quinta-feira, março 29, 2007

Divagações XCI

"The pounding of heart becomes fainter,
Blood cooling, slowing in vein,
They move now, swifter, faster,
As the life from this mortal he drains.

Around and around to the music,
The blood pounding in her ears,
He is before her yet she cannot see him,
She knows not the bringer of tears.

Now away from the rest he twirls her,
As her last breath escapes her lips,
The music ends, he dips her low,
And her life away from her slips.

Too late she finally understands,
That dancing with Death is she,
Though he dances with us all, in time,
The Last Dance is saved for thee."

Terry Pratchett

Divagações XC

Eu, que ainda acredito que o Ensino Superior é uma coisa importante, ando pasmado a assistir à novela da Universidade Independente.
Evidentemente, é grave se as suspeitas de branqueamento de capitais, tráfico de influências e tudo o resto se demonstrar ser verdade. Bem como a falsificação de documentos e a atribuição de graus académicos mais ou menos fantasma. Mas o pior, aquilo que me parece ser verdadeiramente o mais grave, é a falta de consideração e respeito que se está a ter para com os alunos daquele estabelecimento de ensino, que ali apostaram, em tempo útil, a esperança de um futuro melhor e, em tempo inútil, estão a ver desabar essa espectativa perante a indiferença de quem tem a responsabilidade última de lhes dar caminho: o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Eu não sei se o ministro tem a capacidade de intervir a seu belo prazer naquela questão. Eventualmente não terá. Mas terá, com certeza, a capacidade de facilitar a colocação daqueles estudantes noutro estabelecimento de ensino e, por essa forma, garantir duas coisas: que as expectativas destes não saem goradas e, por outro lado, desarmar em grande parte a capacidade de influência dos grupos em confronto, que me parece estarem a usar os estudantes e o seu futuro como arma de arremesso nas suas guerras.
AR

quarta-feira, março 28, 2007

Parabéns ...

... a nós. 90.000.
A Quinta Coluna

terça-feira, março 27, 2007

A Camarada Odete

A Camarada Odete esteve em plena forma no programa 'Os Grandes Portugueses'. Absolutamente ao nível que esperava dela: rasteiro.
A Camarada Odete continua a sonhar com uma sociedade onde os amanhãs cantem. E cantem bem. A plenos pulmões. Assim como um coro de dissidentes no Gulag, enquanto tentam não morrer de fome e de frio.
A Camarada Odete cantou hossanas ao Camarada Cunhal - paz à sua alma, não só porque foi contratada pela televisão para o fazer como porque acredita na sua bondade intrínseca. Portanto, a Camarada Odete é defensora das expropriações, como ocorridas durante a Reforma Agrária, é partidária dos Saneamentos na Função Pública, como ocorridos em 75 e que visavam os que não eram de esquerda, é partidária da ocupação das fábricas e das empresas. A Camarada Odete é partidária de tudo isso porque, evidentemente, isso era o que o Camarada Cunhal - paz à sua alma - defendia. E fez.
A Camarada Odete, é portanto, inimiga declarada da Democracia. Porque assim demonstrou durante toda a sua vida política, porque assim o demonstrou nessa noite, quando protestou contra a vitória de Salazar por achar a divulgação desse resultado como violador da Constituição, que proibe a promoção do fascismo - portanto, pretendendo impor o seu espírito iluminado à vontade dos votos livremente expressos naquele concurso, porque assim era o Camarada Cunhal - paz à sua alma. A treta do democrata, evidentemente, não colou.
Como já escrevi neste blog, a Democracia em Portugal existe não por causa de Cunhal - paz à sua alma - mas apesar dele. Se conseguisse levar a sua àvante, Portugal ter-se-ía transformado numa qualquer república popular, onde a Camarada Odete, apesar dos perdigotos, dominaria, mas onde eu, por exemplo, não teria direito à expressão da minha opinião. Os portugueses, no geral, não esquecem isso. E por isso votaram em Salazar. Por protesto e, digo eu, para evitar que Cunhal - paz à sua alma - ganhasse.
Ainda assim, a Camarada Odete pode cantar vitória. Não sei se o PCP, em algum momento da sua história, terá tido 19% numa eleição.
AR

segunda-feira, março 26, 2007

O Maior da Aldeia

Fiquei até ao fim para confirmar os boatos e assistir à vitória de António de Oliveira Salazar como o maior português de todos os tempos. Eu até votei. E votei em Salazar, como é evidente. Isto há que ter prioridades.
É evidente que o voto em Salazar se me afigura como um voto de protesto. Não acredito que haja um número significativo de portugueses que deseje o regresso ao (do) Estado Novo. Mas é evidente que a Democracia não está a dar resposta aos desejos das pessoas. Aliás, a Democracia está a caminho de falhar completamente nos seus designios de dar uma vida efectivamente melhor (e não apenas proporcionalmente) aos portugueses. Por diversos motivos, dos quais eu destaco a corrupção. E por isso temos que 60% dos votos expressos no concurso tenha sido dado a ditadores: um efectivo e outro em potência.
Sinais dos tempos.
AR

sexta-feira, março 23, 2007

Resposta a outro desafio

Lembra-te

Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos

Mário Cesariny

Divagações LXXXIX

No imaginário colectivo português 'Eles' têm um lugar de destaque.
'Eles' são uma entidade vaga que representa sempre alguém que está acima dos outros e que sobre estes exerce um qualquer tipo de poder. Consoante as situações, 'Eles' podem ser os governantes em particular ou os políticos em geral, os professores, quando andamos na escola, os empresários, os dirigentes desportivos, ou nenhum destes nem ninguém em especial. O 'Eles' satisfaz a nossa necessidade de vermos conspirações à nossa volta para explicarem o que corre mal nas nossas vidas, tenhamos ou não razão, que tem como corolário o 'isto está bom é para eles'. Descarregamos o fígado e lá vamos às nossas vidas muito mais leves e felizes.
AR

quinta-feira, março 22, 2007

Divagações LXXXVIII

Tenho andado a matutar no assunto e julgo ter compreendido, finalmente, o motivo da teima do Governo em construír o novo aeroporto na Ota. Tem tudo a ver com a há tão apregoada D-E-S-C-E-N-T-R-A-L-I-Z-A-Ç-Ã-O. Essa! Só assim se compreende que se queira construír por uma fortuna um novo aeroporto no meio de nenhures. Ou na Ota, que é mais ou menos o mesmo.
Agora que compreendi o alcance de tal proposta, venho aqui, humildemente, de chapéu na mão, tremendo de temor reverencial, apresentar mais algumas propostas para que a D-E-S-C-E-N-T-R-A-L-I-Z-A-Ç-Ã-O avance no nosso país e nos aponte o caminho do progresso.
Assim:
1) A construção do comboio de alta velocidade de Chaves a Vila Real de Santo António, atravessando a lezíria, com paragem apenas no Gavião.
2) A construção dos quilómetros que faltam à CRIL em Freixo-de-Espada-à-Cinta;
3) A construção da ponte de Entre-os-Rios em Unhais da Serra;
4) A deslocalização do Oceanário de Lisboa para Niza;
5) A deslocalização do Metro do Porto para Sines;
6) A extensão das carreiras da Carris a Avintes;
7) A construção da nova cidade judicial ali para as bandas de Pedrógão;
8) E, finalmente, a construção do Museu dedicado a Salazar na Marinha Grande. Ou em Beja.
AR

quarta-feira, março 21, 2007

Dia Mundial da Poesia (ou a resposta a um desafio)

Poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

terça-feira, março 20, 2007

O Circo

Fiquei com a impressão de que, no passado fim-de-semana, Vitor Hugo Cardinalli tomou conta do CDS e transformou-o em mais um dos seus espectáculos. O Circo, aparentemente, chegou à cidade.
Não sei quem tem razão. Provavelmente, pelo tom da discussão, ninguém. Mas o espectáculo dado fez-me recuar cerca de 15 anos. Quando abandonei a militância do CDS. Na altura, pela chegada de Manuel Monteiro e Paulo Portas - este ainda eminência parda do primeiro - e saída de Freitas do Amaral. Ao fim de alguns meses apenas, percebeu-se que o CDS - depois rebaptizado PP - tinha mudado. Para pior, digo eu, embora os resultados eleitorais digam o contrário. O que, na altura, ficou evidente foi que o partido iria abandonar a sua matriz democrata-cristã para se transformar num partido Liberal. Assim foi. Não creio que o país tenha lucrado com a mudança.
Agora, Paulo Portas pretende voltar. Ao partido e, imagina-se, ao poder. Como parodiavam os Gato Fedorento, "sem pressa desde que seja já para a semana". E pretende, como importa a quem não tem projecto político que não um projecto pessoal de poder, chegar lá a talho de foice.
Um antigo colega meu de faculdade, actualmente dirigente do CDS, enviou-me um mail - ainda estou para perceber porquê - bem como a mais uma quantidade de pessoas que não conheço exigindo a demissão de Mª José Nogueira Pinto. Diz ele, a certa altura da sua argumentação "Sendo a questão da eleição do futuro Presidente, uma QUESTÃO POLÍTICA e NÃO JURÍDICA ..." (sic).
Eu, que reconheço o meu pouco entendimento destas coisas, não percebi. É que sempre me quis parecer que a questão política é a escolha, mas a forma é uma questão jurídica, pelo que antes de se chegar à questão política tem que se passar pela questão jurídica. E é exactamente isso que Paulo Portas me parece querer: fintar a questão jurídica para obter, eventualmente, ganhos políticos.
Provavelmente estou enganado.
AR

quinta-feira, março 15, 2007

Divagações LXXXVII

Não tenho por hábito reencontrar-me com o passado. Aliás, nem me parece boa política, principalmente quando se trata de voltarmos aos sítios onde fomos felizes. Mas todas as regras têm excepções.
AR

sexta-feira, março 09, 2007

Divagações LXXXVI

Os valores do imposto automóvel vão ser revistos. Na onda, apanham os usados, nomeadamente os importados, que vão passar a pagar o imposto automóvel por inteiro, como se de carros novos se tratassem, apesar de não o serem e de já terem pago o respectivo imposto nos países de origem, numa clara violação da regra de não se aplicar duas vezes o mesmo imposto ao mesmo bem, acto conhecido como dupla tributação e que leva Portugal, de há uns anos a esta parte, a pagar uma multa anualmente a Bruxelas por se recusar a eliminar esta 'retributação' dos usados importados.
Vem isto a propósito de eu ter uma Passat de 2002 para vender. Importada. Com 112.000 Km, que tenho há um ano e que quero vender para ir buscar um carro mais concentâneo com a minha condição de solteiro alegre. Assim uma coisa mais sem capota, não sei se me estão a entender. É o modelo Highline, com estofos em pele e aplicações em madeira. Um luxo. E para mais com Jantes em Liga Leve de 17" com pneus largos, 225 para ser mais exacto. Depois, os extras do costume, desde o GPS ao Ar-Condicionado automático, passando pelos cromados exteriores, os Airbags, os controlos de tracção, os ABSs, os sensores de chuva e o resto. Pela módica quantia de €19.000, eventualmente negociável se estiver bem disposto nesse dia.
Ah, como dá jeito ter um blog ...
AR

quinta-feira, março 08, 2007

Divagações LXXXV

O português nunca está bem. Já repararam que nunca diz que está bom quando lhe perguntam como vai? Responde sempre que vai andando ou que está assim, assim. A resposta mais extraordinária é a 'como Deus quer'. Ou seja, não tem nada com isso. Anda de uma maneira ou de outra não porque queira ou possa mas porque 'Deus quer'. E isso resolve os problemas, nomeadamente o problema da inveja. O português é invejoso por natureza. Gosta de tudo médio e cinzento. Se algum diz que está bem os outros calam e pensam 'este gajo tem um esquema'. Não se pode estar bem a não ser que se tenha um esquema. Se se arranja um emprego bom é porque tinha uma cunha e torna-se, automáticamente, um malandro e um incompetente que anda a lamber as botas ao patrão para conseguir ter um bom emprego. Que, de resto, passa logo a 'tacho'. Onde não faz nada e que devia desaparecer por manifesta inutilidade. Se tem carro da empresa convém que seja um Corsa comercial. Ou um Punto manhoso. Se não, é porque andou a dormir com o patrão ou é um capacho.
Um português não pode ter um bom apartamento ou uma vivenda bonita. Se tiver azulejos na rua ainda vá, tem mau gosto, é cá dos nossos. Mas se for uma coisa bonita então é um rabeta, com tiques de fino. Se não diz 'portantos' tem a mania que é mais do que os outros.
O português cospe no chão porque é assim. O chão tem como função principal ser o repositório nacional da escarreta, aquela puxada bem lá do fundo, verde e, de preferência, com uns laivos de encarnado, atirada ali mesmo para o meio do passeio, onde tem mais impacto físico e visual. Assoar-se, principalmente a lenços de papel, é presunçoso. É-se logo acusado de 'se ter a mania'.
O português não faz pisca, não respeita as regras de prioridade e adora estradas com buracos: consegue fazer gincana e diz mal do governo. Que é outro desporto nacional. Para além do futebol, claro. Os governantes são sempre maus e fazem sempre coisas más. O que, por estranho que pareça, não acontece sempre, reconheça-se. São sempre uns malandros mas, imagino que por masoquismo, vai votando neles.
O português é um bicho muito estranho.
AR

quarta-feira, março 07, 2007

O mal educado

Raúl Vaz, no Diário económico, escreve uma coluna de opinião acerca de Carmona Rodrigues. Até aqui tudo bem, não se desse o caso de o tratamento ser, no mínimo, de baixo nível.
Os fazedores de opinião, como os políticos, estão, obviamente, nivelados por baixo, ressalvando-se uma ou outra excepção. Não é o caso de Raúl Vaz, que pelo menos nisto se nívela pelo nível baixo. Baixinho. Rasteiro. Não é, obviamente, pela opinião expressa. É pela forma como fala do visado, pela falta de respeito e, notoriamente, pela falta de educação.
AR

quinta-feira, março 01, 2007

Rosa

Queria eu que o tempo aqui parasse
E este instante assim se mantivesse
Sem nunca acudir que já viesse
Outro tempo que esta rosa maltratasse.

Queria eu que seu aroma te dissesse
O que em palavras, por esgotado, mais não posso
E suas pétalas suaves um sorriso
Em tua boca, por mim, lá desenhasse

Ah, se em minhas mãos estivesse
O poder de fazer o tempo parar
Neste instante em que ocupo teu pensamento,

Se fora que outra coisa não quisesse
Para mim já esse prazer chegara
De no infinito perdurar este momento.

AR

Divagações LXXXIV

Apareceu na blogosfera este novo membro. Para além das boas vindas que daqui lhe endereço, fica a satisfação de ver publicados uns quantos números que eu próprio tinha curiosidade em conhecer. E o conforto de saber que mesmo os impolutos bloquistas metem a mão no bolo, como por exemplo a conhecida Ana Drago, que quando não é deputada da República tem um tacho de mais de €30.000 por ano na Câmara de Lisboa.
AR

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