quinta-feira, abril 28, 2005
Just what do you think you're doing, Dave?
Um botão vermelho que nada faz para além de enviar respostas impertinentes. Demora tempo mas lembro-me que há maneiras piores de passar a manhã, por exemplo, trabalhar.
Sofia
Sofia
quarta-feira, abril 27, 2005
Olha olha !
A Terra da Alegria (ou Gay Land se quisermos gozar com eles ...) completa hoje um ano. Parabéns e acreditem que o impacto na blogosfera é muito positivo!
Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si. Contra essas coisas não existe lei. GL 5,22 -23
Sofia
terça-feira, abril 26, 2005
A festa da Música
«Estas filas parecem pior que na Expo!»
«Só se ouvia o barulho dos papéis a mexer. Esta gente não se sabe comportar!»
«Mas porque é que eu tenho de ir para a fila se já estava na sala?»
Parecia que ao mínimo pretexto alguém iria bater com o jornal na mesa e gritar "gerente! (este leite está azedo!).
No entanto, bastou o piano começar para se entrar num silêncio respirado. E toda a gente se portou muito bem.
Sofia
«Só se ouvia o barulho dos papéis a mexer. Esta gente não se sabe comportar!»
«Mas porque é que eu tenho de ir para a fila se já estava na sala?»
Parecia que ao mínimo pretexto alguém iria bater com o jornal na mesa e gritar "gerente! (este leite está azedo!).
No entanto, bastou o piano começar para se entrar num silêncio respirado. E toda a gente se portou muito bem.
Sofia
a vida, o universo, e tudo o mais IV
Recomendo vivamente aos interessados na polémica aqui instalada com os últimos posts o acompanhamento deste. Estão a intervir aqui a Sofia, a Judite, o Rui e o Gabriel.
O Rui, de resto, teve a amabilidade de me informar que o termo inverdade existe, e vem referido no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Círculo de Leitores, 2003 - Tomo IV, pág. 2130, 2ª col., no Dicionário da Língua Portuguesa por J. Almeida Costa e A. Sampaio e Melo, 5ª ed.: s. d., Porto Editora - pág. 821, 1ª col. e no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Coordenação de José Pedro Machado, Círculo de Leitores, 1991 - Tomo III, pág. 452, 2ª col. É seguramente um exaustivo trabalho de pesquisa, que me parece talvez exagerado por coisa tão pouca: afinal eu apenas disse que no meu dicionário essa palavra não existia. E o meu dicionário não é digno de tão aturado trabalho. Até porque, meu caro Rui, a expressão usada por mim era em sentido figurado. É que, ao contrário do pretendido no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Coordenação de José Pedro Machado, Círculo de Leitores, 1991 - Tomo III, pág. 452, 2ª col., que a descreve desta forma: inverdade s.f. Carácter do que não é verdade; mentira; falsidade. \\ Obs. Trata-se de um neologismo que só se justifica pelo facto de com ele se pretender desbrutalizar a palavra mentira - eu não pretendo desbrutalizar nada e a utilização de inverdade normalmente parece-me alguma falta de coragem para utilizar o termo mentira.
AR
O Rui, de resto, teve a amabilidade de me informar que o termo inverdade existe, e vem referido no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Círculo de Leitores, 2003 - Tomo IV, pág. 2130, 2ª col., no Dicionário da Língua Portuguesa por J. Almeida Costa e A. Sampaio e Melo, 5ª ed.: s. d., Porto Editora - pág. 821, 1ª col. e no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Coordenação de José Pedro Machado, Círculo de Leitores, 1991 - Tomo III, pág. 452, 2ª col. É seguramente um exaustivo trabalho de pesquisa, que me parece talvez exagerado por coisa tão pouca: afinal eu apenas disse que no meu dicionário essa palavra não existia. E o meu dicionário não é digno de tão aturado trabalho. Até porque, meu caro Rui, a expressão usada por mim era em sentido figurado. É que, ao contrário do pretendido no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Coordenação de José Pedro Machado, Círculo de Leitores, 1991 - Tomo III, pág. 452, 2ª col., que a descreve desta forma: inverdade s.f. Carácter do que não é verdade; mentira; falsidade. \\ Obs. Trata-se de um neologismo que só se justifica pelo facto de com ele se pretender desbrutalizar a palavra mentira - eu não pretendo desbrutalizar nada e a utilização de inverdade normalmente parece-me alguma falta de coragem para utilizar o termo mentira.
AR
segunda-feira, abril 25, 2005
Der Untergang – Hitler und das Ende des 3. Reichs (2004), de Oliver Hirschbiegel
A propósito deste filme, repito um post antigo: "Confrontados com tal destino, uma só concepção da vida é digna de nós, aquela que já foi designada por «Escolha de Aquiles»: mais vale uma vida breve, plena de acção e brilho, que uma vida longa mas vazia. O perigo é tão grande, para cada indivíduo, para cada classe, para cada povo, que tentar ocultá-lo é deplorável. O tempo não deter-se: não há retrocessos prudentes, nem renúncias cautelosas. Só os sonhadores podem acreditar em tais saídas. O optimismo é cobardia. Nascidos nesta época, temos de percorrer até final, mesmo que violentamente, o caminho que nos está traçado. Não existe alternativa, O nosso dever é permanecermos, sem esperança, sem salvação, no posto já perdido, tal como o soldado romano cujo esqueleto foi encontrado diante de uma porta de Pompeia, morto por se terem esquecido, ao estalar a erupção vulcânica, de lhe ordenarem a retirada. Isso é nobreza, isso é ter raça. Esse honroso final é a única coisa de que o homem nunca poderá ser privado."
Oswald Spengler, O Homem e a Técnica
LR
sexta-feira, abril 22, 2005
a vida, o universo, e tudo o mais III
A Judite, a propósito deste meu post, entendeu por bem fazer o seguinte comentário:
Será provável que não trilhando a senda do catolicismo, consiga perceber alguma coisa sobre a matéria? É provável que não. A escolha de Ratzinger foi má? Porquê? Elucide-nos, que nós os católicos, não percebemos as ideias feitas sobre um cardeal que tem mais poder na Igreja - nos últimos anos - do que provavelmente imagina. É bom ter ideias em contrário, é. Mas também é bom que as falsas ideias e as in-verdades constantes não se transformem em ideias feitas e verdades propaladas, o que acontece constantemente. Basta ver os livros de história do liceu.
A igreja permite o pensamento livre e é aliás bastante tolerante. Uma má experiência num colégio católico, foi? Ou ainda andamos às voltas com a Inquisição? E as 4 vítimas em Portugal? Um número não comparável com todos os monstros que, na história, assinaram milhares. E, sim, na Igreja Católica também há monstros. Porque há homens. E os homens pecam, erram, falham e matam.
Como é longo vou responder por partes. Assim:
- Será provável que não trilhando a senda do catolicismo, consiga perceber alguma coisa sobre a matéria? É provável que não.
Está enganada. Não trilho hoje a senda do Cristianismo, e consequentemente do catolicismo, mas conheço-a bem. Tão bem quanto alguém que teve uma educação católica formal, que se estendeu para além do Crisma. Muito para além. Por isso, acho que percebo alguma coisa sobre a sua religião. O suficiente para ter a minha opinião, devidamente fundamentada. Que não é, diga-se de passagem, uma opinião particularmente positiva. De qualquer das formas conceda-me o benefício da dúvida quanto a um mínimo necessário de inteligência (que lhe concedo a si) para que, mesmo que não tivesse essa experiência e essa formação, pudesse compreender a sua religião.
- A escolha de Ratzinger foi má? Porquê? Elucide-nos, que nós os católicos, não percebemos as ideias feitas sobre um cardeal que tem mais poder na Igreja - nos últimos anos - do que provavelmente imagina.
A escolha de Ratzinger não foi nem má nem boa ou, se quiser, foi simultanemanete má e boa. Eu explico. O futuro dirá o que Bento XVI fará. E nesse sentido a sua escolha não foi nem boa nem má. Se Bento XVI seguir a linha ortodoxa que Ratzinger seguiu, se calhar a Judite ficará satisfeita (não sei, não a conheço, não sei que posição tem em relação à doutrina na Igreja). E certamente muitos grupos, mais ortodoxos e menos tolerantes. Se Bento XVI seguir uma linha menos ortodoxa (como João XXIII, por exemplo?) então alguns grupos menos rígidos ficarão mais satisfeitos e os mais rígidos menos satisfeitos. É uma grande verdade que não se pode agradar a gregos e a troianos. Em que é que isso me interessa? Eu digo-lhe. A aproximação entre as religiões, o reconhecimento das suas diferenças e a partilha das suas semelhanças, só nos pode trazer vantagens, enquanto civilizações e povos que, para o melhor e para o pior, têm que partilhar o mesmo mundo. E imagino sim o poder que Ratzinger teve (e tem) na Igreja. Basta ter ocupado o lugar que ocupava.
- Mas também é bom que as falsas ideias e as in-verdades constantes não se transformem em ideias feitas e verdades propaladas, o que acontece constantemente.
Olhe, não sei o que são in-verdades. No meu dicionário existe, apenas, a palavra mentira. E não sei a que falsas ideias se refere. Até agora aquilo que ouvi e li foi apoiado em factos. Era o perfeito para a Congregação da Doutrina da Fé. Facto. Colocou na prateleira teólogos que apontavam para caminhos diferentes dos seguidos até então. Facto. Acabou com a doutrina subjacente à Teologia da Libertação. Facto. Defende que só existe salvação no seio da Igreja Católica. Facto.
- A igreja permite o pensamento livre e é aliás bastante tolerante. Uma má experiência num colégio católico, foi? Ou ainda andamos às voltas com a Inquisição? E as 4 vítimas em Portugal?
Alguma Igreja é bastante tolerante. Outra nem por isso. Alguma Igreja Católica aceita o uso do preservativo para não se morrer de SIDA e outra não. Alguma Igreja aceita que as mulheres também tenham o direito ao exercício do sacerdócio e outra não. Alguma Igreja Católica acha que Deus é Amor outra não. Não, nunca estive num colégio católico. E deixe-me que lhe diga que me espantou muito fazer essa referência: é suposto os colégios católicos serem traumatizantes? Mas ainda andamos à volta com a Inquisição, sim. Aliás, e como nota, a Congregação para a Doutrina da Fé é a sucessora da Santa Inquisição. Estou certo de que sabe isso. Provavelmente a Judite acha que 4 vítimas em Portugal é pouco. Eu acho que ainda que fosse uma era demasiado. Mas a Inquisição não exerceu a sua acção apenas em Portugal, sabia? Para nota, e não pretendendo a lista exaustiva, a Inquisição exerceu o seu 'magistério' em Espanha, em França, nos Estados Pontifícios, e na América Latina. Não vou aos Autos de Fé das Bruxas, na Europa. Fico-me pela chacina de tribos inteiras na América do Sul que se recusaram a converter ao Cristianismo, ou na quase extinção das comunidades dos Impérios Azteca e Inca. E, já agora, sabe por que é que a Inquisição foi criada? Se não sabe eu explico: para resolver a questão Albigense, como a Igreja apelidou o problema da heresia dos Cátaros. Sabe qual foi o resultado: a destruição da sociedade da Provença, no Sul de França, com dezenas de milhar de mortos. Infelizmente um pouco mais do que 4.
Sabe, a Igreja não tem que pagar para sempre pelos crimes da Inquisição, cometidos em nome da Fé. Mas não podemos esquecer. Nem branquear o passado. Era o pior que poderiamos fazer àqueles que morreram e sofreram por serem diferentes.
- E, sim, na Igreja Católica também há monstros. Porque há homens. E os homens pecam, erram, falham e matam.
Pois há. Há monstros e há homens. Mas sabe porque é que a tolerância com os homens da Igreja é menor? Porque aqueles que se dizem homens de Deus tem muito menos justificação para cometerem crimes.
AR
Será provável que não trilhando a senda do catolicismo, consiga perceber alguma coisa sobre a matéria? É provável que não. A escolha de Ratzinger foi má? Porquê? Elucide-nos, que nós os católicos, não percebemos as ideias feitas sobre um cardeal que tem mais poder na Igreja - nos últimos anos - do que provavelmente imagina. É bom ter ideias em contrário, é. Mas também é bom que as falsas ideias e as in-verdades constantes não se transformem em ideias feitas e verdades propaladas, o que acontece constantemente. Basta ver os livros de história do liceu.
A igreja permite o pensamento livre e é aliás bastante tolerante. Uma má experiência num colégio católico, foi? Ou ainda andamos às voltas com a Inquisição? E as 4 vítimas em Portugal? Um número não comparável com todos os monstros que, na história, assinaram milhares. E, sim, na Igreja Católica também há monstros. Porque há homens. E os homens pecam, erram, falham e matam.
Como é longo vou responder por partes. Assim:
- Será provável que não trilhando a senda do catolicismo, consiga perceber alguma coisa sobre a matéria? É provável que não.
Está enganada. Não trilho hoje a senda do Cristianismo, e consequentemente do catolicismo, mas conheço-a bem. Tão bem quanto alguém que teve uma educação católica formal, que se estendeu para além do Crisma. Muito para além. Por isso, acho que percebo alguma coisa sobre a sua religião. O suficiente para ter a minha opinião, devidamente fundamentada. Que não é, diga-se de passagem, uma opinião particularmente positiva. De qualquer das formas conceda-me o benefício da dúvida quanto a um mínimo necessário de inteligência (que lhe concedo a si) para que, mesmo que não tivesse essa experiência e essa formação, pudesse compreender a sua religião.
- A escolha de Ratzinger foi má? Porquê? Elucide-nos, que nós os católicos, não percebemos as ideias feitas sobre um cardeal que tem mais poder na Igreja - nos últimos anos - do que provavelmente imagina.
A escolha de Ratzinger não foi nem má nem boa ou, se quiser, foi simultanemanete má e boa. Eu explico. O futuro dirá o que Bento XVI fará. E nesse sentido a sua escolha não foi nem boa nem má. Se Bento XVI seguir a linha ortodoxa que Ratzinger seguiu, se calhar a Judite ficará satisfeita (não sei, não a conheço, não sei que posição tem em relação à doutrina na Igreja). E certamente muitos grupos, mais ortodoxos e menos tolerantes. Se Bento XVI seguir uma linha menos ortodoxa (como João XXIII, por exemplo?) então alguns grupos menos rígidos ficarão mais satisfeitos e os mais rígidos menos satisfeitos. É uma grande verdade que não se pode agradar a gregos e a troianos. Em que é que isso me interessa? Eu digo-lhe. A aproximação entre as religiões, o reconhecimento das suas diferenças e a partilha das suas semelhanças, só nos pode trazer vantagens, enquanto civilizações e povos que, para o melhor e para o pior, têm que partilhar o mesmo mundo. E imagino sim o poder que Ratzinger teve (e tem) na Igreja. Basta ter ocupado o lugar que ocupava.
- Mas também é bom que as falsas ideias e as in-verdades constantes não se transformem em ideias feitas e verdades propaladas, o que acontece constantemente.
Olhe, não sei o que são in-verdades. No meu dicionário existe, apenas, a palavra mentira. E não sei a que falsas ideias se refere. Até agora aquilo que ouvi e li foi apoiado em factos. Era o perfeito para a Congregação da Doutrina da Fé. Facto. Colocou na prateleira teólogos que apontavam para caminhos diferentes dos seguidos até então. Facto. Acabou com a doutrina subjacente à Teologia da Libertação. Facto. Defende que só existe salvação no seio da Igreja Católica. Facto.
- A igreja permite o pensamento livre e é aliás bastante tolerante. Uma má experiência num colégio católico, foi? Ou ainda andamos às voltas com a Inquisição? E as 4 vítimas em Portugal?
Alguma Igreja é bastante tolerante. Outra nem por isso. Alguma Igreja Católica aceita o uso do preservativo para não se morrer de SIDA e outra não. Alguma Igreja aceita que as mulheres também tenham o direito ao exercício do sacerdócio e outra não. Alguma Igreja Católica acha que Deus é Amor outra não. Não, nunca estive num colégio católico. E deixe-me que lhe diga que me espantou muito fazer essa referência: é suposto os colégios católicos serem traumatizantes? Mas ainda andamos à volta com a Inquisição, sim. Aliás, e como nota, a Congregação para a Doutrina da Fé é a sucessora da Santa Inquisição. Estou certo de que sabe isso. Provavelmente a Judite acha que 4 vítimas em Portugal é pouco. Eu acho que ainda que fosse uma era demasiado. Mas a Inquisição não exerceu a sua acção apenas em Portugal, sabia? Para nota, e não pretendendo a lista exaustiva, a Inquisição exerceu o seu 'magistério' em Espanha, em França, nos Estados Pontifícios, e na América Latina. Não vou aos Autos de Fé das Bruxas, na Europa. Fico-me pela chacina de tribos inteiras na América do Sul que se recusaram a converter ao Cristianismo, ou na quase extinção das comunidades dos Impérios Azteca e Inca. E, já agora, sabe por que é que a Inquisição foi criada? Se não sabe eu explico: para resolver a questão Albigense, como a Igreja apelidou o problema da heresia dos Cátaros. Sabe qual foi o resultado: a destruição da sociedade da Provença, no Sul de França, com dezenas de milhar de mortos. Infelizmente um pouco mais do que 4.
Sabe, a Igreja não tem que pagar para sempre pelos crimes da Inquisição, cometidos em nome da Fé. Mas não podemos esquecer. Nem branquear o passado. Era o pior que poderiamos fazer àqueles que morreram e sofreram por serem diferentes.
- E, sim, na Igreja Católica também há monstros. Porque há homens. E os homens pecam, erram, falham e matam.
Pois há. Há monstros e há homens. Mas sabe porque é que a tolerância com os homens da Igreja é menor? Porque aqueles que se dizem homens de Deus tem muito menos justificação para cometerem crimes.
AR
quinta-feira, abril 21, 2005
vaexata questio
O periculum in mora é pior que o periculum in ponte de sôr? Ou que o periculum in montargil?
LR
LR
a vida, o universo, e tudo o mais II
A propósito deste post, cumpre-me aqui dizer o seguinte:
- Não me interessa nada a forma como o Conclave é organizado e escolhe o Papa. Por mim, os cardeais até podiam escolher o Papa a fazer o pino ou às cavalitas uns dos outros (se calhar até é assim, só eles é que sabem, não é?) que me estou perfeitamente nas tintas para isso.
- O escolhido desagrada-me, de facto. Até aqui, e enquanto cardeal, não se pode dizer que Bento XVI tenha sido alguém que tenha potenciado a aproximação da Igreja Católica com o mundo. Mas acho que deve receber o benefício da dúvida. Pode ser que, como Papa, seja diferente do que foi como Cardeal.
- O facto de não trilhar a senda do catolicismo (nem a do Cristianismo, já agora) não diminui em nada o meu direito a expressar as opiniões que bem entender sobre os cristãos em geral, os católicos em particular, e a Igreja ou o Papa. Eu sei, meu caro LR, que a tradição da Igreja que segues foi, durante alguns (muitos) centos de anos, a de calar os que pensam de maneira diferente. Ou os que não concordam. Paciência. É melhor ires-te habituando.
AR
- Não me interessa nada a forma como o Conclave é organizado e escolhe o Papa. Por mim, os cardeais até podiam escolher o Papa a fazer o pino ou às cavalitas uns dos outros (se calhar até é assim, só eles é que sabem, não é?) que me estou perfeitamente nas tintas para isso.
- O escolhido desagrada-me, de facto. Até aqui, e enquanto cardeal, não se pode dizer que Bento XVI tenha sido alguém que tenha potenciado a aproximação da Igreja Católica com o mundo. Mas acho que deve receber o benefício da dúvida. Pode ser que, como Papa, seja diferente do que foi como Cardeal.
- O facto de não trilhar a senda do catolicismo (nem a do Cristianismo, já agora) não diminui em nada o meu direito a expressar as opiniões que bem entender sobre os cristãos em geral, os católicos em particular, e a Igreja ou o Papa. Eu sei, meu caro LR, que a tradição da Igreja que segues foi, durante alguns (muitos) centos de anos, a de calar os que pensam de maneira diferente. Ou os que não concordam. Paciência. É melhor ires-te habituando.
AR
Ó tempo volta p'ra trás
Lê-se hoje no DN a pesarosa notícia que as 'Manif' pró e contra perderam o fulgor de outros tempos , ah poisé, já não há coktails molotov, distribuição de zezinhos, demonstrações públicas de umbigos ginasticados que digam "esta barriguinha é só minha!", não, já não é o mesmo, tu mudaste...
Isso não impediu que no debate sobre a pergunta a referendar surgissem alguns episódios empolgantes e condignos como , segundo a notícia, «quando Helena Pinto, do Bloco de Esquerda, discursava da tribuna e Nuno Melo, em sinal de discordância, lançou "deve ter fumado um charro"». Como se diria no Abrupto M'ESPANTO AS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO .
Sofia
Isso não impediu que no debate sobre a pergunta a referendar surgissem alguns episódios empolgantes e condignos como , segundo a notícia, «quando Helena Pinto, do Bloco de Esquerda, discursava da tribuna e Nuno Melo, em sinal de discordância, lançou "deve ter fumado um charro"». Como se diria no Abrupto M'ESPANTO AS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO .
Sofia
quarta-feira, abril 20, 2005
a vida, o universo, e tudo o mais
Uns dias de non-posting, determinados por chatices de trabalho, uma pequena constipação, desânimo futebolístico, visionamento furioso de episódios da segunda série de "The West Wing", preguiça generalizada, e outros factores, levaram-me a um piqueno silêncio. Que quebro agora para dizer:
- Que o futebol é imprevisível, que afinal Souness perdeu em Alvalade, que ser do Benfica é viver com handicap , e que enquanto há vida há esperança.
- Que o Papa morreu, viva o Papa. Bento XVI foi escolhido como tinha de ser, e se o método (ou o escolhido) desagradam aos não católicos (AR incluído) que acham dever opinar sobre o assunto, paciência.
- Que o CC não tem postado porque esteve no Conclave (aliás, a palavra final na escolha foi dele). Regressa em breve.
LR
- Que o futebol é imprevisível, que afinal Souness perdeu em Alvalade, que ser do Benfica é viver com handicap , e que enquanto há vida há esperança.
- Que o Papa morreu, viva o Papa. Bento XVI foi escolhido como tinha de ser, e se o método (ou o escolhido) desagradam aos não católicos (AR incluído) que acham dever opinar sobre o assunto, paciência.
- Que o CC não tem postado porque esteve no Conclave (aliás, a palavra final na escolha foi dele). Regressa em breve.
LR
Facciosismo cultural
«O problema é este: todos nós reconhecemos que existem dificuldades que dominam o nome quotidiano e que passam por uma escassez de preparação cultural (no sentido mais amplo do termo). Os nossos empresários, os nossos políticos, os nossos funcionários públicos, os nossos economistas, os nossos editores e mesmo os directores de jornais ou jornalistas, todos eles mostram carências de formação. Onde está um mínimo de literacia? Que fizeram de conhecimentos básicos de economia, de ciência, de ciência política? Que livros leram? Que discos ouviram? A que espectáculos assistiram, que filmes conhecem?
O panorama é desastroso. E se virmos o que se passa com a maioria dos nossos alunos, o pessimismo cresce. O futuro anuncia-se negro. Em relação ao diagnóstico, estamos todos de acordo. »
Eduardo Prado Coelho
Público 20 de Abril de 2005
Este conteúdo é pago sendo por isso necessária a transcrição mas achei tão extraordinário este quadro da já habitual hecatombe cultural em Portugal que não resisti.
Já não falo do óbvio de que se há coisa que se massificou ou democratizou foi precisamente a cultura. Hoje temos mais possibilidades de escolha, mais concertos, mais cinema, mais literatura, por comparação estamos melhor. Talvez não seja a de maior qualidade, mas ao menos há escolha.
Agora isto da preparação "cultural" ultrapassa-me. Já agora que livros, que discos, que cinema me tornam mais culta e menos desastre, que formação essa que vai tornar o nosso futuro algo cinzento. Não deve causar espanto que um funcionário público goste de ouvir Romana no carro e que isso não constitui impedimento para ler Gógol no seu tempo livre. E mesmo que não o lesse não são esses os critérios que o devem avaliar. Que possa escolher sem preocupações de seguir o cânone ocidental (ah! do Bloom devem estar recordados).
Se bem me lembro a última crónica "musical" de EPC foi sobre a cantora brasileira Simone... sim, com essa estamos todos safos.
Sofia
O panorama é desastroso. E se virmos o que se passa com a maioria dos nossos alunos, o pessimismo cresce. O futuro anuncia-se negro. Em relação ao diagnóstico, estamos todos de acordo. »
Eduardo Prado Coelho
Público 20 de Abril de 2005
Este conteúdo é pago sendo por isso necessária a transcrição mas achei tão extraordinário este quadro da já habitual hecatombe cultural em Portugal que não resisti.
Já não falo do óbvio de que se há coisa que se massificou ou democratizou foi precisamente a cultura. Hoje temos mais possibilidades de escolha, mais concertos, mais cinema, mais literatura, por comparação estamos melhor. Talvez não seja a de maior qualidade, mas ao menos há escolha.
Agora isto da preparação "cultural" ultrapassa-me. Já agora que livros, que discos, que cinema me tornam mais culta e menos desastre, que formação essa que vai tornar o nosso futuro algo cinzento. Não deve causar espanto que um funcionário público goste de ouvir Romana no carro e que isso não constitui impedimento para ler Gógol no seu tempo livre. E mesmo que não o lesse não são esses os critérios que o devem avaliar. Que possa escolher sem preocupações de seguir o cânone ocidental (ah! do Bloom devem estar recordados).
Se bem me lembro a última crónica "musical" de EPC foi sobre a cantora brasileira Simone... sim, com essa estamos todos safos.
Sofia
terça-feira, abril 19, 2005
Habemus Papam
Bento XVI. As minhas preces vão para ele. E para um pontificado que aproxime a Igreja Católica dos seus crentes e do pulsar do Mundo.
AR
AR
Habemus Papam
Ainda não se sabe quem é mas já se sabe que há. Fico satisfeito pelos católicos. A sério.
AR
AR
segunda-feira, abril 18, 2005
Divagações XVII
Os eminentes cardeais reuniram-se hoje para começarem as suas concultas, iluminados pelo Espírito Santo, de forma a escolherem o futuro Papa. Ao que consta, primeiro celebraram uma missa a pedir a iluminação do referido Espírito. Cá para mim, isso deve ser mais ou menos igual a qualquer ritual de feitiçaria, daqueles que a Igreja perseguiu durante séculos e continua a condenar. Invoca-se a divindade, pede-se a sua iluminação e o seu auxílio e depois faz-se o que se tem que fazer.
Eu acho que, já agora, eles podiam integrar no culto a divindade feminina que se perdeu há dois mil anos. Só lhes ficava bem. Até porque um culto de homens ... desculpem lá, mas acho que deixa muito a desejar.
AR
Eu acho que, já agora, eles podiam integrar no culto a divindade feminina que se perdeu há dois mil anos. Só lhes ficava bem. Até porque um culto de homens ... desculpem lá, mas acho que deixa muito a desejar.
AR
sexta-feira, abril 15, 2005
Calling on all Enthusiasts
Nota prévia: este blog encontra-se possuído por demónios musicais. Já não há política mansa, papa, filme, Morrissey (excepção ao Grande Sporting) que nos (me) pare. Noutras palavras, já estou um pouco farta de abrir o estaminé e ler as minhas palavras. Já me basta as que me atormentam a cabeça. Por favor, quando quiserem, se não der muito trabalho, voltem a escrever. Eu deixo. Vá , até sobre o Saint. Enthusiasts isto é com vocês (por acaso também uma boa música dos radio 4).
Disseram-me "escreve lá umas coisas sobre os Tuxedomoon e depois podes escrever sobre os radio 4". Eu obedeço.
Ambos os concertos duraram pouquinho, uma hora, que sempre dá aquela sensação de roubo de bilhete. Se no dos Tuxedomoon deu para descobrir uma banda nova, um cruzamento feliz entre sons electrónicos e jazz, o dos Radio 4 serviu para libertar tensões e dançar. É música que pede pé a bater no chão, libertar os ombros, menear de cabeça, o eventual salto, espasmos que alguns dizem que constitui o acto de "abanar o capacete".
Electrify across the floor foi o que aconteceu ontem, com o ponto alto em "dance to the underground". Estava com saudades de um concerto assim: sala meia cheia, estar a 2 passos da banda, que com som saturado de tão alto que estava e baixo distorcido, tem aquela aura irrepetível de vibração e energia. Estava com saudades de dançar, de poder estar com uma cerveja na mão, de ver outros dançar. O concerto dos Neubauten, que para mim foi o melhor desta semana (já são 4, conto com o Nicola Conte), perdeu incrivelmente com esta falta de contacto com o público. Eles bem se queixaram...
Radio 4 tem muito a ver com os Clash, não só pela postura em palco do vocalista (Anthony Roman) , como pela escolha dos instrumentos de percussão ( P.J. O'Connor) a lembrar o melhor do Combat rock ("Rock the Casbah"), até por uma atitude algo punk nas letras e sonoridade. Outra grande referência é os Gang of Four. São principalmente um bom grupo para se assistir ao vivo. Se puderem a banda vai estar hoje à noite na Casa da Música. 10 euros o bilhete o que é simpático. Recomendado.
Sofia
quinta-feira, abril 14, 2005
Sexta feira anda à roda
Os papáveis já estão cotados nas casas de apostas londrinas.
Eu e a minha irmã gostamos do candidato (?) belga.
Sofia
Eu e a minha irmã gostamos do candidato (?) belga.
Sofia
quarta-feira, abril 13, 2005
Silence is sexy (dizem)
Ainda estou a ruminar qual o melhor ângulo para abordar o concerto de ontem. Se pelo público, já que há ali um ritual de preparação para uma quase cerimónia, se pela música em si, uma espécie de caos organizado em cenário pós apocalíptico.
Estavam cerca de 20 graus ontem, tempo que pedia a singela t-shirt, no entanto, alguma assistência traja gabardine preta, maquilhagem pesada, espartilhos e botas. Há um sósia do Boy George a cirandar pelas cadeiras, o preto domina, um rapaz ostenta penteado igual ao do vocalista. À nossa frente senta-se um casal, imóvel durante toda a actuação , quebrando o mutismo apenas para lançar uns "shiu!" ofendidos e outras recriminações silenciosas. O público gótico levantou-se do Limbo.
Na realidade se a aparência podia ser algo ameaçadora, o concerto claramente não o foi. Blixa Bargeld (vocalista dos Einstürzende Neubauten e guitarrista dos The Bad Seeds) estava de bom humor: queixou-se do fosso imposto pela arquitectura da sala, imaginou um cosmos semeado de telemóveis e isqueiros, sentiu a presença de uma sala (cheia!) que não via. O que acabou por transformar este encontro em algo boa onda mesmo que espreitem dead friends around the corner, que ecoem gritos alastrados até ao limite da tolerância, ou quando a ressonância metálica lembra algo do inferno. Se calhar os 25 anos deu-lhes para esta bonança. Uma espécie de Rua Sésamo em cenário do Dune.
A ideia da casa (Einstürzende Neubauten quer dizer qualquer coisa como construir edificios que ameaçam ruir) não é descabida. As tubagens, os canos, as pistolas de ar, todo o que lembra um sítio em construção, é matéria-prima para criar som, que desenvolve para ritmo, que constrói harmonia. Acabam por predominar sons metálicos (há muita chapa a bater) , instrumentos entre bateria e xilofone. E se por momentos degenera para o caos (a desconstrução, a ruína), foi sempre um caos controlado, já que o feedback de uma "coisa" daquelas pode ser tremenda. Baixo demais não se ouve, alto demais afoga. O que isto faz é que sugere a sensação de transe, cria algo o que é tribal ou ancestral ou doutro planeta qualquer.
Para uma crónica mais elucidada que esta é dirigir-se ao Juramento sem Bandeira ou peçam cópia do concerto gravado a alguns lucky few (mesmo que por isso tenham pago 25 euros).
Sofia
Estavam cerca de 20 graus ontem, tempo que pedia a singela t-shirt, no entanto, alguma assistência traja gabardine preta, maquilhagem pesada, espartilhos e botas. Há um sósia do Boy George a cirandar pelas cadeiras, o preto domina, um rapaz ostenta penteado igual ao do vocalista. À nossa frente senta-se um casal, imóvel durante toda a actuação , quebrando o mutismo apenas para lançar uns "shiu!" ofendidos e outras recriminações silenciosas. O público gótico levantou-se do Limbo.
Na realidade se a aparência podia ser algo ameaçadora, o concerto claramente não o foi. Blixa Bargeld (vocalista dos Einstürzende Neubauten e guitarrista dos The Bad Seeds) estava de bom humor: queixou-se do fosso imposto pela arquitectura da sala, imaginou um cosmos semeado de telemóveis e isqueiros, sentiu a presença de uma sala (cheia!) que não via. O que acabou por transformar este encontro em algo boa onda mesmo que espreitem dead friends around the corner, que ecoem gritos alastrados até ao limite da tolerância, ou quando a ressonância metálica lembra algo do inferno. Se calhar os 25 anos deu-lhes para esta bonança. Uma espécie de Rua Sésamo em cenário do Dune.
A ideia da casa (Einstürzende Neubauten quer dizer qualquer coisa como construir edificios que ameaçam ruir) não é descabida. As tubagens, os canos, as pistolas de ar, todo o que lembra um sítio em construção, é matéria-prima para criar som, que desenvolve para ritmo, que constrói harmonia. Acabam por predominar sons metálicos (há muita chapa a bater) , instrumentos entre bateria e xilofone. E se por momentos degenera para o caos (a desconstrução, a ruína), foi sempre um caos controlado, já que o feedback de uma "coisa" daquelas pode ser tremenda. Baixo demais não se ouve, alto demais afoga. O que isto faz é que sugere a sensação de transe, cria algo o que é tribal ou ancestral ou doutro planeta qualquer.
Para uma crónica mais elucidada que esta é dirigir-se ao Juramento sem Bandeira ou peçam cópia do concerto gravado a alguns lucky few (mesmo que por isso tenham pago 25 euros).
Sofia
terça-feira, abril 12, 2005
Parabéns!
A piolha faz hoje anos. Cinco! Não fora a existência da minha filha e achá-la-ía, provavelmente, a menina mais bonita que conheço.
Daqui lhe envio a minha prenda: desejo que a luz das estrelas lhe brilhe sempre no olhar.
AR
Daqui lhe envio a minha prenda: desejo que a luz das estrelas lhe brilhe sempre no olhar.
AR
A história de uma conversão forçada
The conduct of God, who disposes all things kindly, is to put religion into the mind by reason, and into the heart by grace. But to will to put it into the mind and heart by force and threats is not to put religion there, but terror; terorrem potius quam religionem.Pascal
Como se sabe aqui na AQC ama-se de paixão os Smiths. Quando comecei por aqui pensei que o Benfica seria o único ponto a tears us apart, mas notei a hostilidade dos elementos masculinos perante a minha ignorância e mesmo alguma falta de paciência para prestar culto ao grupo.
Facto assente é que é evidente que foram um grupo importante e que marcou uma geração, assim como são os Pixies, Jesus & Mary Chain, Nirvana, ou os Sonic Youth. Eu apanhei mais esta leva.
Preocupados com esta falta de minha parte num destes dias emprestaram-me uma revista brasileira onde Morrissey dava uma entrevista. Pensei que seria óbvio que a graça do espírito entrasse mais pelo empréstimo de alguns Cds, quiçá ofertando a bela da t-shirt do the queen is dead, mas não, quiseram introduzir-me no culto através da figura iluminada do front man (Saint Morrissey, há um livro que lhe chama Saint). Parangonas da reportagem gritavam "vegan radical, celibatário, contra o Blair". Morrissey fala num tom algo magoado, a roçar a lamechice, que tinha sido esquecido pela "indústria". Tenho confirmado com alguma frequência que este tipo de reportagens são um verdadeiro anti clímax, as ideias expressas são vazias, a personagem revela-se tal como é, um pateta egocêntrico que partilha traços de personalidade com essa minha nemesis da música contemporânea - o Moby.
Não é por aí.
Pelo contrário sou uma crente do conceito de songs that saved your live. Se todos os dias encontro uma. Já pensei porque gosto tanto de escrever sobre música. Enganem-se se pensam que é por saber muito (sim, já enganei algumas pessoas assim), mas antes porque é um veículo de excelência para tornar palpáveis (não papáveis, essa palavra na moda agora) sentimentos e estados de espírito. Há dias em que encontramos no rendilhar de uma guitarra, num ou dois versos, bolas, nas linhas do baixo, solidariedade profunda na nossa tristeza ou alegria. Também porque a música estava lá em momentos importantes da minha vida, acho que há uma banda sonora sempre, nem que seja imaginada. Ontem estava a martelar essa morphine do Jolie Holland, hoje passo o dia a ouvir Let's get lost de Elliot Smith. Faz-me companhia.
Para provar que não sou teimosa e que até coloco a hipótese que os Smiths me venham a salvar um dia o dia, aceito as oferendas do meu benfeitor e sigo alegre e segura para o concerto dos Einsturzende Neubauten (punk niilista barra industrial barra inclassificável), quarta Tuxedomoon, quinta, talvez, Radio 4 no lux, porque também existe boa música pós 80.
Sofia
Como se sabe aqui na AQC ama-se de paixão os Smiths. Quando comecei por aqui pensei que o Benfica seria o único ponto a tears us apart, mas notei a hostilidade dos elementos masculinos perante a minha ignorância e mesmo alguma falta de paciência para prestar culto ao grupo.
Facto assente é que é evidente que foram um grupo importante e que marcou uma geração, assim como são os Pixies, Jesus & Mary Chain, Nirvana, ou os Sonic Youth. Eu apanhei mais esta leva.
Preocupados com esta falta de minha parte num destes dias emprestaram-me uma revista brasileira onde Morrissey dava uma entrevista. Pensei que seria óbvio que a graça do espírito entrasse mais pelo empréstimo de alguns Cds, quiçá ofertando a bela da t-shirt do the queen is dead, mas não, quiseram introduzir-me no culto através da figura iluminada do front man (Saint Morrissey, há um livro que lhe chama Saint). Parangonas da reportagem gritavam "vegan radical, celibatário, contra o Blair". Morrissey fala num tom algo magoado, a roçar a lamechice, que tinha sido esquecido pela "indústria". Tenho confirmado com alguma frequência que este tipo de reportagens são um verdadeiro anti clímax, as ideias expressas são vazias, a personagem revela-se tal como é, um pateta egocêntrico que partilha traços de personalidade com essa minha nemesis da música contemporânea - o Moby.
Não é por aí.
Pelo contrário sou uma crente do conceito de songs that saved your live. Se todos os dias encontro uma. Já pensei porque gosto tanto de escrever sobre música. Enganem-se se pensam que é por saber muito (sim, já enganei algumas pessoas assim), mas antes porque é um veículo de excelência para tornar palpáveis (não papáveis, essa palavra na moda agora) sentimentos e estados de espírito. Há dias em que encontramos no rendilhar de uma guitarra, num ou dois versos, bolas, nas linhas do baixo, solidariedade profunda na nossa tristeza ou alegria. Também porque a música estava lá em momentos importantes da minha vida, acho que há uma banda sonora sempre, nem que seja imaginada. Ontem estava a martelar essa morphine do Jolie Holland, hoje passo o dia a ouvir Let's get lost de Elliot Smith. Faz-me companhia.
Para provar que não sou teimosa e que até coloco a hipótese que os Smiths me venham a salvar um dia o dia, aceito as oferendas do meu benfeitor e sigo alegre e segura para o concerto dos Einsturzende Neubauten (punk niilista barra industrial barra inclassificável), quarta Tuxedomoon, quinta, talvez, Radio 4 no lux, porque também existe boa música pós 80.
Sofia
segunda-feira, abril 11, 2005
Aleluia, Irmãos
O morto ressuscitou!
Enfim, em abono da verdade não ressuscitou. Acha que sim, mas está enganado. Digamos que foi mais um tique, um estremeção, uma contracção muscular. E ei-lo, em pleno Congresso, a dizer que vai andar por aqui.
Em abono da verdade, não me importo muito, logo que não me cruze com ele. É que deve cheirar ......
AR
Enfim, em abono da verdade não ressuscitou. Acha que sim, mas está enganado. Digamos que foi mais um tique, um estremeção, uma contracção muscular. E ei-lo, em pleno Congresso, a dizer que vai andar por aqui.
Em abono da verdade, não me importo muito, logo que não me cruze com ele. É que deve cheirar ......
AR
O que tu queres sei eu
Uma possível reencarnação de Bessie Smith.
Muito bom.
Sofia
Um post sobre português
Estava hoje de manhã a ver o Telejornal da RTP e surpreendi-me com a quantidade de sinónimos que arranjavam no teletexto que passava no rodapé para o verbo ganhar. Boavista suplantou FCP. Vitória bate U Leiria. Marítimo conquistou Nacional. Mas o Benfica, o Benfica caros amigos, foi o único que teve direito ao inequívoco perdeu (em casa do Rio Ave). Já agora o Sporting ganhou (também inequívoco).
Da próxima vez sugiro outros eufemismos:
ser privado de coisa que se possuía;
deixar de ter, de gozar;
não aproveitar;
deixar fugir;
dar cabo de;dissipar;
destruir;
causar a ruína de;
conduzir à perdição;
corromper;
desgraçar;
desmerecer;
descair no conceito;
sofrer dano, quebra ou diminuição de;
empregar sem proveito (o tempo, o esforço, etc. )
Noto que desde que comecei a escrever aqui (há quem diga que me limito a mandar umas bojardas) a clubite aumentou. Se até sou uma pessoa de sentimentos profundos e que (tento) leio Pascal...Já sabem amanhã falarei mal dos Smiths.
Sofia
P.S.: do congresso PSD o meu momento favorito: Jorge Coelho dá os parabéns a Marques Mendes "sim senhor, bom congresso , precisamos de um PSD forte, blá, blá, blá ...", plano seguinte Jorge Coelho com ar de chofre confessa ao jornalista "foi um congresso frouxo, sem ideias, o discurso de encerramento sem novidades..." .
Da próxima vez sugiro outros eufemismos:
ser privado de coisa que se possuía;
deixar de ter, de gozar;
não aproveitar;
deixar fugir;
dar cabo de;dissipar;
destruir;
causar a ruína de;
conduzir à perdição;
corromper;
desgraçar;
desmerecer;
descair no conceito;
sofrer dano, quebra ou diminuição de;
empregar sem proveito (o tempo, o esforço, etc. )
Noto que desde que comecei a escrever aqui (há quem diga que me limito a mandar umas bojardas) a clubite aumentou. Se até sou uma pessoa de sentimentos profundos e que (tento) leio Pascal...Já sabem amanhã falarei mal dos Smiths.
Sofia
P.S.: do congresso PSD o meu momento favorito: Jorge Coelho dá os parabéns a Marques Mendes "sim senhor, bom congresso , precisamos de um PSD forte, blá, blá, blá ...", plano seguinte Jorge Coelho com ar de chofre confessa ao jornalista "foi um congresso frouxo, sem ideias, o discurso de encerramento sem novidades..." .
domingo, abril 10, 2005
Morrissey tem músicas sobre tudo
A segunda faixa do álbum "Viva Hate" chama-se "Little Man, What Now?"
LR
sábado, abril 09, 2005
retalhos da vida de um merdas
LR
sexta-feira, abril 08, 2005
nem Bela nem Monstro
Nestes tempos em que toda a gente tem direito a opinião, andam a perguntar à populaça o que acham do casamento destes dois. E a gentalha vai respondendo que "pois, não acho mal, mas ela não deve ser rainha...". São ainda os efeitos da canonização da falecida Diana, a sopeira glorificada que deixou saudades às suas congéneres de todo o mundo. Valerá a pena explicar que a aplicação dos critérios telenovelísticos de "felicidade conjugal" a uma família real é um equívoco? A aceitar-se a monarquia (não é o meu caso), o valor essencial a preservar pela mesma é o interesse de Estado. O resto é folclore mediático para revistas cor-de-rosa. Celebremos pois o casamento do herdeiro da Coroa.
LR
nemesis
O resultado do Newcastle-Sporting não surpreende. Graeme Souness nunca perdeu com os lagartos (Sporting-Benfica, 21/2/98, 1-4; Sporting-Benfica, 3/1/99, 1-2).
LR
quinta-feira, abril 07, 2005
Totus Tuus ego sum
The following is an English translation of the official Vatican Italian translation of the text of Pope John Paul II's last will and testament.
Sofia
Sofia
quarta-feira, abril 06, 2005
Perdoa-me, Pai ...
Eu, num lapso mental, não reparei que a Sofia tinha reparado que não estamos no início do campeonato.
AR
AR
Perdoa-lhes, Pai ...
A Sofia, num evidente lapso temporal, não reparou que estamos no fim do campeonato ...
AR
AR
terça-feira, abril 05, 2005
Reminiscências do jantar de domingo
Adenda: já não estamos no início do campeonato todavia o fenómeno permanece. A ala verde e não - smithiana do AQC manteve-se inabalável.
Sofia
A fronte precipitium, a tergo lupi.
Tudo começou porque eu queria encontrar a expressão latina Abyssus abyssum invocat - um abismo chama outro abismo .
Fui a esta página , rica em adágios latinos, e encontrei a preciosidade que dá título a este post. Para português brasileiro traduziram como «Se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come» ou em espanhol o não menos corriqueiro «Huyendo del toro, cayó en el arroyo».
Sim o abismo é poético, mas este é que é concreto.
Sofia
Fui a esta página , rica em adágios latinos, e encontrei a preciosidade que dá título a este post. Para português brasileiro traduziram como «Se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come» ou em espanhol o não menos corriqueiro «Huyendo del toro, cayó en el arroyo».
Sim o abismo é poético, mas este é que é concreto.
Sofia
sábado, abril 02, 2005
João Paulo II (1978-2005)
CC
sexta-feira, abril 01, 2005
Momento
Pudera eu parar neste instante
A passagem do tempo impiedoso
E na eternidade do momento
Te amaria eu, de teu corpo sequioso.
Fizesse eu o milagre do instante
E dele não viesse outro depois
Que minha boca na tua a prenderia
E do respirar d'um viveriamos dois.
Não andassem os ponteiros do relógio.
Não girasse a Terra em seu eixo.
Não nascesse nem se pusesse o Sol ou a Lua.
E da eternidade do segundo
Em que se sustivesse, frágil, o mundo
Te ouviria para sempre dizer: Sou tua!
AR
A passagem do tempo impiedoso
E na eternidade do momento
Te amaria eu, de teu corpo sequioso.
Fizesse eu o milagre do instante
E dele não viesse outro depois
Que minha boca na tua a prenderia
E do respirar d'um viveriamos dois.
Não andassem os ponteiros do relógio.
Não girasse a Terra em seu eixo.
Não nascesse nem se pusesse o Sol ou a Lua.
E da eternidade do segundo
Em que se sustivesse, frágil, o mundo
Te ouviria para sempre dizer: Sou tua!
AR
Serenidade
AR
Crispação
Sofia
Bigmouth strikes again (o álbum que não era suposto existir)
AR