também escrevem na imprensa, e que estão escandalizados com a perspectiva da tomada simbólica do poder pela vacuidade invertebrada que é Santana Lopes. Mas, em geral, os jornais temem e já antecipam, como dizem os barnabitas, a «vergonha internacional de ter Pedro Santana Lopes como Presidente da República», ou – pior – encaram essa solução como normal.
E talvez seja normal. Num país onde impera o falajar inconsequente sobre a coerência de atitudes, onde a boçalidade alarve vale mais que a inteligência, onde a aparência pesa mais que o conteúdo, Santana Lopes parece ser o candidato ideal. Tem pose de aventureiro intrépido, não se conhece nenhuma ideia sua sobre algum assunto importante, não tem carácter nem palavra: já "abandonou" a política umas quatro ou cinco vezes (uma delas indo fazer queixinhas de um programa de televisão ao Presidente da República), continuamos à espera das suas revelações sobre a corrupção no mundo do futebol (lembram-se dos misteriosos encontros em Canal Caveira, que "denunciou" e prometeu dar a conhecer quando abandonasse a presidência do Sporting?), traveste-se de comentador sério e cerebral (debitando clichés e lugares-comuns com ar grave) e faz-se passar por um homem de paixões, para tentar disfarçar a vacuidade intelectual. É um balão de ar, um palhaço vaidoso, uma capa de revista, uma sumidade oca.
Mas o mais triste, como diz o João, é pensar que temos os políticos que merecemos.
CC