domingo, julho 31, 2005


O REGRESSO DE LUIZ GOES

Vinte e dois anos após a gravação do seu último trabalho “Canções para quase todos”, Goes regressa em “Coimbra – espírito e raiz”, projecto conjunto de João Moura, Carlos Carranca e José Santos.

“Convosco regresso à Coimbra de sempre” – escreve Luiz Goes a abrir o livro que acompanha o CD/DVD e que faz a história das três últimas décadas da Canção de Coimbra.

Iniciado no longínquo ano de 1982, este projecto da autoria de João Moura é o produto de múltiplas vivências congregadas nos afectos que enraizaram por Coimbra – “A voz de Goes estava no meu subconsciente desde o início deste projecto”.

Aos sete temas da autoria de João Moura e Carlos Carranca, juntam-se mais três de Luiz Goes, Edmundo Bettencourt e José Santos. O CD inclui ainda três composições para guitarra e flauta, da autoria de João Moura e Abel Gonçalves, sendo uma delas um tributo a Carlos Paredes.

O trabalho é valorizado pelas imagens em vídeo de Santa Clara-a-Velha e pelas imagens captadas pela objectiva de Mário Afonso, presidente fundador da Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra.

Mais detalhes aqui.

sábado, julho 30, 2005

pequenas curiosidades do mundo do futebol, parte 1

Os regulamentos da FIFA e da UEFA comportam excepções regionais: em Guimarães cotoveladas na cara não são falta.
LR

Bolhão amigo, a Coluna está contigo

Foi criada a Associação dos Amigos do Bolhão. Ou seja, o Bolhão precisa de amigos. Não abandonem o Bolhão! Cantem comigo: «Eu tenho um Bolhão / o outro é o irmão...»
LR

quinta-feira, julho 28, 2005

Aumentei

o meu léxico de expressões catitas com o Rock bottom riser, um oxímoro que quer dizer, mais ou menos, alguém que bate fundo e levanta. É o tema central deste álbum, que nos situa num rio, o rio que representa a nossa vida.

Estou encantada com as histórias e com o timbre de Bill Callahan (basicamente uma banda de um homem só, ainda que em algumas faixas se acompanhe pelo piano de Joanna Newson), pelo low-fi que atravessa este trabalho. Posso dizer que este é mais um caso de "só agora!?!". Só agora o conheço, mesmo a cantar desde 92 e com 11 álbuns em carteira.

Gosto disto. É íntimo. Como se tivesses uma pessoa a tocar (só) para ti.

Sofia

quarta-feira, julho 27, 2005

todos os nomes

O Benfica pôs o nome do Estádio à venda.
Isto de vender um nome tem que se lhe diga. Já desde o Antigo Testamento que dar o nome significa manifestar o poder que se tem sobre o que se nomeia, fazendo-o sua pertença. Deus mostrou ao homem a sua criação e cada espécie «devia levar o nome que o homem lhe desse. O homem deu nomes a todos os animais, às aves do céu e a todas as feras selvagens» (Gén. 2, 19-20).
Ainda agora é assim: os pais dão os nomes aos filhos, os empresários às suas empresas, os autarcas às suas rotundas, as crianças aos brinquedos, o regime às suas pontes sobre o Tejo, etc., etc.
Ora, o Benfica, glorioso herói em decadência, fiel espelho da nação, governado gerido pelos modernos empreendedores das negociatas espertas, com o afã de presidentes da junta nos mercados em manhãs de campanha eleitoral, resolveu abdicar do simbólico poder que ainda tinha. Depois de se vender à sujidade sociedade anónima, de destruir a cada ano que passa a mística que tinha (vejam o que se passa com a mudança das camisolas da equipa de futebol em cada ápoca) - e que o levou, com orgulho muito seu, a ganhar a independência que tinha e fazia calar alguns esbirros do Estado Novo (as eleições no Benfica sempre foram um espinho na garganta do regime, que assistia impávido à única manifestação democrática em Portugal durante décadas e que mostrava ao País que a democracia podia funcionar), depois de vender o coração, vende agora a alma.

Esta operação mercantilista é tão ridícula e as piadas são tão óbvias e fáceis, que até fica mal perder tempo a pensar no assunto sem tristeza. Assim, decidi ajudar o meu clube a estabelecer alguns critérios úteis. Como a ideia é sacar algum dinheiro aos capitalistas, convém que seja a empresas de alguma dimensão, das poucas que, em Portugal, não declaram prejuízos todos os anos. De preferência, uma multinacional, mas dessas que ainda aqui têm estabelecimentos, fábricas e empregam assalariados residentes neste recanto repleto de estádios de futebol novinhos em folha. Por outro lado, para manter uma aparência de dignidade, deve ser uma firma cujo logotipo não seja verde nem azul, mas da cor do nosso sangue: encarnado vermelho. Assim, não podem ser escolhidas das empresas a quem já foram vendidas algumas bancadas no estádio, como a Portugal Telecom, cujo símbolo já ocupa demasiado espaço nas camisolas dos jogadores, transformando o emblema do clube num acessório menor) ou a Sapo. Era o que faltava, associarmos o nome do Estádio a um sapo, cuja cor, mesmo que esteja saudável e bem-disposto, é uma cor doentia.
Também deve ser rejeitada um empresa portuguesa. Não só porque é difícil encontrar uma com uma imagem de seriedade, competência, modernidade e eficiência, mas porque só uma estrangeira tem a$ qualidade$ nece$$ária$ para não dividir os consumidores e ser penalizada pela inveja dos adeptos de todos os outros clubes. Fica, assim, afastada a Sagres (se bem que a Bohemia é uma bela cerveja, pá), que também tem uma bancada no novo Estádio.

Resta, então, a solução que já era a preferível desde o início: a Coca Cola. A Coca-Cola é antiga, um símbolo universal de vitória, de sapiência, de modernidade, de história, de estabilidade, de vigor. E além disso, sabe bem, quando fresquinha.
No entanto, deve haver uma referência, ainda que subliminar, ao antigo nome do Estádio, o nome pelo qual era chamado muito depois de ter mudado para Estádio do Sport Lisboa em Benfica, o nome mais poético de todos os estádios e que só em Portugal poderia existir, neste país cujo dia nacional celebra um poeta, o Estádio da Luz. Assim, sugiro aqui à direcção do Benfica, aos accionistas da SAD e aos jornalistas de A Bola e do Record, o nome dos nomes: Estádio Coca-Cola Light.
CC

terça-feira, julho 26, 2005

Então e o Ali?

«Por enfim, Ali Farka: o presidente da Câmara de Nyafunké (Mali) deu um concerto magnífico, duas horas de viagem a um tempo anterior às cisões da música em géneros. Ouvi-lo é aceder a uma máquina do tempo no exacto instante em que se abre e cria a música, em que a música se imiscui com as coisas dos vivos. Touré faz blues metafísicos, ondulantes e em perpétuo vórtice, a guitarra é um émulo do tempo que retorna incessantemente a si mesmo (quem vive no deserto, tendo sempre e apenas o deserto por companhia só pode fazer música assim), repetindo frases vez após vez até entrar em duelo com o N"Goni (espécie de guitarra de três cordas), ou, mais tarde, com a kora do convidado especial Toumani Diabaté. Por trás, o calabash mantém um padrão cavo - é o cerne de tudo, o lençol de água onde toalhas de notas se sedimentam. Quando o padrão está instalado, os solistas voam. Regressam, muitos minutos mais tarde (a noção do tempo deve ser diferente, no Mali), para cantar o mesmo de sempre: a agricultura, a religião, a família, os animais, a água. Esta música é assim desde o início dos tempos e Farka Touré é assim desde sempre. E é extraordinário, ao ponto de encher por completo aquele anfiteatro e pôr toda a gente de pé a oscilar ao ritmo hipnótico da sua música. Caso não tenham percebido, aquela gente toda era a classe média que, segundo Vasco Pulido Valente, "não serve para nada". No fundo, a verdadeira elite. » (João Bonifácio hoje no Público)

Na realidade não queríamos recorrer ao Bonifácio mas o/a escriba (quando se fala de música o redactor passa automaticamente a escriba) pirou-se para o Porto antes de termos tido oportunidade de sacar crónica com mais propriedade do que aqueles que compõem a AQC.
Pode ser que se redimam nos comentários.

Eu? Eu gostei.

Sofia

PS: Posto isto também porque achei piada à farpa final a VPV. Lugar inesperado não acham?

sábado, julho 23, 2005

No estádio do Imortal, um imortal


Benfica 5, West Bromwich Albion 0
LR

sexta-feira, julho 22, 2005

Constatação do dia





Hoje vai (quase) toda a gente ver Ali Farka Touré tocar no África Festival em Monsanto. Vamos lá ver: grátis e uma extraordinária (e raríssima) oportunidade de assistir a Ali Farka Touré ao vivo (cito do Y hoje), sim, deve ser por isso.

Sofia


quinta-feira, julho 21, 2005

o polvo é quem mais ordena

Empreiteiros 1 - Política - 0.

CC

no fundo, no fundo, andamos todos ao mesmo...

De Charlottesville, Virginia, EUA, diz-nos o nosso amigo Ian Watts: «Curiously enough, I met a member of a psychological operations unit stationed in various military prisons in Iraq just before the new year. She told me that prisoners regularly exposed themselves to her; as she entered their cells, they effortlessly and willingly removed their clothes. These sex-deprived men wished to have sex with her. She gave a polite laugh as she related these facts.

This does not excuse the tactics used by the United States, but does bring to the fore definite inconsistencies in the way the United States handles prisoners in this orwellian 'war on terror.'»
LR

eufemismos


Cansado? Esgotado? Devias ter um bébé com dez dias em casa...
LR

quarta-feira, julho 20, 2005

Vícios

Aderi recentemente ao Ebay, mais um veículo para satisfazer a minha criança interior, perdida entre consumos arbritários e desnecessários, uma indulgence com a qual não passo (corre na família posso dizer). Desde logo há que entrar no jargão dos bids, outbids, numa bolsa de ganhos e perdas. O que procuro não são os cereais com forma de Nossa Senhora (ou a panqueca, ou a omolete, a Nossa Senhora está a aparecer muito no meio alimentar agora), são Cds, são posters, brinquedos, a HP 19B uma calculadora financeira maravilha que foi para o alheta no 4ºano da faculdade. Noto com alguma preocupação que esta última é vendida como uma rare Hewlett Packard collector's item, chamar peça de museu ao sítio onde eu punha cábulas, enfim, tira o romantismo à coisa.

No outro dia participei num leilão (live!) com vista a comprar um poster lindo do 2001 Odisseia no Espaço.




Base de licitação inicial 3 dólares. O leiloeiro avisou que se fizessem licitações razoáveis para poupar o desagravo de perder. Confiante coloquei 50 dólares, já sonhando com a cara de espanto da pessoa que o iria receber. "Como conseguiste?". "Eu posso tudo! AH!AH!AH!". Enquanto me perdia nessas fantasias de vã glória, o leilão chegou ao fim e o poster foi vendido a alguém mais abonado do que eu por 11.000 dólares, não sei, talvez o que vale o meu carro agora.

E com esta aprendo essa valiosa lição dos Stones:

you can't always get what you want
but if you try sometimes,
you just might find,
you'll get what you need.

Sofia

é hoje, é hoje

Fundamentalismos na Terra da Alegria.
CC

terça-feira, julho 19, 2005

Qual seria o custo de Portugal não ter um aeroporto competitivo dentro de dez anos?*

Provavelmente a poupança dos 650 milhões que serão queimados em estudos sobre a Ota. Fora construção (os custos globais avaliados em 3 mil milhões de euros). TGV: 1,5 mil milhões de euros para que se possam efectuar estudos , custo de obra cerca de 14 mil milhões de euros. Provavelmente a canalização para outros investimentos prioritários: melhoramento e renovação das infratestruturas de transporte actuais, investimento em energias renováveis, ...

Como classificou bem Miguel Beleza hoje numa crónica do Público (link indisponível por ser conteúdo pago) podemos considerar que estes são dois belos e nutridos elefantes brancos.


«O TGV nasceu e será rentável para linhas com tráfego da ordem dos dez milhões de passageiros/ano. Os espanhóis dizem que o rentabilizam com metade. Em Portugal a Linha Lisboa-Porto terá, na hipótese mais optimista, três milhões. Isto é, se tivermos sorte, nessa linha será coberta uma parte moderada dos custos variáveis. Seria possível diminuir o custo para o contribuinte, por exemplo, não construindo a parte da linha mais próxima de Lisboa e Porto que, por razões evidentes, custará uma (grande) fortuna e efectuar o correspondente percurso à chamada velocidade alta. Acrescentar-se-ia, no máximo, um número limitado de minutos à viagem. Vale a pena lembrar que se as caríssimas obras de melhoramento da linha do Norte tivessem sido feitas com competência, os já pagos comboios pendulares fariam o percurso Lisboa-Porto talvez em menos cerca de uma hora do que as três actuais. Para o contribuinte, as ligações Porto-Vigo e Lisboa-Madrid serão uma caríssima fantasia. »



«O aeroporto da Ota, que, directa ou indirectamente será em grande parte pago pelo contribuinte, é inútil. Primeiro, o espaço disponível faz com que a sua vida útil seja curta. Segundo, a Portela pode durar muitos mais anos com um dispêndio reduzido, em particular se a pista de Alverca for utilizada para charters e linhas aéreas low cost ou no frills que hoje fogem da Portela por causa do preço e cujo peso no transporte aéreo irá, tudo o indica, continuar a crescer muito em termos absolutos e relativos. A orientação das pistas da Portela e de Alverca permitem esta opção. E, além disso, Alverca fica a menos de metade dos trinta e picos quilómetros de Lisboa a que fica a Ota.»


Sofia

* Pergunta lançada por José Sócrates durante a apresentação do Programa de Investimentos em Infra-estruturas Prioritárias (PIIP)

segunda-feira, julho 18, 2005

Porque hoje é 2ª feira

... cá está o post da 2ª feira.
AR

sábado, julho 16, 2005

land of the free

Parece que as técnicas de interrogatório e tratamento dos prisioneiros utilizadas em Abu Ghraib foram primeiro usadas em Guantanamo. A notícia, alarmista e de mau gosto, foi já recambiada para o seu devido lugar: o senador republicano Pat Roberts chamou aos abusos verificados em Guantanamo «incidentes menores» que não merecem ser matéria de interesse nacional. Não se deve falar disso, não tem interesse nenhum.
Peço desculpa, portanto (também não vou falar da crise, que o sr. Presidente está farto de ouvir falar dessa coisa).
CC

não querer perceber ou a suspensão temporária da moral

Excelente post do Lutz. A ler, sem falta.
CC

sexta-feira, julho 15, 2005

5 momentos

Há já alguns postes atrás o LR desafiou os restantes membros da AQC a responderem ao questionário musical. Não teve sucesso. Também não o vou fazer agora (apesar dos muitos gigas da minha vergonha) mas pensei na altura que a melhor forma de enumerar 5 canções que tivessem algum significado para mim seria recorrendo à imagem. Ajuda a visualizar.

Aqui ficam: 5 grandes momentos musicais.

1. 2001, Odisseia no Espaço do Kubrick ao som do "Danúbio Azul" de Johann Strauss.


2.Calle 54 de Fernando Trueba. Fundo vermelho vivo para a actuação de "Earth Dance" de Jerry Gonzalez com a Fort Apache Band.


3. O Pianista do Polansky que se faz valer nos 13 minutos magistrais da Balada n.1 em Sol menor,Op.23 de Chopin.




4. Man with a movie Camera de Dziga Vertov reinventado pelos Cinematic Orchestra, o "Evolution".




5. Ok, o filme é o favorito, eleita melhor simbiose widescreen e música ainda que me persiga essa sensação de estar mencionar um lugar já muito comum. A sequência de abertura do Manhattan de Woody Allen arrebatada pelo "Rhapsody in Blue" do Gershwin.





He adored New York City. He idolized it all out of proportion - er, no, make that: he - he romanticized it all out of proportion. - Yes. - To him, no matter what the season was, this was still a town that existed in black and white and pulsated to the great tunes of George Gershwin. - Er, tsch, no, missed out something. - Chapter One. He was too romantic about Manhattan, as he was about everything else. He thrived on the hustle bustle of the crowds and the traffic. To him, New York meant beautiful women and street-smart guys who seemed to know all the ankles. - No, no, corny, too corny for a man of my taste. Can we ... can we try and make it more profound? - Chapter One. He adored New York City. To him, it was a metaphor for the decay of contemporary culture. The same lack of individual integrity that caused so many people to take the easy way out was rapidly turning the town of his dreams in ... - no, that's a little bit too preachy. I mean, you know, let's face it, I want to sell some books here. - Chapter One. He adored New York City, although to him it was a metaphor for the decay of contemporary culture. How hard it was to exist in a society desensitized by drugs, loud music, television, crime, garbage ... - Too angry. I don't want to be angry. - Chapter One. He was as tough and romantic as the city he loved. Behind his black-rimmed glasses was the coiled sexual power of a jungle cat. - I love this. - New York was his town, and it always would be ...

As palavras ajudam a visualizar ainda melhor.

Sofia

quinta-feira, julho 14, 2005

Grevar ou não Grevar IV

Sofia, as minhas razões não se prendem apenas com o modelo. Prendem-se para começar, com a falta de vergonha e decência de quem nos governa. Eu não faria esta greve se estivessemos todos, mas mesmo todos, no mesmo barco. Não estamos.
O ponto não bate, evidentemente, na revitalização da economia com investimento público. Embora ache que no nosso país, os privados, onde tu trabalhas, estejam sempre a falar (mal) do Estado (como o CC refere abaixo) mas vivam sempre na perspectiva de receber dinheiro e benesses e mordomias e ... e .... e ... desse mesmo Estado e não invistam eles. Sim, porque não hão-de investir os privados e hão-de ficar à espera do dinheiro público?
Quanto às auditorias ... onde trabalho, de cada vez que muda o executivo, fazem-se auditorias. Gasta-se dinheiro e o resultado é ... nada. Mudam-se os nomes dos serviços e fica tudo na mesma. Redistribuem-se as chefias pelos amigos do partido no poder e já está. O problema, mais uma vez, não é da Função Pública (FP) mas de quem nela manda. É que a FP é um bom saco para levar pancada quando convém!
Eficácia? Vou-te dar um exemplo. No meu serviço, um processo demora, em média, 48h a ser despachado. Estou há quase 3 semanas à espera que a SIVA me despache uns documentos, que me devolveram por duas vezes sem esclarecerem correctamente porquê e tive que lá ir para saber o que se passava. A ineficácia da FP é, também e cada vez mais, um mito. Por comparação com o privado (e na minha experiência de contacto com o privado) acho a FP em geral mais eficiente e cordial. Os hospitais privados funcionam tão mal ou pior do que os públicos, os estabelecimentos privados de ensino cobram uma fortuna para providenciar em muitos casos formação igual à do ensino público (aliás, e tirando a Católica, hás-de-me dizer qual a Universidade Privada que proporciona melhor formação do que as Universidades Públicas - e eu formei-me numa privada, portanto acho que sei do que falo), a transformação de alguns serviços públicos em empresas semi ou totalmente privadas tem sido apenas uma forma de arranjar mais tachos sem melhoria do serviço prestado ao público ... e podiamos continuar por aqui ad infinitum.
Concordo contigo quanto aos regimes de excepção. Julgo que deveriam existir para as forças de segurança, professores e ... assim de repente não me lembro de mais ninguém. Mas talvez mais alguém aqui se possa integrar.
Quanto à máquina pesada que nos enterra... O problema em Portugal é que se espera que seja o Estado a criar riqueza. Os portugueses estão pouco feitos ao investimento produtivo. Em geral, num país deveriam ser o Estado e as empresas a produzir riqueza. Ou até apenas as empresas. Eu não tenho para mim que o Estado tenha que produzir riqueza. Acho que tem a função de a distribuir de forma a que aqueles que têm muito pouco possam ter alguma coisa, numa perspectiva de solidariedade comunitária. Acontece que as empresas estão sempre à espera que seja o Estado a fazer o esforço para depois lhes dar algo do bolo. E agora, que não há bolo, estão todos muito preocupados e exaltados, na expectativa de levarem uma mão daqui ou um pé dali.
E para terminar, que isto já vai longo, cito-te: E a reforma algo obscena do ministro, embora eticamente errada, é mais um entre tantos... Também são amendoins isso. Pois é. Não são. Se há coisa que não é amendoins, em Democracia, é a Ética. E acho muito mau sinal quando se começa a pensar assim. O ordenado do Ministro é uma questão fundamental. Porque é esse ordenado que nos dá a medida da sua integridade enquanto governante, da sua legitimidade como político e da idoneidade da sua proposta para a recuperação do país. E esse ordenado, minha amiga, deitou por terra tudo isso.
É também por isso que, àmanhã, vou fazer greve.
AR

Grevar ou não grevar III

Eu trabalho para o sector privado. Não há greve convocada, venho trabalhar amanhã como todos os dias.

As razões que o AR apontou para aderir à greve prendem-se mais com o modelo económico escolhido pelo governo: apertar o cinto com subida de impostos e revitalizar a economia com investimento público, não tanto pelas razões avançadas pelos sindicatos. E a reforma algo obscena do ministro, embora eticamente errada, é mais um entre tantos... Também são amendoins isso. Se este modelo deve receber críticas, e na Ota não podia estar mais de acordo, o tipo de contestação não passaria por greve acho, passaria por movimentos cívicos. Ainda que a matéria não é referendável como na Constituição, depreende-se lendo por aqui e ali que há total desacordo com o Governo e que a areia atirada aos olhos (criação de emprego, necessidade absoluta de construir quando o aeroporto actual tem vida estimada de cerca de 14 anos, dizer que o investimento é controlado sabendo a nossa atracção fatal para os buracos (negros) financeiros) não convence.

De qualquer forma acho que a Função Pública deve entrar em greve mas por outras razões: pela mudança, pela melhoria do seu funcionamento. Gostaria que entre as razões estivessem: criar condições para reformular a Administração Pública fazendo auditorias aos serviços de forma a torná-la mais pequena e eficaz, introduzir novos métodos de avaliação de funcionários que distinguissem realmente os bons dos maus (e não os bons mais dos muito bons para garantir subida de escalão), acabar com a proliferação idiota de regimes especiais (trabalhadores de matadouros, guardas florestais, etc), lutar pela dignificação da carreira de funcionário público. Não se enganem que o busílis está aqui, temos um monstro, uma máquina pesada e ineficiente que cada ano nos enterra mais em défices que nenhum crescimento (então o que se prevê agora, cada vez mais pequeno) pode comportar. Será que esse discurso alguma vez poderá entrar?

Sofia

Grevar ou não Grevar II

Eu vou fazer greve àmanhã. Aborrece-me sobremaneira este hábito de merda a que nos temos sujeitado de se pedir sempre o mesmo aos mesmos. E de ficar calado. Irrita-me o Sr. ministro das Finanças dizer-me que tenho que apertar o cinto, que o meu ordenado não pode aumentar, que as coisas estão mal, que vou trabalhar mais para ter menos reforma e depois ele recebe uma reforma que é três vezes aquela que será a minha por ter trabalhado seis anos. Irrita-me que quem diz que isto está mal e que os salários devem ser congelados se aumente a si próprio e aproveite para trocar de carro. Irrita-me que as empresas que têm grandes lucros (e ainda bem que os têm) nestes momentos difíceis não sejam chamadas a participar no esforço e nos sacrifícios da comunidade em que estão inseridas. Irrita-me que num momento de dificuldades como é este se insista em construír um aeroporto de raíz no pior local possível para o fazer, para satisfazer interesses privados com o dinheiro público, que se vá gastar uma fortuna num traçado de TGV que não traz vantagens nenhumas ao país (TGV para Espanha parece-me bem, mas para o Porto? Para quê? Para se ganharem 20 minutos sobre o pendular?).
E como isto me irrita e eu tenho andado com pouca paciência, vou fazer greve.
AR

grevar ou não grevar

Ainda não sei se faço greve amanhã. Sinto-me dividido. Por um lado, tenho por princípio aderir a todas as greves gerais. Tenho consciência da importância das lutas dos trabalhadores nas transformações sociais que incorporam o nosso Estado que se quer Social por todo o mundo Ocidental. Desde a jornada das oitos horas semanais até às pequenas conquistas que formaram o Direito do Trabalho, nada foi conseguido sem a luta sofrida de muitos que se bateram por maior justiça e equilíbrio nas relações laborais.

Em segundo lugar, as ofensivas (é este o nome e não há que ter medo de o reconhecer) da ideologia neoliberal passam quase sempre por esse laboratório que é a Administração Pública. Mina-se o território da confiança, instala-se o descrédito (repare-se que se contesta muito mais a ineficácia dos serviços públicos do que se relata a falta de iniciativa e ineficiência dos privados portugueses), mas todos querem usar o Estado para se locupletaram sem mérito (benefícios e incentivos fiscais, apoios a fundo perdido, isenções de contribuições, taxas de juros mais baixas, etc.) e depositam nele a esperança de salvação das consequências do que defendem (veja-se a agitação que percorre os empreiteiros privados com as obras prometidas da construção do aeroporto da Ota e da linha do TGV, sobre as quais impera um silêncio comprometido). Por maior que seja o embuste e menor a necessidade de gastar muitos milhões de contos, não há preocupação com o défice que valha ao lóbi do cimento rosa. E depois, claro, privatizam-se os serviços desnecessários, para que os serviços públicos continuem a ser satisfeitos, embora pior e mais caros (o caso dos telefones, por exemplo).

Por outro lado, não concordo com as razões invocadas pelo pré-aviso de greve. Muitas das razões são vagas e indeterminadas, sem propostas concretas, e até ridículas («contra a redução dos direitos dos trabalhadores da Administração Pública» ou «pela realização de uma política realmente nova que valorize o trabalho, ponha fim ao compadrio e às mordomias dos boys da administração pública»). Outros objectivos são um pouco injustos e desfasados da realidade em que vivemos, como a luta «contra a retirada dos direitos de aposentação e o aumento da idade da reforma». Por mim, não vejo onde está o problema em se mexer na idade da reforma e cortar com os excessos verificados em muitas das carreiras especiais da função pública. São medidas de justiça que se impõem, para garantir o modelo social de segurança social (sem que se deixe de pensar em novas formas de financiamento do sistema) e contra as quais os sindicatos não apresentam proposta alguma..

Estou, portanto, indeciso. Espero decidir até amanhã.
CC

quarta-feira, julho 13, 2005

Jazz em Agosto




Os Jagga Jazzist tocam no anfiteatro da Gulbenkian a 12 de Agosto.

O Verão é sempre generoso para os amantes de jazz e derivados.

Sofia



Saturno devorando a un de sus hijos de Goya



Começam a sair nos jornais londrinos de hoje os retratos dos suspeitos de terem colocado as bombas de 7/7.

Até agora sabe-se que eram britânicos muçulmanos, de Leeds, novos, sem ligação aparente a movimentos extremistas. Um deles chegam a dizer que é um cricket-lover who enjoyed a laugh . É certo que carne para canhão (e num sentido literal os detonadores), mas assusta que a nacionalidade seja britânica. E ainda que estes sejam apenas os executantes, suspeitos nesta fase, chocou que não fossem quem esperávamos (sauditas como em NY, marroquinos como Madrid, visitantes) que a face menor do horror seja cada vez mais familiar. Vive entre nós. Com os mesmos hábitos. Que é mais um forte motivo para compreender este fenómeno de angariação para a morte e estabelecer pontes
The man, like the other three, was British-born and lived in West Yorkshire. Police believe he was a friend of the other attackers and lived an outwardly ordinary life in the Leeds area.

Friends and family said they had no idea they had become extremists.

The four were described as "cleanskins" - with no convictions or known terrorist involvement - and the hunt is now on for the person or people police suspect may have masterminded the attack.

Guardian

Sofia

em toda a terra

Devemo-nos comportar como se Deus existisse.
CC

terça-feira, julho 12, 2005

Por um debate sobre a integração II

Com este título (sem o II) escrevi aqui, a 23 de Setembro de 2003:
"O que nos falta percorrer (sem dúvida caminho difícil) é a via política. Não será fácil. Mas é, a meu ver, a única solução para podermos enfrentar o futuro. A Constituição Europeia, passo importante na criação de uma verdadeira comunidade política, deve ser vista não como uma ameaça às soberanias (há quanto tempo terão desaparecido?) mas sim como uma oportunidade para avançarmos para a criação de órgãos comunitários verdadeiramente representativos, não já dos interesses dos Estados, mas sim dos interesses dos cidadãos. Dos cidadãos europeus, que somos todos, de Lisboa a Varsóvia (ou Moscovo?). Esse é o caminho.A identidade dos povos não desaparece com a sua integração. Espanha é um bom exemplo disso. Insistir na tecla da soberania e do passado glorioso é insistir em não encarar a realidade e não perceber que o futuro está à frente, não atrás."
Estranhamente em mim, praticamente dois anos depois continuo a pensar o mesmo sobre este assunto.
AR

O pincel e a água

Bin Salah sentou-se junto a um pequeno regato, nos jardins da casa do Tempo. A luz dourada invadia todos os espaços, quente e acolhedora. Talvez porque se deixasse embalar pelo canto sereno das gotas de água, não viu ir chegando, do outro lado, um homem magro, calvo, que agitava calmamente um dos braços, segurando o que lhe pareceu ser um enorme pincel.
O homem foi-se aproximando do local onde Bin Salah se encontrava, desenhando no chão estranhos arabescos, absolutamente indecifráveis.
‘Porque está a escrever com água?’, perguntou, incrédulo, Bin Salah. O homem ergueu a cabeça e fixou-o nos olhos. ‘E porque não hei-de escrever com água?’ Porquê, porquê? Porque vai desaparecer. Eu sei, já olhou para trás? Sim, sim, já olhei, pensou Bin Salah, já olhei e não está lá nada, passou tudo. Claro que não, pareceu dizer o homem, enquanto o olhava fixamente, claro que não. Afinal tudo é escrito com água. A sua vida, a minha, tudo, e continuou a rabiscar o chão, sem se importar com os arabescos que desapareciam antes de terminar os parágrafos, até as frases. Tudo volátil, tudo efémero. Não, não, pensou Bin Salah, Clorivedra não é efémera. Só não será, disse-lhe o homem, se for sempre a primeira pincelada. Se cada momento for o primeiro e nunca deixar de o ser. Mas como pode isso ser, e agora tudo lhe parecia dourado, insuportavelmente acolhedor, maldito jardim, que me tolhe o raciocínio, pintar com água não lembrava ao Diabo, até sinto o cheiro da água, não pode ser cada pincelada sempre a primeira. Pode sim, sorriu-lhe o homem com os olhos, claro que pode, basta querer, mas não pode, é e passou, já não é mais. Isso é a água, e a boca do homem sussurrava-lhe as palavras, brisa que volteava em torno de si, cheiro da água que o entontecia até não saber o que dizia nem onde estava, depende de si dar-lhe um tempo ou não.
A imagem de Clorivedra bailou-lhe à frente dos olhos e, quando a afastou, o homem tinha desaparecido.
AR

segunda-feira, julho 11, 2005

then it's the Bomb / that will bring us together



CC

Novo paradigma

«Nada nem ninguém pode garantir uma segurança absoluta. Por isso teremos de nos habituar a viver sob a ameaça terrorista. Fazendo mais no esforço de prevenção - por exemplo, na eliminação de offshores susceptíveis de financiar atentados. E sobretudo aceitando que o equilíbrio entre liberdade e segurança se dá agora num ponto diferente do que acontecia há dez anos. A idílica visão liberal de uma esfera privada sem interferências estatais, se alguma vez existiu para certas minorias, é hoje inviável. Basta pensar nas escutas.Tal não significa, porém, fazer o jogo dos terroristas violando direitos humanos quando os combatemos - como acontece com o tratamento de suspeitos de terrorismo pelos EUA, e não apenas em Guantánamo. Não ceder ao terrorismo também é não adoptar os valores dele. Como notou o Guardian, a grande lição dos londrinos foi não terem respondido à raiva com raiva.»
Francisco Sarsfield Cabral hoje no DN

Sofia

o problema é que pensar incomoda

«Outra coisa são, por exemplo, as sempre muito criticadas declarações de Mário Soares.
O que ele diz, no fundo, é que, para melhor lutar contra o terrorismo, temos de conhecer as suas causas, o campo onde germina, e combater as condições que o levam a crescer. E corrigir, se for caso disso, os actos que, do nosso lado, adubam essa planta daninha.
Tudo isto me parece muito razoável e até sábio. Só um tonto se lança numa guerra contra algo ou alguém sem, antes, tentar perceber o que leva o outro a estar em guerra. Quanto a esta guerra específica, na qual já se percebeu que o poderio militar não é factor de vantagem, haverá mesmo todo o interesse em desarmadilhar o inimigo, retirando-lhe as motivações, enfraquecendo a sua base de apoio.
A ideia de que os terroristas são simplesmente loucos fanáticos é inoperante. Devemos ouvir o que dizem, tentar perceber o que dizem e porque o dizem, para que, combatendo essa argumentação, lhes retiremos força.
Bradar que «somos todos ingleses», que «a razão está do nosso lado e por isso venceremos» parece-me uma atitude tão idiota, por ineficaz, como desatar a bombardear o Iraque.
À irracionalidade do outro campo só podemos responder com mais inteligência. E o primeiro acto de inteligência talvez seja de tentar encontrar pontos de convergência, de aproveitar todas as forças que estão do nosso lado, em vez de trabalhar com vista a detectar todas as mais mesquinhas divergências
».
CC

mais parabéns

Um amigo meu ganhou o prémio para a Melhor Curta Metragem Portuguesa, no Festival de Curtas de Vila do Conde, com um belíssimo documentário intitulado Documento Boxe.
O filme, de 53 minutos, retrata o mundo do boxe amador em Portugal, com enfoque no pugilista Jorge Pina, e é um olhar muito humano sobre o desporto amador. Documento Boxe ganhou ainda os Prémio Tobis e Kodak, para o produtor, o Teatro Não, e o Prémio Jameson Short Film Award para o realizador, o meu amigo Miguel Clara Vasconcelos.
Parabéns, Miguel. É bom ter amigos destes.
CC

sábado, julho 09, 2005

hossana

Nasceu o Duarte.

Bem vindo.
CC

sexta-feira, julho 08, 2005

It's friday I'm in love

Hoje à hora de almoço percorria de carro os túneis das Avenidas Novas. Temperatura exterior 34º, janelas abertas só mesmo pelo ar quente que cheira a Verão, música alta. Porque nunca é tarde para voltar a apaixonar-se pelos Cure, nunca é tarde para concordar que os anos 80 até tiveram umas coisitas de jeito, porque me soube muito bem. Deixo-a aqui. Pois é, umas palminhas bem aplicadas criam grandes momentos pop.






Close to Me


Música das melhores terapias.

Sofia

contra os maus

Contra todos os maus: o Direito. Já dizia Ihering que o Direito é um processo e uma consequência da luta, não um acontecimento natural.
Sem o Direito, o homem desumaniza-se. Pode ler-se no excelente romance de Heinrich von Kleist, Michael Koolhaas, o Rebelde (editado pela Antígona), na boca do protagonista, «antes ser um cão que um homem, se tenho de ser pisado». O abandono do Direito é um suicídio moral.

Contra o terrorismo e as tentações autoritárias - o Direito.
CC

mau por mau...


Fritz the Cat, de Robert Crumb
LR

My kind of "Maus"



























Sofia

quinta-feira, julho 07, 2005

Tanta bomba, pá!

Num raríssimo momento neste blog eu e o CC estamos de acordo (se é que eu bem interpretei o post dele, um pouco abaixo deste, intitulado "A guerra dos Cobardes").
Lamento sempre a morte e/ou o sofrimento dos que são apanhados no fogo entre os que decidem guerras dos seus gabinetes e os que matam por matar.
E recordo-me, sem ironia, dos tempos da minha adolescência em que os terroristas tinham como alvos os chefes de governo e de Estado, as chefias militares e de polícia, porque a eles os consideravam como culpados das políticas que seguiam, e estes se empenhavam a apanhar os terroristas, deixando de lado as populações onde estes se escondiam.
E penso: "Tanta bomba, tanta bomba, pá, e o cabrão do Jardim lá continua!"
AR

Bento XVI exorta os "maus"

Escreveu um Anonymous, a propósito de um post sobre a reunião do G-8: «O que seria de nosso equílibrio psicológico se não houvesse estes "maus" para deitarmos as culpas? A "fome em África" é por causa deles, claro. O "fosso entre ricos e pobres" que aumenta a olhos visto também. E é melhor nem falar nas desculpas esfarrapadas que eles arranjam para não decretarem a "paz no mundo".
Estes "maus" revoltam-me.
(...)».

O Papa Bento XVI sentiu-se desmascarado com esta fina ironia. Afinal, também ele exortou os participantes na cimeira a terem África entre as suas prioridades: «Desejo do fundo do coração o pleno êxito desta importante reunião, esperando que leve à partilha com solidariedade dos custos da redução da dívida, a implantar medidas concretas para a erradicação da pobreza e a promover um autêntico desenvolvimento de África», disse o Papa. Já anteriormente, Bento XVI, esse revolucionário irresponsável, tinha instado os cidadãos dos países ricos a reclamar que os seus líderes cumpram a promessa de reduzir metade da pobreza até ao ano de 2015 e que «toda a comunidade cristã proclame, ensine e testemunhe de forma integral a verdade da fé, da doutrina e da moral católica de forma unânime».

Obrigado, Anonymous.
CC

a guerra dos cobardes

«O mundo é um lugar mais seguro agora» (George Bush, 20/11/04)

CC

Ninguém me entende

O Governo Regional da Madeira considera que afirmar em acto oficial
«Portugal já está sujeito à concorrência de países fora da Europa, os chineses estão a entrar por aí dentro, os indianos a entrar por aí dentro e os países de Leste a fazer concorrência a Portugal... Está-me a fazer um sinal porquê? Estão aí uns chineses? É mesmo bom para eles ouvirem porque eu não os quero aqui»
e concluir que Alberto João Jardim não quer indianos nem chineses na Ilha, ou seja, é xenófobo, é uma interpretação abusiva e descontextualizada, principalmente quando o embaixador da China em Lisboa se prepara para visitar a região. A má interpretação passa pelo facto que este chinês, tudo bem. São os outros que Jardim não quer.

Sofia

quarta-feira, julho 06, 2005

O arrastinho de Carcavelos II

Aaaahhhhh, bommmmmmmmmmmmm! Então assim está bem. Desculpa lá, pá, se foram só 30 então está tudo fixe. E eu a pensar que nem que fossem 3 a questão era grave ....! Sou mesmo taralhoco, pá!
Agora que sei isso tudo até estou a imaginar a conversa que resulta das palavras do Superintendente Pereira (aliás, deixa-me tirar-te o chapéu, deve ser a primeira vez desde que te conheço que citas a polícia e concordas!):
Mano A: Bros', vamos chamar a acção aqui à praia!
Mano B: A Acção? Então mas essa não ía às compras com a mãe?
Mano C: Não, pá. És bué da bué, meu. Vamos fazer uns paus por aqui!
Mano D: Bute, Bros'. Vamos colectar uns t'móveis e cenas assim.
Mano E: Só nós????
Mano F: ...
... e a história continuava por aqui a diante, até chegar ao trigésimo, que era o gajo que dava o tiro de partida.
É claro, a polícia reagiu com excesso, porque mandou quase tantos polícias como os 30 ladrões (vê lá, ainda menos do que na história!), armados de shotguns e tal, que isto de controlar 30 adolescentes desintegrados tem que se lhe diga
'Sculpa aí mano CC. Tu sabes que eu às vezes tenho exageros bué da grandes, como este do arrastão!
AR

o arrastinho de Carcavelos

Não, AR, nem sequer foram 50. Foram cerca de 30 a praticar actos ilícitos. Quem o afirma é o próprio Comando Metropolitano da PSP de Lisboa. E diz mais: «Muitos jovens que apareceram em imagens televisivas e fotográficas a correr na praia de Carcavelos, naquele dia, não eram assaltantes, mas tão só jovens que fugiam com os seus próprios haveres» e «para o superintendente Oliveira Pereira, os assaltos terão sido decididos na altura na praia e não fruto de uma organização mais elaborada que levasse centenas de pessoas a Carcavelos com intuitos criminosos». E esses actos ilícitos, praticados durante o "arrastão" motivaram a apresentação de duas queixas. Duas queixas. Duas.
Mas, claro, mesmo contra todos os factos e evidências, podes pensar o que quiseres. É mais cómodo ajustar a realidade à ideologia do que o contrário.
CC

Serviço público - kino

Esperar pela crítica do Juvenal, o Anormal. Rever tabelinha da classificação tipo estrelinhas/bolinhas/polegar:

O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
: <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”
(e acabo de cometer mega pastanço)

Para concluir que não, não vou ver o Batman.

Sofia

O céu sobre Carcavelos II

Ó meu amigo ... o arrastinho???? Isso quer dizer o quê? Que aquilo não teve muita importância? Coitadinhos dos meninos, afinal têm que ser desculpados porque são marginalizados? Que afinal não eram 500 mas 'apenas' 50? O será que não chegou sequer a haver e foi tudo inventado pela Polícia e pela Comunicação Social, velhos inimigos dos pobres e dos discriminados?
AR

o céu sobre carcavelos

O Céu sobre Lisboa tem belas imagens sobre o arrastinho de Carcavelos.
CC

sexo à bruta

Na Terra da Alegria. É verdade. E com música. E muita razão. Ide ler. Ide, ide.
CC

ora deixa cá ver...

On 22nd Jan 1968 ...

The Number 1 single was:
The Beatles - "Hello Goodbye"


The Number 1 album was:
Original Soundtrack - "The Sound Of Music"


Born on 22nd Jan:
1931 - Sam Cooke ( soul man )
1947 - Malcolm Mclaren
1962 - Michael Hutchence ( vocalist, INXS, deceased )
1965 - Roachford
1965 - Steven Adler ( drummer, Guns N' Roses )

LR

fardas e botas altas

«The Pentagon considered developing a host of non-lethal chemical weapons that would disrupt discipline and morale among enemy troops... among the plans was one for the development of an "aphrodisiac" chemical weapon that would make enemy soldiers sexually irresistible to each other...» - Newscientist.com
LR

terça-feira, julho 05, 2005

Que disco se ouvia no dia em que nasceste?

Eu já sabia os finais dos anos 70 foram uma boa meleca em termos musicais*, mas daí a Donna Summer ser autora do single mais vendido do dia em que nasci ... o ultraje!

On 3rd Aug 197X ...

The Number 1 single was:
Donna Summer - "I Feel Love"

The Number 1 album was:
Johnny Mathis - "The Johnny Mathis Collection"

Born on 3rd Aug:
1941 - Beverly Lee ( The Shirelles )
1946 - John York ( bassist, guitarist, vocalist, The Byrds )
1963 - James Hetfield ( vocalist, guitarist, Metallica )
1967 - Deborah Anne Dyer ( aka Skin, vocalist, Skunk Anansie )
1971 - Deirdre Roper ( aka Spinderella; vocalist, Salt-n-Pepa )

Bem, quanto a partilhar o dia de aniversário com o vocalista dos Metallica, hm, ok, não se arranja melhor, não é? Para equilibrar as coisas acho que o Elvis quinou nessa semana.

Podeis fazer semelhante joguinho aqui.

Sofia

* Recordo que o Punk estava a dar os primeiros passos nestes anos. Disco Sound é meleca. Punk is not dead.

segunda-feira, julho 04, 2005

Momento ternurento patrocionado pelo novo Código da Estrada

Já deu para reparar que o grito de moda deste Verão é mesmo o colete homologado. Não basta a ostentação no banco do condutor, neste fim-de-semana pude reparar que muita gente não o dispensa para sair do carro em qualquer ocasião, inclusive quando estão bem estacionados e não na via pública. Compreendo, são as cores da moda. Esses fluorescentes. Por acaso, tenho que ir a um casamento e penso acabar com as minhas angústias em relação à roupa com uma coisa destas. Afinal vou sair de um carro. E voltar a ele.



Contaram-me num jantar um episódio que envolveu um casal de velhotes que se prepara para viajar no seu automóvel. Senhor e senhora velhota vestem, cada um, colete respectivo (imagino ele amarelo, ela laranja), entram no carro, apertam o cinto e lá vão eles. Não vá o diabo tecê-las que ao serem projectados para fora do carro inadvertidamente acabem por ser apanhados.


Sofia

sábado, julho 02, 2005

de 6 a 8 de Julho, extremistas violentos rumam à Escócia


CC

sexta-feira, julho 01, 2005

Divagações XXII

No post mesmo por baixo deste, nos comentários, um anónimo escreveu:
«Vocês têm de arranjar uma boa mulher. Nem muito inteligente nem muito burra. Nem muito nova nem muito velha. Meio termo. Uma que saiba cozinhar.»Conselhos de Saddam Hussein aos guardas norte-americanos que o vigiam.
Os conselhos são brilhantes, considerando o seu autor. Dei por mim a imaginar como seriam os conselhos de outros. Facínoras. Por exemplo, Fidel:
"Vocês têm que arranjar uma mulher que dance bem. Mas se se puser a dançar para os outros, dêem-lhe. Uma que saiba cozinhar"
Milosevic:
"Vocês têm que arranjar uma mulher com sentido de humor. Finjam de vez em quando que a matam. Mas não o façam. Só quando ela achar mesmo que é brincadeira. Não se preocupem com o enterro. Espetem-na num sítio qualquer."
Ou então o Querido Pequeno Grande Super Híper Líder:
"Não se preocupem muito com a vossa mulher. Mas obriguem-na a cozinhar e limpar a casa enquanto tiver forças. Se morrer digam que foram os malditos capitalistas e o enterro fica por minha conta."
Finalmente, George W. Bush:
"Vocês têm que arranjar uma mulher. Uma mulher é aquela coisa que fica ali à entrada e dá luz. Ou à luz. Ou isso. E tem que cozinhar, porque todas as boas mulheres americanas cozinham. Barbecue. Isso. Ou isso."
AR

This page is powered by Blogger. Isn't yours?