segunda-feira, fevereiro 28, 2005
Uma maneira simpática de sermos classificados como pobres(tanas)
«... segundo o estudo da UBS, os lisboetas necessitam de trabalhar 33 minutos para comprar um hambúrguer (46º lugar), 18 minutos para comprar um quilo de pão (37º lugar) e 11 para comprar um quilo de arroz (20 lugar).
Em Madrid, o hambúrguer custa 21 minutos de trabalho, o pão 14 minutos e o arroz 12.
Chicago é a melhor cidade para os três exemplos, custando apenas entre 6 e nove minutos de trabalho para comprar o hambúrguer, o pão ou o arroz.»
Diário Digital
Há alguns anos atrás, ainda estava a estudar, arranjei um emprego milionário de Verão que me permitia pagar uma bica a cada 2 minutos de trabalho. Um dos meus passatempos favoritos durante o horário de expediente era telefonar a amigos e dizer que com o tempo da conversa já podia pagar 4 bicas. Eles riam e eu lá voltava à labuta. Agora que me lembro trabalhei sem horário muitas vezes pela noite dentro... se calhar fui explorada e nem sequer notei. Enfim.
Agora já não faço destas contas, desde logo porque toda a gente trabalha para ganhar mais ou menos miseravelmente, depois porque o meu poder de compra para bicas já por si é descrito por uma curva descendente principalmente a partir da 3ª semana do mês. Já não dá gozo.
Sofia
PS: sempre sobra o arroz.
Em Madrid, o hambúrguer custa 21 minutos de trabalho, o pão 14 minutos e o arroz 12.
Chicago é a melhor cidade para os três exemplos, custando apenas entre 6 e nove minutos de trabalho para comprar o hambúrguer, o pão ou o arroz.»
Diário Digital
Há alguns anos atrás, ainda estava a estudar, arranjei um emprego milionário de Verão que me permitia pagar uma bica a cada 2 minutos de trabalho. Um dos meus passatempos favoritos durante o horário de expediente era telefonar a amigos e dizer que com o tempo da conversa já podia pagar 4 bicas. Eles riam e eu lá voltava à labuta. Agora que me lembro trabalhei sem horário muitas vezes pela noite dentro... se calhar fui explorada e nem sequer notei. Enfim.
Agora já não faço destas contas, desde logo porque toda a gente trabalha para ganhar mais ou menos miseravelmente, depois porque o meu poder de compra para bicas já por si é descrito por uma curva descendente principalmente a partir da 3ª semana do mês. Já não dá gozo.
Sofia
PS: sempre sobra o arroz.
Sombras
Forço-me a não me perder
No labirinto da minha memória.
Olho, inquieto, para uma ou outra história
E tento não gritar, fugir, tremer.
Velhos fantasmas com novos sorrisos.
Gastos sorrisos em novos fantasmas.
Sombras de então, envoltas em plumas
Gastas. Velhas cadeiras. Mortos Lírios e Narcisos.
Sombras que me chamam, sussurrantes.
Fumo de incensórios quebrados pelo uso.
E eu, de esquadro na mão, desenho obtuso
ângulo e aborreço-me mais do que d'antes.
Sinto-me cansado, luto para não voltar
Sempre e de cada vez ao mesmo sítio.
Proíbo, não quero, recuso o martírio
De viver preso nesse mundo singular
Onde as memórias parecem reais
E a realidade nevoeiro espesso, incorpóreo
Que em torno de mim volteia, irreal, ilusório
Me prendendo em lodos, pântanos, fétidos areais
De mágoa, tristeza, lamento,
Recusa de encarar o hoje, o agora.
Digo não aqui, ainda, sempre. E sem demora
Parto, de volta à vida, soprado pelo vento.
AR
No labirinto da minha memória.
Olho, inquieto, para uma ou outra história
E tento não gritar, fugir, tremer.
Velhos fantasmas com novos sorrisos.
Gastos sorrisos em novos fantasmas.
Sombras de então, envoltas em plumas
Gastas. Velhas cadeiras. Mortos Lírios e Narcisos.
Sombras que me chamam, sussurrantes.
Fumo de incensórios quebrados pelo uso.
E eu, de esquadro na mão, desenho obtuso
ângulo e aborreço-me mais do que d'antes.
Sinto-me cansado, luto para não voltar
Sempre e de cada vez ao mesmo sítio.
Proíbo, não quero, recuso o martírio
De viver preso nesse mundo singular
Onde as memórias parecem reais
E a realidade nevoeiro espesso, incorpóreo
Que em torno de mim volteia, irreal, ilusório
Me prendendo em lodos, pântanos, fétidos areais
De mágoa, tristeza, lamento,
Recusa de encarar o hoje, o agora.
Digo não aqui, ainda, sempre. E sem demora
Parto, de volta à vida, soprado pelo vento.
AR
sábado, fevereiro 26, 2005
«conhecemos este PS»
A/C dos amigos Miguel Marujo e Timshel:
«Patrões satisfeitos
- Associações não esperam governação à esquerda -
O PS dispõe de uma maioria com uma dimensão expressiva na Assembleia da República que lhe permite formar Governo em condições preferenciais, concluem os dirigentes patronais e economistas ouvidos ontem pelo PÚBLICO sobre o resultado eleitoral. (...)
"A Associação Industrial Portuguesa [AIP] defendeu sempre que o partido que ganhasse as eleições deveria vencer com maioria absoluta, dada a necessidade de garantir a estabilidade política fundamental para pôr em prática as reformas estruturais", disse Rocha de Matos, presidente da AIP. O dirigente empresarial acrescentou que "desde há muito" que a AIP "vem exigindo" medidas estruturais, que não têm sido adoptadas "por fragilidade do poder político".
Para Francisco van Zeller, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), "a maioria absoluta veio trazer uma grande responsabilidade ao PS, porque neste momento não há dinheiro, não há margem para desvios, para benefícios, para extras e para recompensas" (...). Em seu entender, Sócrates terá de fazer "escolhas difíceis". "A vitória do eng. Sócrates não nos assusta, pois conhecemos este PS".
(...)
Por sua vez, António Nogueira Leite, do grupo de economistas ouvidos pelo Presidente da República em Belém, considerou que "tudo vai depender da governação" de José Sócrates. No anterior Executivo, disse, "o PS governou basicamente com as mesmas pessoas que apresenta agora e não governou à esquerda"».
Notícia do Público, de 21 de Fevereiro de 2005 (o dia seguinte às eleições legislativas), p. 23.
CC
«Patrões satisfeitos
- Associações não esperam governação à esquerda -
O PS dispõe de uma maioria com uma dimensão expressiva na Assembleia da República que lhe permite formar Governo em condições preferenciais, concluem os dirigentes patronais e economistas ouvidos ontem pelo PÚBLICO sobre o resultado eleitoral. (...)
"A Associação Industrial Portuguesa [AIP] defendeu sempre que o partido que ganhasse as eleições deveria vencer com maioria absoluta, dada a necessidade de garantir a estabilidade política fundamental para pôr em prática as reformas estruturais", disse Rocha de Matos, presidente da AIP. O dirigente empresarial acrescentou que "desde há muito" que a AIP "vem exigindo" medidas estruturais, que não têm sido adoptadas "por fragilidade do poder político".
Para Francisco van Zeller, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), "a maioria absoluta veio trazer uma grande responsabilidade ao PS, porque neste momento não há dinheiro, não há margem para desvios, para benefícios, para extras e para recompensas" (...). Em seu entender, Sócrates terá de fazer "escolhas difíceis". "A vitória do eng. Sócrates não nos assusta, pois conhecemos este PS".
(...)
Por sua vez, António Nogueira Leite, do grupo de economistas ouvidos pelo Presidente da República em Belém, considerou que "tudo vai depender da governação" de José Sócrates. No anterior Executivo, disse, "o PS governou basicamente com as mesmas pessoas que apresenta agora e não governou à esquerda"».
Notícia do Público, de 21 de Fevereiro de 2005 (o dia seguinte às eleições legislativas), p. 23.
CC
força, companheiro Vasco
sexta-feira, fevereiro 25, 2005
Divagações XV
A escola era a escola nº 28. Agora mudou de nome mas, julgo que compreensivelmente, continuo a conhecê-la como escola 28. É ali que voto ainda, apesar de há muito não residir em Lisboa. Não sei bem porque é que ainda não mudei. Talvez por nostalgia de um tempo que não volta. É que foi na escola 28 que fiz a minha instrução primária.
A minha professora, a D. Fernanda, era de Évora e, como convinha a uma certa sociedade de província com menos posses, solteira, apesar de à data ir já nos cinquenta e qualquer coisa.
Todos usávamos bata branca e levantávamo-nos quando alguém entrava na sala. Ali ficávamos, de pé, até termos autorização para nos voltarmos a sentar. Lembro-me de um dia ter entrado um senhor e termos ficado uma eternidade de pé, até ele dar autorização à minha professora para nos mandar sentar. Soube depois que era o inspector escolar.
Todas as semanas fazíamos redacções e ditados e mais de dois erros dava direito a régua. Escrevíamos todos com caneta de tinta permanente (imposição da professora e hábito que não perdi), usávamos papel mata-borrão e tínhamos meia hora de ‘recreio’, para onde íamos e vínhamos em formatura.
A minha classe foi a exame nacional de 4ª classe e passou toda. A professora era avaliada pela sua taxa de sucesso em exame nacional. Tínhamos que saber os rios, as serras, as linhas de comboio, as províncias e capitais, as preposições, conjunções e outros palavrões mais os nomes, os verbos e as operações matemáticas, a prova dos nove e a tabuada, o rei lavrador e o infante navegador, rudimentos de história e tantas outras coisas que me não vêm agora à memória.
Em 1975, derrubaram o muro que separava a escola dos rapazes da das raparigas e as classes passaram a ser mistas. E uns senhores muito mal arranjados e de barba comprida andaram, uma tarde de um sol radioso, de gravador a tiracolo (ainda eram aqueles antigos, de bobines) a perguntar-nos se gostávamos das nossas professoras, se eram boas professoras, se nos tratavam bem. Deve ser a única memória daquela escola de que verdadeiramente não gosto.
Este ano voltei à minha escola para votar. A diferença é que trazia pela mão a minha filha de 4 anos. Expliquei-lhe que aquela tinha sido a minha escola, onde tinha aprendido a ler, a desenhar, a escrever, onde tinha sido pequeno (o que, imagino, talvez lhe custe a acreditar) e tinha estado tantas e tantas vezes naquelas salas.
Para uma criança tão pequena, aquela escola é muito grande. Mas ela gostou muito das luas amarelas e azuis penduradas nos corredores. E prometi trazê-la de volta da próxima vez.
AR
A minha professora, a D. Fernanda, era de Évora e, como convinha a uma certa sociedade de província com menos posses, solteira, apesar de à data ir já nos cinquenta e qualquer coisa.
Todos usávamos bata branca e levantávamo-nos quando alguém entrava na sala. Ali ficávamos, de pé, até termos autorização para nos voltarmos a sentar. Lembro-me de um dia ter entrado um senhor e termos ficado uma eternidade de pé, até ele dar autorização à minha professora para nos mandar sentar. Soube depois que era o inspector escolar.
Todas as semanas fazíamos redacções e ditados e mais de dois erros dava direito a régua. Escrevíamos todos com caneta de tinta permanente (imposição da professora e hábito que não perdi), usávamos papel mata-borrão e tínhamos meia hora de ‘recreio’, para onde íamos e vínhamos em formatura.
A minha classe foi a exame nacional de 4ª classe e passou toda. A professora era avaliada pela sua taxa de sucesso em exame nacional. Tínhamos que saber os rios, as serras, as linhas de comboio, as províncias e capitais, as preposições, conjunções e outros palavrões mais os nomes, os verbos e as operações matemáticas, a prova dos nove e a tabuada, o rei lavrador e o infante navegador, rudimentos de história e tantas outras coisas que me não vêm agora à memória.
Em 1975, derrubaram o muro que separava a escola dos rapazes da das raparigas e as classes passaram a ser mistas. E uns senhores muito mal arranjados e de barba comprida andaram, uma tarde de um sol radioso, de gravador a tiracolo (ainda eram aqueles antigos, de bobines) a perguntar-nos se gostávamos das nossas professoras, se eram boas professoras, se nos tratavam bem. Deve ser a única memória daquela escola de que verdadeiramente não gosto.
Este ano voltei à minha escola para votar. A diferença é que trazia pela mão a minha filha de 4 anos. Expliquei-lhe que aquela tinha sido a minha escola, onde tinha aprendido a ler, a desenhar, a escrever, onde tinha sido pequeno (o que, imagino, talvez lhe custe a acreditar) e tinha estado tantas e tantas vezes naquelas salas.
Para uma criança tão pequena, aquela escola é muito grande. Mas ela gostou muito das luas amarelas e azuis penduradas nos corredores. E prometi trazê-la de volta da próxima vez.
AR
saiu ontem
o Decreto-Lei nº 47/2005, de 24 de Fevereiro, que aprova a orgânica do Ministério das Finanças e da Administração Pública do XVI Governo Constitucional.
Muito oportuno, não é?
CC
Muito oportuno, não é?
CC
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
execução orçamental
Já cumpri 50% das resoluções de ano novo: desde ontem tenho cartão fnac. Basta-me continuar a beber mais água do que fazia o ano passado e atinjo uma execução de 100%.
Como bónus, e ao contrário do anunciado, continuo a cumprir o melhor ritual de todos os anos e vou ao Fantas. Por estas razões, Judite, e por outras mais ponderosas. É que não se deve fugir ao destino. O destino corre sempre pelos caminhos mais inesperados - e isso é bom. Mas por vezes, quando estão asseguradas as necessárias condições objectivas e subjectivas, são determinantes umas acelerações do processo histórico.
CC
Como bónus, e ao contrário do anunciado, continuo a cumprir o melhor ritual de todos os anos e vou ao Fantas. Por estas razões, Judite, e por outras mais ponderosas. É que não se deve fugir ao destino. O destino corre sempre pelos caminhos mais inesperados - e isso é bom. Mas por vezes, quando estão asseguradas as necessárias condições objectivas e subjectivas, são determinantes umas acelerações do processo histórico.
CC
à esquerda do mundo
Já se sabia que Avis é o único concelho do país a votar maioritariamente CDU - com 42,3% dos votos. Agora é o Francisco que esquerdizou o Aviz: tem comentários.
Isto vai lá (perdoem-me a alegria e a esperança).
CC
Isto vai lá (perdoem-me a alegria e a esperança).
CC
quarta-feira, fevereiro 23, 2005
já começa o lobbying
Agora que somos uma república popular, o futebol a quem o ama! Jogos do Benfica sempre em sinal aberto, já!
LR
LR
Eu não pedi
Eu não pedi mas de repente recebo um mail via Brasil - «
depois de mil e quinhentos capítulos lacrimosos e revoltantes, finalmente consegui comprar os ingressos para vermos o U2 em Lisboa, dia 14 de agosto» - dias antes dos ingressos (bilhetes) estarem à venda em Portugal. Explico em poucas linhas: há um site oficial de fãs registrados que permite acompanhar cada respiração do Bono. Para além desta honra também se pode e comprar bilhetes antecipadamente via sistema altamente complicado com códigos secretos e quejandos. Basta dizer que esta minha amiga já tinha tentado comprar para o concerto de Londres mas o código falhou, o cartão de crédito não foi aceite, o código já não é válido,.... É toda uma odisseia ir a um destes shows. Estou contente com a perspectiva de não ter feito um boi (não no sentido literal) para arranjar isto. Estou contente que a minha amiga se tenha lembrado de mim para partilhar um dos 4 bilhetes a que tem direito.
Eu tinha pedido mas não vou conseguir ir ver o Rufus Wainwright ao coliseu dia 10 de Março (também tinha lá os Keane, mas era o Rufino que eu tinha pedido). O concerto esgotou sem apelo nem agravo e ok a culpa é minha porque não me mexi.
Eu não vou pedir vou mesmo mexer-me para ir ver o Lou Reed na abertura Casa da música em Abril (14, uma quinta feira o que requer certos sacrifícios). Certas coisas não se podem colocar nas mãos do destino que corre sempre pelos caminhos mais inesperados.
Sofia
depois de mil e quinhentos capítulos lacrimosos e revoltantes, finalmente consegui comprar os ingressos para vermos o U2 em Lisboa, dia 14 de agosto» - dias antes dos ingressos (bilhetes) estarem à venda em Portugal. Explico em poucas linhas: há um site oficial de fãs registrados que permite acompanhar cada respiração do Bono. Para além desta honra também se pode e comprar bilhetes antecipadamente via sistema altamente complicado com códigos secretos e quejandos. Basta dizer que esta minha amiga já tinha tentado comprar para o concerto de Londres mas o código falhou, o cartão de crédito não foi aceite, o código já não é válido,.... É toda uma odisseia ir a um destes shows. Estou contente com a perspectiva de não ter feito um boi (não no sentido literal) para arranjar isto. Estou contente que a minha amiga se tenha lembrado de mim para partilhar um dos 4 bilhetes a que tem direito.
Eu tinha pedido mas não vou conseguir ir ver o Rufus Wainwright ao coliseu dia 10 de Março (também tinha lá os Keane, mas era o Rufino que eu tinha pedido). O concerto esgotou sem apelo nem agravo e ok a culpa é minha porque não me mexi.
Eu não vou pedir vou mesmo mexer-me para ir ver o Lou Reed na abertura Casa da música em Abril (14, uma quinta feira o que requer certos sacrifícios). Certas coisas não se podem colocar nas mãos do destino que corre sempre pelos caminhos mais inesperados.
Sofia
segunda-feira, fevereiro 21, 2005
I said pretend you've got no money, she just laughed and said oh you're so funny.
I said yeah? Well I can't see anyone else smiling in here.
Are you sure you want to live like common people
You want to see whatever common people see
You want to sleep with common people,
you want to sleep with common people like me?
But she didn't understand, she just smiled and held my hand.
Rent a flat above a shop, cut your hair and get a job.
Smoke some fags and play some pool, pretend you never went to school.
But still you'll never get it right
'cos when you're laid in bed at night watching roaches climb the wall
If you call your Dad he could stop it all.
You'll never live like common people
You'll never do what common people do
You'll never fail like common people
You'll never watch your life slide out of view, and dance and drink and screw
Because there's nothing else to do.
Este diálogo é de um dos JC's da minha estimação, Jarvis Cocker, dos Pulp. Mas podia ser um diálogo entre uma apoiante do Bloco de Esquerda e um rapazola do Partido Comunista, célula do Centro de Trabalho do Cacém.
Espero que, com o resultado das eleições, o PCP e o BE percebam definitivamente que podem crescer e marcar a sua posição sem autofagias à esquerda. Que há espaço parlamentar e social para ambos e que, mais que nunca, não pode deixar de haver comunhão no combate que se avizinha no horizonte rosa.
Daí que me pareçam despropositadas as desconfianças (de alguns) comunistas, bem como o sarcasmo (de alguns) bloquistas. Vejam-se, por exemplo os comentários do Rui Tavares, no Barnabé.
Como eu, muitos (já somos vários, como diria o Menino-Guerreiro) votámos CDU (único voto útil à esquerda no distrito de Évora) e não foi por achar "castiço" o PCP ou por este "ainda existir".
Quem parece surpreendido por o PCP "ainda existir" são alguns sectores do BE - o que, além da arrogância típica do novo-rico, é sintoma de um qualquer complexo mal-resolvido.
CC
I said yeah? Well I can't see anyone else smiling in here.
Are you sure you want to live like common people
You want to see whatever common people see
You want to sleep with common people,
you want to sleep with common people like me?
But she didn't understand, she just smiled and held my hand.
Rent a flat above a shop, cut your hair and get a job.
Smoke some fags and play some pool, pretend you never went to school.
But still you'll never get it right
'cos when you're laid in bed at night watching roaches climb the wall
If you call your Dad he could stop it all.
You'll never live like common people
You'll never do what common people do
You'll never fail like common people
You'll never watch your life slide out of view, and dance and drink and screw
Because there's nothing else to do.
Este diálogo é de um dos JC's da minha estimação, Jarvis Cocker, dos Pulp. Mas podia ser um diálogo entre uma apoiante do Bloco de Esquerda e um rapazola do Partido Comunista, célula do Centro de Trabalho do Cacém.
Espero que, com o resultado das eleições, o PCP e o BE percebam definitivamente que podem crescer e marcar a sua posição sem autofagias à esquerda. Que há espaço parlamentar e social para ambos e que, mais que nunca, não pode deixar de haver comunhão no combate que se avizinha no horizonte rosa.
Daí que me pareçam despropositadas as desconfianças (de alguns) comunistas, bem como o sarcasmo (de alguns) bloquistas. Vejam-se, por exemplo os comentários do Rui Tavares, no Barnabé.
Como eu, muitos (já somos vários, como diria o Menino-Guerreiro) votámos CDU (único voto útil à esquerda no distrito de Évora) e não foi por achar "castiço" o PCP ou por este "ainda existir".
Quem parece surpreendido por o PCP "ainda existir" são alguns sectores do BE - o que, além da arrogância típica do novo-rico, é sintoma de um qualquer complexo mal-resolvido.
CC
por toda a parte
eu não sou de ajustar contas, mas...
mega-fraude
Nenhuma sondagem acertou plenamente nos resultados eleitorais.
CC
CC
Reparos e Notas Soltas
Antes de mais, queria aqui congratular-me com o dia eleitoral de ontem. Para quem aprecia estas coisas da Democracia, dia de eleições tem sempre um sabor especial, principalmente quando há mais pessoas a votar, o que é sempre bom.
Em segundo lugar, gostaria de endereçar daqui os parabéns ao PS pela vitória esmagadora obtida. Embora ache que lhe caiba pouco mérito nisso ficam, de qualquer das formas, os parabéns.
Em terceiro lugar queria aqui penitenciar-me pelo engano que cometi há alguns dias atrás. Escrevi aqui que o PC iria ter menos votos e, provavelmente, menos deputados. Enganei-me. Não me demito, como o Portas, mas aqui fica a penitência.
Em quarto lugar, gostaria de dizer que me preocupa bastante que perto de 2/3 dos eleitores tenham votado em partidos de esquerda (enfim, está para demonstrar a natureza política do PS, mas essa discussão fica para outra altura). E que o nosso país só pode ser, efectivamente, único: em mais democracia nenhuma trotskistas, maoistas (desculpa lá, MRPP, mas não és o único) e outros 'istas' de igual monta tenham quase 7% dos votos.
AR
Em segundo lugar, gostaria de endereçar daqui os parabéns ao PS pela vitória esmagadora obtida. Embora ache que lhe caiba pouco mérito nisso ficam, de qualquer das formas, os parabéns.
Em terceiro lugar queria aqui penitenciar-me pelo engano que cometi há alguns dias atrás. Escrevi aqui que o PC iria ter menos votos e, provavelmente, menos deputados. Enganei-me. Não me demito, como o Portas, mas aqui fica a penitência.
Em quarto lugar, gostaria de dizer que me preocupa bastante que perto de 2/3 dos eleitores tenham votado em partidos de esquerda (enfim, está para demonstrar a natureza política do PS, mas essa discussão fica para outra altura). E que o nosso país só pode ser, efectivamente, único: em mais democracia nenhuma trotskistas, maoistas (desculpa lá, MRPP, mas não és o único) e outros 'istas' de igual monta tenham quase 7% dos votos.
AR
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
período. de. reflexão
Ainda estou em período de reflexão. Estou indeciso como devo votar. Não em quem. Como sabem, já decidi em quem votar. Ainda sou eleitor no círculo eleitoral de Évora, portanto cedo ao voto útil, de modo a contribuir para a eleição de um deputado consciente.
A minha reflexão prende-se com outra questão, mais formal. Como farei a cruz no quadrado? Com a minha caneta de todos os dias - uma Parker oferecida com muito amor e estima e que serve para as minhas inúmeras assinaturas e rubricas diárias? Ou, muito democraticamente, utilizarei a esferográfica presa com um cordel de sapateiro disponibilizada na urna de voto alentejana?
E como começarei o desenho da cruz? De baixo para cima ou de cima para baixo? E qual a diagonal inaugural da expressão da minha esclarecida vontade? A que une o canto superior direito ao canto inferior esquerdo? Ou, pelo contrário, começo pela que une o canto superior esquerdo ao canto inferior direito? Hã? São questões destas sobre as quais debruçarei a minha reflexão nestas últimas horas.
Um BEm haja para todos e votem BEm.
CC
A minha reflexão prende-se com outra questão, mais formal. Como farei a cruz no quadrado? Com a minha caneta de todos os dias - uma Parker oferecida com muito amor e estima e que serve para as minhas inúmeras assinaturas e rubricas diárias? Ou, muito democraticamente, utilizarei a esferográfica presa com um cordel de sapateiro disponibilizada na urna de voto alentejana?
E como começarei o desenho da cruz? De baixo para cima ou de cima para baixo? E qual a diagonal inaugural da expressão da minha esclarecida vontade? A que une o canto superior direito ao canto inferior esquerdo? Ou, pelo contrário, começo pela que une o canto superior esquerdo ao canto inferior direito? Hã? São questões destas sobre as quais debruçarei a minha reflexão nestas últimas horas.
Um BEm haja para todos e votem BEm.
CC
Período de reflexão
Sofia
quinta-feira, fevereiro 17, 2005
And here comes June, the sun will gonna shine in June, doctor says I'll feel better soon...light therapy
Não sei se é apenas minha impressão mas este ano (2005)ainda não ouvi nada que me enchesse as medidas.
Claro que ainda não tenho este(o meu virá da Amazon Uk. Eu sei, provavelmente já estará à venda numa FNAC qualquer, mas daqui 3 dias já cá canta à velocidade de um click...).
Sofia
assim na terra como nas estrelas
Quer o post do AR, quer um comentário ao da Sofia (a propósito: parabéns), espelham bem o simplismo de arrumar o mundo em "bons" e "maus". Sejam eles, alternadamente, a Igreja Católica, os comunistas, Pedro Santana Lopes, eu sei lá... É evidente que dá jeito em termos de agenda política (Alberto João Jardim sustenta a sua boçalidade há trinta anos cantando essa música), mas para a generalidade das pessoas é uma forma conveniente e simples (porque preguiçosa) de estruturar as ideias.
A vida, o trabalho, a troca de opiniões, os livros, a música, o cinema, e tudo o resto, ajudam a perceber - para quem queira - que as coisas são um bocadinho mais complicadas, um pouco mais matizadas, um tudo nada mais complexas. A Virgem apareceu aos pastorinhos? Provavelmente não. Mas Fátima passou já a um plano espiritual, como dizia há dias o Cardeal Patriarca, para quem queira (ou possa) perceber.
LR
quarta-feira, fevereiro 16, 2005
Sobre Fátima, religião e eleições (audaz!)
Esta segunda postou-se no Barnabé um texto sobre Lúcia de Jesus que recordava o percurso desta freira e questionava se se teria utilizado uma criança (inocente) para criar e alimentar todo o "fenómeno" do santuário de Fátima. O equivalente uma presa política da Igreja Católica. Nos comentários muita gente aplaudiu, avançou com as suas próprias teorias da conspiração, reivindicou a verdade e razão. Eu apontei que no meio de tanta argumentação acusatória, faltava dizer que as freiras, nomeadamente as de clausura, passam o dia a fazer duas coisas simples: a rezar e a contemplar. E que isso não me parecia um atentado à liberdade antes pelo contrário.
Houve quem reagisse bem, houve quem reagisse muito mal, houve muita celeuma. O primeiro comentário que me suscita é que atacar a Igreja é fácil. Traz os seus dividendos. Basta bradar: Inquisição, preservativo, SIDA, homossexuais, todos esses soundbytes que dizem "culpada!". Provoca-me talvez o mesmo tipo de reacção cada vez que remotamente se quer falar sobre comunistas e se começa logo a discussão a bradar Estaline. É o debate sujo à partida porque o argumentário não perdoa (nem avança). E de uma assentada mata qualquer hipótese de colocar outras visões.
Tive formação católica, na escola porque frequentei num colégio católico, durante a adolescência porque pertenci a grupos de jovens, curiosamente não da parte dos meus pais cuja a educação rígida e conservadora do Portugal dos anos 50/60 acabou por afastar (e no entanto agora há uma aproximação). Durante esses anos conheci uma Igreja arejada, de gente esclarecida, onde o diálogo e vontade de progredir era muita. Nunca mais voltei a discutir tanto como naquele tempo. Uma associação de homens (com as suas grandezas e misérias) que mais intervém na área social e que é muitas vezes o único garante de humanidade nas situações mais desumanas. Reconheço que há outras realidades dentro desta Igreja que são retrógadas, conservadoras, machistas, ... A realidade é mais complexa do que algumas linhas possam esclarecer mas tenho a maior admiração por aqueles que entregam a sua Vida em prol dos outros. Por missionários, por freiras, por padres. Isto de ser chamado a viver em coerência com o que se acredita arde. Arde muito. Arde tanto que muitas vezes acabamos por sentir-nos hipócritas por encher a boca de tantas intenções e de nem sequer praticar um terço delas. A mim ardeu demais e vi que era pouco católica, no coração e na intenção (e não na aparência), que aquilo que herdei de criança necessitava de uma opção consciente de adulta. E por isso a minha opção consciente é que este não era o meu caminho. Avancei para outros caminhos.
À minha volta muitos dos meus amigos fizeram essa transição com tranquilidade. São católicos praticantes, mais uma vez repito, arejados.
Dessa homilia muito badalada do padre da paróquia de S. João de Brito parecia que aos católicos só restava votar PP. Aqueles que defendiam a Vida (e eram contra a poligamia parece claro). Ainda este fim de semana o Expresso dava voz a um grupo de católicos que mais uma vez punham a tónica na questão do aborto. Como na Irmã Lúcia é a mais fácil ver as coisas só pelo prisma redutor das nossas crenças.
Há outras opiniões, repito mais uma vez, arejadas. Ponham os olhos no magnífico texto do Miguel Marujo no Terra da Alegria. Ainda este domingo falava com a minha irmã (outra que soube abraçar com tranquilidade uma religião que a enquadra na totalidade) e ela repetia semelhantes palavras: "Se Jesus mais do que tudo sempre esteve do lado dos mais desprotegidos...".
Sofia
Houve quem reagisse bem, houve quem reagisse muito mal, houve muita celeuma. O primeiro comentário que me suscita é que atacar a Igreja é fácil. Traz os seus dividendos. Basta bradar: Inquisição, preservativo, SIDA, homossexuais, todos esses soundbytes que dizem "culpada!". Provoca-me talvez o mesmo tipo de reacção cada vez que remotamente se quer falar sobre comunistas e se começa logo a discussão a bradar Estaline. É o debate sujo à partida porque o argumentário não perdoa (nem avança). E de uma assentada mata qualquer hipótese de colocar outras visões.
Tive formação católica, na escola porque frequentei num colégio católico, durante a adolescência porque pertenci a grupos de jovens, curiosamente não da parte dos meus pais cuja a educação rígida e conservadora do Portugal dos anos 50/60 acabou por afastar (e no entanto agora há uma aproximação). Durante esses anos conheci uma Igreja arejada, de gente esclarecida, onde o diálogo e vontade de progredir era muita. Nunca mais voltei a discutir tanto como naquele tempo. Uma associação de homens (com as suas grandezas e misérias) que mais intervém na área social e que é muitas vezes o único garante de humanidade nas situações mais desumanas. Reconheço que há outras realidades dentro desta Igreja que são retrógadas, conservadoras, machistas, ... A realidade é mais complexa do que algumas linhas possam esclarecer mas tenho a maior admiração por aqueles que entregam a sua Vida em prol dos outros. Por missionários, por freiras, por padres. Isto de ser chamado a viver em coerência com o que se acredita arde. Arde muito. Arde tanto que muitas vezes acabamos por sentir-nos hipócritas por encher a boca de tantas intenções e de nem sequer praticar um terço delas. A mim ardeu demais e vi que era pouco católica, no coração e na intenção (e não na aparência), que aquilo que herdei de criança necessitava de uma opção consciente de adulta. E por isso a minha opção consciente é que este não era o meu caminho. Avancei para outros caminhos.
À minha volta muitos dos meus amigos fizeram essa transição com tranquilidade. São católicos praticantes, mais uma vez repito, arejados.
Dessa homilia muito badalada do padre da paróquia de S. João de Brito parecia que aos católicos só restava votar PP. Aqueles que defendiam a Vida (e eram contra a poligamia parece claro). Ainda este fim de semana o Expresso dava voz a um grupo de católicos que mais uma vez punham a tónica na questão do aborto. Como na Irmã Lúcia é a mais fácil ver as coisas só pelo prisma redutor das nossas crenças.
Há outras opiniões, repito mais uma vez, arejadas. Ponham os olhos no magnífico texto do Miguel Marujo no Terra da Alegria. Ainda este domingo falava com a minha irmã (outra que soube abraçar com tranquilidade uma religião que a enquadra na totalidade) e ela repetia semelhantes palavras: "Se Jesus mais do que tudo sempre esteve do lado dos mais desprotegidos...".
Sofia
Por acaso ...
... já alguém reparou no deserto intelectual que é José Sócrates?
AR
AR
terça-feira, fevereiro 15, 2005
Espera aí...esta não é aquela... a do gajo...ai como é que se chama
Passeio dominical e ouve-se as Quatro Estações de Vivaldi no carro. O Cd vinha incluído com a revista Sábado (passe a publicidade) acompanhado por um libreto detalhado: biografia, enquadramento, explicação dos andamentos, figuras, organigramas, you name it.
A certa altura, lá pelo Outono, Inverno alguém diz:
- Espera lá...esta não é aquela do banco?
E é assim Vivaldi graças ao BES és bué(s) conhecido. Agora que penso no assunto acho que o Boletim Meteorológico já usava uma das estações.
Sofia
A certa altura, lá pelo Outono, Inverno alguém diz:
- Espera lá...esta não é aquela do banco?
E é assim Vivaldi graças ao BES és bué(s) conhecido. Agora que penso no assunto acho que o Boletim Meteorológico já usava uma das estações.
Sofia
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
momento de nostalgia futura
Nunca celebrei o dia dos namorados. Nunca sabemos se o namoro actual vale a pena ser festejado. Só quando o namoro acaba é que podemos avaliá-lo com um grau razoável de certeza. Assim, com o carinho que a solenidade exige, lembro aqui as minhas ex-namoradas, a quem saúdo com um beijo não-especial, um beijo normal, daqueles que se dão às amigas não-especiais. Uma palavra de compreensão e admiração aos namorados das ex-namoradas, aos ex-namorados das ex-namoradas, aos maridos das ex-namoradas, aos ex-maridos das ex-namoradas, aos filhos das ex-namoradas, aos futuros namorados das ex-namoradas, aos futuros maridos das ex-namoradas, aos futuros filhos das ex-namoradas.
Eu estou bem, obrigado.
Ah!, e um beijo especial (agora sim) para ti, minha querida.
CC
Eu estou bem, obrigado.
Ah!, e um beijo especial (agora sim) para ti, minha querida.
CC
Momento de nostalgia religiosa
A irmã Lúcia morreu. Pois. Acontece a muito boa gente. Desde ontem à noite que ouço dizer que morreu uma das figuras mais importantes do Portugal do Séc.XX e da História da Igreja. Pois foi. Associada a uma das maiores fraudes e mistificações de que há memória mas lá que estava associada, isso estava. Se calhar é por isso que muitos partidos decidiram suspender as suas campanhas. Pois. Estão a ver a relação ... partidos ... fraudes ... mistificações ... irmã Lúcia ... Pois.
AR
AR
momento de nostalgia
Raw With Love
little dark girl with
kind eyes
when it comes time to
use the knife
I won't flinch and
I won't blame
you,
as I drive along the shore alone
as the palms wave,
the ugly heavy palms,
as the living does not arrive
as the dead do not leave,
I won't blame you,
instead
I will remember the kisses
our lips raw with love
and how you gave me
everything you had
and how I
offered you what was left of
me,
and I will remember your small room
the feel of you
the light in the window
your records
your books
our morning coffee
our noons our nights
our bodies spilled together
sleeping
the tiny flowing currents
immediate and forever
your leg my leg
your arm my arm
your smile and the warmth
of you
who made me laugh
again.
little dark girl with kind eyes
you have no
knife. the knife is
mine and I won't use it
yet.
Charles Bukowski
What Matters Most Is How Well You Walk Through the Fire (1999)
Sofia
little dark girl with
kind eyes
when it comes time to
use the knife
I won't flinch and
I won't blame
you,
as I drive along the shore alone
as the palms wave,
the ugly heavy palms,
as the living does not arrive
as the dead do not leave,
I won't blame you,
instead
I will remember the kisses
our lips raw with love
and how you gave me
everything you had
and how I
offered you what was left of
me,
and I will remember your small room
the feel of you
the light in the window
your records
your books
our morning coffee
our noons our nights
our bodies spilled together
sleeping
the tiny flowing currents
immediate and forever
your leg my leg
your arm my arm
your smile and the warmth
of you
who made me laugh
again.
little dark girl with kind eyes
you have no
knife. the knife is
mine and I won't use it
yet.
Charles Bukowski
What Matters Most Is How Well You Walk Through the Fire (1999)
Sofia
momento de nostalgia salazarista
Estreou sexta-feira um remake cinematográfico do Carrossel Mágico.
LR
LR
momento de nostalgia gaullista
Os Pequenos Vagabundos já estão em DVD.
LR
LR
momento de nostalgia franquista
Na sexta-feira passada o Joselito fez 62 anos.
LR
LR
sexta-feira, fevereiro 11, 2005
O insulto elevado à categoria trademark
O verdadeiro insulto aprende-se com profissionais.
A biografia está engraçada o resto do site é algo escatológico. Ah e LR isto tem (remotamente) a ver com 2 posts anteriores.
Sofia
A biografia está engraçada o resto do site é algo escatológico. Ah e LR isto tem (remotamente) a ver com 2 posts anteriores.
Sofia
a história repete-se
Ó Sofia, temos que ralhar com os miúdos. Eu estou farto de lhes dizer que não podem chamar nomes um ao outro.
LR
PS: Além disso, tínhamos combinado que este género de m****s ficavam nos comentários.
a guerra é a guerra IV
A propósito do meu último post, o meu amigo CC fez este comentário do mais fino recorte literário: "E o teu amigo Santana, ó palhaço? E o teu muito-amigo Paulinho Portas? E o Bagãozinho, é novo, esse? E o Mogais Sagmento? E...?"
Quem acompanha este blog regularmente sabe, no geral, o que penso de Santana e Portas. Sobre Morais Sarmento, figura secundária, não sei se alguma vez falei (talvez sobre aquela ida a S. Tomé, mas não me lembro e não me apetece agora ir ver).
Quero aqui, isso sim, reflectir sobre o brilhante 'ó palhaço', expressão do mais profundo portuguesismo e que se insere numa vasta família de expressões populares. Vejamos.
A mais bonita de todas, burilada ao longo de gerações, fruto de uma exegese incansável, é o tão nosso conhecido 'ó filho da puta!', que se solta nas mais diversas e variadas situações, dado o seu ecletismo, mas usado com especial frequência quando conduzimos a nossa viatura e alguém executa uma manobra que nos desagrada. Na mesma linha, embora uns furos abaixo, temos o pungente 'ó cabrão!'. O seu uso, também em variadas situações, destaca-se quando pretendemos atravessar uma rua e um condutor mais afoito nos impede de o fazer. Ou então no tratamento amigável com algum amigo que encontramos e cujo cumprimento passa muitas vezes por 'então,cabrão, estás bom?'. Ocorre-me ainda o 'ó corno de merda!', utilizado num registo de insulto, quando pretendemos enervar alguém ou ainda quando, estando enervados nós próprios, nos referimos a um terceiro.
Comparado com estas expressões do mais belo e requintado vernáculo lusitano, devo reconhecer que o 'ó palhaço' com que fui brindado pelo meu amigo CC é de qualidade um pouco inferior. Será, seguramente, um piropo de segunda linha, mais recatado e menos expansivo. Mas, ainda assim, e reconhecendo que o que conta é a intenção, agradeço-o aqui publicamente e de forma sentida.
AR
Quem acompanha este blog regularmente sabe, no geral, o que penso de Santana e Portas. Sobre Morais Sarmento, figura secundária, não sei se alguma vez falei (talvez sobre aquela ida a S. Tomé, mas não me lembro e não me apetece agora ir ver).
Quero aqui, isso sim, reflectir sobre o brilhante 'ó palhaço', expressão do mais profundo portuguesismo e que se insere numa vasta família de expressões populares. Vejamos.
A mais bonita de todas, burilada ao longo de gerações, fruto de uma exegese incansável, é o tão nosso conhecido 'ó filho da puta!', que se solta nas mais diversas e variadas situações, dado o seu ecletismo, mas usado com especial frequência quando conduzimos a nossa viatura e alguém executa uma manobra que nos desagrada. Na mesma linha, embora uns furos abaixo, temos o pungente 'ó cabrão!'. O seu uso, também em variadas situações, destaca-se quando pretendemos atravessar uma rua e um condutor mais afoito nos impede de o fazer. Ou então no tratamento amigável com algum amigo que encontramos e cujo cumprimento passa muitas vezes por 'então,cabrão, estás bom?'. Ocorre-me ainda o 'ó corno de merda!', utilizado num registo de insulto, quando pretendemos enervar alguém ou ainda quando, estando enervados nós próprios, nos referimos a um terceiro.
Comparado com estas expressões do mais belo e requintado vernáculo lusitano, devo reconhecer que o 'ó palhaço' com que fui brindado pelo meu amigo CC é de qualidade um pouco inferior. Será, seguramente, um piropo de segunda linha, mais recatado e menos expansivo. Mas, ainda assim, e reconhecendo que o que conta é a intenção, agradeço-o aqui publicamente e de forma sentida.
AR
a guerra é a guerra III
o meu amigo LR pergunta-me aqui, a propósito desse post, se não me falta designar mais uns quantos alvos (pelo que percebi da pergunta dele).
É claro que falta. Aliás, os que designei eram mais ou menos exemplificativos. Mas posso, evidentemente, alargar a lista.
Por exemplo, posso começar pelo Fernando Rosas e pelas suas diatribes balofas contra o sistema e o não-sistema e o anti-sistema e ... enfim, contra qualquer coisa logo que seja contra. Ou aquele outro senhor de barba amarela que era da UDP, partido aliás digníssimo que recebia nos seus congressos delegados do Partido Comunista Albanês, país tido como uma espécie de Sol do Socialismo. Pois.
Podia depois passar ao PC e aos velhos-novos-assim-assim-de-idade estalinistas-leninistas-marxistas-não-revisionistas , a começar naquele jovem sempre de trombas de quem também não me lembro o nome, que dizem que agora é que vai ser e são precisas políticas de esquerda (talvez uma nova reforma agrária, e a terra a quem a trabalha, e vivam as indústrias pesadas e os estaleiros e o proletariado e o campesinato) e blá, blá, blá, mas que vão ter mais uma vez menos votos que nas últimas eleições e, se tiverem muita sorte, não perdem deputados (mas eu parece-me que não acredito nisso ...).
E acabava nos neo-guterristas (em abono da verdade, nos velho-guterristas), as Estrelas, os Gamas, os Gomes, os Cravinhos e as viúvas (que naquele partido ser-se viúva, pelos vistos, é um posto). Que tão bem governaram este país durante cinco anos e se rasparam quando as coisas começaram a correr mal e quem vier a seguir que feche a porta que a gente está cá é para quando isto tudo melhorar, nem que seja só um bocadinho.
Como vês, LR, há por aqui muito alvo à disposição.
AR
É claro que falta. Aliás, os que designei eram mais ou menos exemplificativos. Mas posso, evidentemente, alargar a lista.
Por exemplo, posso começar pelo Fernando Rosas e pelas suas diatribes balofas contra o sistema e o não-sistema e o anti-sistema e ... enfim, contra qualquer coisa logo que seja contra. Ou aquele outro senhor de barba amarela que era da UDP, partido aliás digníssimo que recebia nos seus congressos delegados do Partido Comunista Albanês, país tido como uma espécie de Sol do Socialismo. Pois.
Podia depois passar ao PC e aos velhos-novos-assim-assim-de-idade estalinistas-leninistas-marxistas-não-revisionistas , a começar naquele jovem sempre de trombas de quem também não me lembro o nome, que dizem que agora é que vai ser e são precisas políticas de esquerda (talvez uma nova reforma agrária, e a terra a quem a trabalha, e vivam as indústrias pesadas e os estaleiros e o proletariado e o campesinato) e blá, blá, blá, mas que vão ter mais uma vez menos votos que nas últimas eleições e, se tiverem muita sorte, não perdem deputados (mas eu parece-me que não acredito nisso ...).
E acabava nos neo-guterristas (em abono da verdade, nos velho-guterristas), as Estrelas, os Gamas, os Gomes, os Cravinhos e as viúvas (que naquele partido ser-se viúva, pelos vistos, é um posto). Que tão bem governaram este país durante cinco anos e se rasparam quando as coisas começaram a correr mal e quem vier a seguir que feche a porta que a gente está cá é para quando isto tudo melhorar, nem que seja só um bocadinho.
Como vês, LR, há por aqui muito alvo à disposição.
AR
quinta-feira, fevereiro 10, 2005
voto útil
a guerra é a guerra II
Devo dizer que concordo com a ideia dos tiros do Gen. Mattis. Aliás, apetecia-me começar já aqui no quintal. Começava pelo Sr. Louçã. Perseguia-o à chumbada, com uma 'pressão de ar' mais potente para o fazer saltar a cada tiro. De cada vez que ele aparecesse, com aquele ar ora paternalista ora desvairado, a soltar bacoradas e parlapatices levava uma chumbada na corneta.
Depois passava para o Sr. do PCP (desculpem, mas agora não me lembra o nome dele). Para esse não podia ser um simples chumbo de pressão de ar: tinha que ser a zagalote.
Finalmente, o Sr. Sócrates. Para esse acho que chegavam uns tiritos de 'paint ball'. De qualquer das formas ele não é bem a sério, parece mais uma imagem holográfica retocada de um outro que, há uns anos, fugiu por causa de um pântano, ou lodaçal, ou lá o que era ...
AR
Depois passava para o Sr. do PCP (desculpem, mas agora não me lembra o nome dele). Para esse não podia ser um simples chumbo de pressão de ar: tinha que ser a zagalote.
Finalmente, o Sr. Sócrates. Para esse acho que chegavam uns tiritos de 'paint ball'. De qualquer das formas ele não é bem a sério, parece mais uma imagem holográfica retocada de um outro que, há uns anos, fugiu por causa de um pântano, ou lodaçal, ou lá o que era ...
AR
quarta-feira, fevereiro 09, 2005
o meu primeiro-ministro
Fernando Pinto, CEO, Tap Air Portugal
Sugiro desmarcar as eleições e nomear administrativamente este senhor, de reconhecida competência, para gerir a coisa. Se ele recusar, podemos sempre tentar o Presidente do Bundesbank, ou do Banco Central Europeu, ou outra pessoa assim a sério.
LR
Sugiro desmarcar as eleições e nomear administrativamente este senhor, de reconhecida competência, para gerir a coisa. Se ele recusar, podemos sempre tentar o Presidente do Bundesbank, ou do Banco Central Europeu, ou outra pessoa assim a sério.
LR
terça-feira, fevereiro 08, 2005
a guerra é a guerra
WASHINGTON (CNN) - A three-star Marine general who said it was "fun to shoot some people" should have chosen his words more carefully, the Marine Corps commandant said Thursday.
Lt. Gen. James Mattis, who commanded Marine expeditions in Afghanistan and Iraq, made the comments Tuesday during a panel discussion in San Diego, California.
"Actually it's quite fun to fight them, you know. It's a hell of a hoot," Mattis said, prompting laughter from some military members in the audience. "It's fun to shoot some people. I'll be right up there with you. I like brawling.
"You go into Afghanistan, you got guys who slap women around for five years because they didn't wear a veil," Mattis said. "You know, guys like that ain't got no manhood left anyway. So it's a hell of a lot of fun to shoot them."
Mattis' press office has not yet responded to a request to answer questions about his comments.
(...)
CC
segunda-feira, fevereiro 07, 2005
pensamento do dia
O destacável do Expresso com a transcrição do debate Santana-Sócrates revelou-se muito útil, pois pisei o que não devia e tive de limpar o sapato.
LR
LR
Tony on the guillotine
Morrissey à revista brasileira Mosh (Setembro 2004), sobre Tony Blair: «Nunca acreditei em uma vírgula do que ele disse. O Partido Trabalhista, na ânsia de depor Thatcher, criou um monstro surdo. Ela pelo menos era um inimigo que você podia enxergar, ela nunca tentou ser hipócrita e se tornar amiga do povo, uma pessoa divertida e gentil. Politicamente falando, a Inglaterra hoje é uma piada em termos internacionais».
LR
LR
quinta-feira, fevereiro 03, 2005
a melhor semana de cada ano
quarta-feira, fevereiro 02, 2005
Rubrica: Eu sei quem sou. Parte III - a menina.
O que mais gosto da minha cabeleireira é o respeitinho com que me trata. Para a Dona Olinda eu sou sempre a "menina Sofia". Faz parte. Para além da massagem capilar são essenciais estas pequenas massagens ao ego. De vez em quando uma das outras cabeleireiras resvala deste habitat tão a meu gosto e começa a puxar a conversa para o tema "filhos". Se é evidente que estou mais perto dos filhos do que dos pais porque insiste em dizer-me "olhe que tem que se apressar"? Umas miradas na revista Telenovelas normalmente surtem efeito e logo passamos para temas mais friendly.
Já tive outras experiências menos felizes. Lembro-me bem duma gaja que teve o desplante de tratar-me por "ó jovem" durante as 2 horas que tive de penar naquele galinheiro. Nunca mais lá pus os pés (nem a cabeça).
Sofia
Já tive outras experiências menos felizes. Lembro-me bem duma gaja que teve o desplante de tratar-me por "ó jovem" durante as 2 horas que tive de penar naquele galinheiro. Nunca mais lá pus os pés (nem a cabeça).
Sofia
terça-feira, fevereiro 01, 2005
Rubrica: Eu sei quem sou. Parte II - o goleador.
«Sou um goleador. Quantos golos vou marcar, não importa", afirmou, convictamente, Delibasic... » (o novo reforço do plantel do Benfica).
Fonte: DN
Se marcar um só golo em toda a época, de facto, é goleador. A ala verde e rebelde do AQC assim o deseja.
Sofia
Fonte: DN
Se marcar um só golo em toda a época, de facto, é goleador. A ala verde e rebelde do AQC assim o deseja.
Sofia
Rubrica: Eu sei quem sou. Parte I - o fenómeno social.
«A edição de Janeiro da revista espanhola "Qué Leer" dá destaque à "escritora" portuguesa Margarida Rebelo Pinto, mas não pelas razões mais recomendáveis.
O colunista Aníbal Lector diz ter conhecido recentemente Margarida Rebelo Pinto num hotel em Espanha, onde a "escritora" terá assegurado que, graças ao seu livro " Alma de Pássaro", "Portugal desatou a ler, porque o mercado cresceu 25 por cento e que ela própria se tinha tornado um fenómeno social e cultural mais importante que os própios livros".
Aníbal Lector termina a crónica pedindo " a quem de direito que crie uma polícia literária que detenha e julgue as pessoas" que fazem declarações deste teor. »
Fonte:Público
Obrigado à Guida que me enviou este pérola (e à outra também por saber quem é).
Sofia
O colunista Aníbal Lector diz ter conhecido recentemente Margarida Rebelo Pinto num hotel em Espanha, onde a "escritora" terá assegurado que, graças ao seu livro " Alma de Pássaro", "Portugal desatou a ler, porque o mercado cresceu 25 por cento e que ela própria se tinha tornado um fenómeno social e cultural mais importante que os própios livros".
Aníbal Lector termina a crónica pedindo " a quem de direito que crie uma polícia literária que detenha e julgue as pessoas" que fazem declarações deste teor. »
Fonte:Público
Obrigado à Guida que me enviou este pérola (e à outra também por saber quem é).
Sofia
revéiôn
Acordei tarde. Dói-me a cabeça. Ainda estou sob o efeito dos excessos de ontem. Valeu bem a pena, no entanto. Festejámos o fim do mês, com a habitual contagem decrescente antes da meia-noite, engolimos à pressa as 28 passas, brindámos ao mês novo, desejámos a todos um excelente Fevereiro de 2005, que seja melhor que foi o Janeiro (e quando alguém gritou e que seja melhor que Fevereiro de 2004! desatámos às gargalhadas). Depois, já noite dentro, começaram as piadas recorrentes: já não te via desde o mês passado, já não janto há um mês, qual é o mês em que as mulheres menos nos chateiam a cabeça? (é Fevereiro, porque tem menos dias), etc, etc.
Só não percebo por que razão hoje, dia de S. Cecílio (ou será da beata Ana Michelotti?), não é feriado.
Um bom Fevereiro de 2005 são os meus votos para todos vós.
CC
Só não percebo por que razão hoje, dia de S. Cecílio (ou será da beata Ana Michelotti?), não é feriado.
Um bom Fevereiro de 2005 são os meus votos para todos vós.
CC
a minha devoção
S. Nuno Assis, padroeiro dos aflitos e dos que têm esperança.
LR
LR